segunda-feira, 7 de outubro de 2019

A VITÓRIA SOCIALISTA



          A vitória socialista de ontem nas eleições legislativas ordinárias que marcaram o inicio da nova legislatura parlamentar para o período de 2019/2023 era já esperada.  Depois da crise no PSD, resultante do exercicio da troika imposta pela governação descuidada de Sócrates, a geringonça daí resultante - obra do táctico Costa - empurrou o eleitorado para a legitimação eleitoral da governação lusitana. Só que a esperada (e desejada) maioria absoluta (à Cavaco) não sorriu ao habitualmente afortunado Costa. Só ganhou relativamente, precisando do apoio parlamentar de outros para que as suas propostas governativas consigam ver a luz de dia.  Uma maioria absoluta teria dado a Costa maior descanso para a conquista do poder absoluto pelo PS. Teriamos porém a completa subjugação aos ditames governativos duma maioria de ressabiados sociais e de invejosos malandros, que pronto abafariam as vontades alheias e os interesses dos outros, para dar lugar a um nacional socialismo encapotado de democrático como Hitler e Staline impuseram aos seus compatriotas, há quase um século. Felizmente que o povo é sábio na sua ignorância e não deixou rédea solta às espertezas dos Costas, Centenos, Césares, Galambas e quejandos, que nos conduziriam certamente para novos abismos à Sócrates.  António Costa saiu vencedor como se esperava, mas vai ter que condicionar o apoio às medidas que pretender implementar no país, a outros com quem terá que as negociar.
         Mas afinal com que é que Costa se irá entender? Com o PC e o BE, como até agora, não creio. O BE (indiscutivel vencedor destas eleições) está cheio de ar e mesmo antes de qualquer eventual abordagem nesse sentido por parte de Costa (seria objectivamente o que a maioria esquerdista do país desejaria) a sua chefe já anunciou uma série de condições para o casamento, inaceitáveis para o PS, o que exclui à partida uma reedição da famigerada geringonça. Tambem relativamente ao PC (que foi, com o CDS, o maior perdedor nesta contenda eleitoral) a geringonça não terá grande futuro, pois Jerónimo de Sousa já encaixou a derrota, atribuindo-a precisamente ao apoio comunista na geringonça.
          Quem serão então os novos pagens do imperador maldito?  Os socialistas, na falta duma estratégia clara de acção governativa (agem tacticamente por impulsos, ao sabor das circunstancias do momento), costumam apregoar os seus méritos num suposto centrismo da politica portuguesa (técnica soarista para distinguir o PS dos verdadeiros marxistas que - dizia ele - eram os comunistas) para se tornarem indispensáveis à governação. E o certo é que têm conseguido. Só com Cavaco é que não estiveram no poder, desde que cá chegaram em 1974. O sistema proporcional de representação parlamentar consagrado na caduca Constituição de 1976, aliado ao velho principio de Hondt para a selecção dos eleitos, não proporciona a formação de maiorias absolutas no nosso parlamento. Por isso temos tido menos governos de maioria absoluta do que têm outros países nossos sócios na UE. Neste contexto, o argumento do centrismo (logo apanhado pelo espertalhão Mário Soares para seu proveito) muito ajudou o PS a manter-se quase permanentemente no poleiro da governação em Portugal, durante este regime constitucional. O PS já esteve coligado com todos os outros partidos parlamentares. Faltam agora os novos. E, a meu ver, será com esses que Costa irá agora contar. PAN e Livre serão os próximos. Mas chegarão? Vamos ainda aguardar a contagem final dos votos expressos para ver.

          ALBINO ZEFERINO                                                                                          7/10/2019