terça-feira, 13 de agosto de 2013
OBRIGADO VITOR GASPAR
Agora percebe-se porque Vítor Gaspar se demitiu naquela altura. Farto de aturar birras rabichas, o homem veio-se embora logo que verificou que tinha deixado aplainado o caminho que se propusera abrir. A coisa não estava certamente ainda como ele queria, mas deixou-a suficientemente encarrilada para justificar perante a troika e a sua consciencia a missão a que se propusera. A prova disto é-nos agora fornecida pelos índices de crescimento do PIB previstos para 2013 e o recuo do desemprego. E não se venha dizer que é resultado da nova estratégia resultante da remodelação governamental, pois entre moções de censura e de confiança, demissões de secretários e compras de novas viaturas para os ministros recém empossados, o novo governo ainda não fez nada. Tudo o que veio a lume é fruto de Gaspar e da sua gente.
Mas por muito optimista que se queira ser, a desestruturação do país continuará enquanto não forem feitas as mudanças estruturais que todos conhecem, mas que fingem não ser com eles. Já o grande Eça dizia, há mais de cem anos, nos seus Maias que "... o portugues nunca pode ser homem de ideias, por causa da paixão da forma. A sua mania é fazer belas frases, ver-lhes o brilho, sentir-lhes a musica. Se for necessário falsear a ideia, deixá-la incompleta, exagerá-la, para a frase ganhar em beleza, o desgraçado não hesita...Vá-se pela água abaixo o pensamento, mas salve-se a bela frase." E mais adiante põe na boca de Carlos esta triste constatação: "Há seres inferiores, para quem a sonoridade de um adjectivo é mais importante que a exactidão de um sistema... Eu sou desses monstros."
Vítor Gaspar é um estrangeirado. Não sofre destas paixões pela forma. Para ele, distinguir o essencial do acessório é coisa natural. Para a troika tambem. Por isso se foi logo que achou já ter feito o essencial para salvar o país. Os outros agora que prossigam com a tarefa. Será que sem ele conseguirão?
ALBINO ZEFERINO 13/8/2013
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