sexta-feira, 27 de julho de 2012

A TEMPESTADE PERFEITA


 Como dizia Marcelo na sua sempre interessante charla televisiva dominical, está a formar-se uma enorme borrasca sobre as nossas cabeças que arrisca a tornar-se numa tempestade de proporções incalculáveis que bem se poderá meteorologicamente comparar a uma tempestade perfeita. Perfeita não pelos danos que poderá vir a causar nas pessoas e nos bens mas pela perfeição de que como fenómeno meteorológico se apresenta. Refiro-me naturalmente à evolução desta crise que não cessa de nos ameaçar, primeiro nas nossas bolsas, depois no nosso modo de vida e agora nas nossas expectativas.
                    A ameaça da saída da Grécia da zona euro por manifesta incapacidade dos gregos darem um rumo ao seu futuro como país inserido na linha da frente da intergração europeia veio trazer grandes incógnitas quanto ao futuro do projecto europeu tal como ele se desenvolveu nas últimas décadas. Pela primeira vez se coloca o problema de um recuo no processo integrador (não meras travagens como até agora se conheciam) que não deixará de abrir as portas a reflexões que em ultima análise poderão pôr em risco a continuidade do próprio projecto comunitário. Sabemos como ingleses e nórdicos em geral nunca aceitaram entusiasticamente esta mistura institucional com povos por eles considerados inferiores, mais próximos da barbárie africana do que da civilização anglo-saxónica. Esta crise que veio dos EUA mas que hoje é mundial entrou descaradamente no continente europeu através da banca da Europa do norte mas foi no sul, mais desprotegido e mais desprevenido, que maiores estragos causou. A situação da banca (e não só) em Espanha é desesperada e ninguem pode antecipar como se resolverá. O que se poderá afirmar desde já sem grande risco de errar é que Portugal, vizinho solitário e intervencionado internacionalmente (antigamente chamava-se protectorado), será seguramente atingido por esta tempestade que se avizinha a olhos vistos.
                    Perante esta ameaça real que enfrentamos, caberá interrogar-mo-nos se faz algum sentido prosseguirmos como se nada de extraordinário se estivesse a passar, discutindo uns com os outros como se estivessemos em campos opostos. Centremos as nossas atenções no cumprimento da melhor forma possivel das determinações da troika para que não sejamos abandonados à nossa sorte como a troika se prepara para fazer com os gregos. Imagine-mo-nos dentro duma traineira (daquelas da Nazaré), com mar encapelado ameaçando tempestade, discutindo com o patrão as orientações deste e não fazendo caso dos cabos que outros navios maiores e mais seguros nos queriam atirar para nos prender a eles, antes preocupados sobre se o patrão da embarcação deveria ter abrandado a velocidade ou guinado mais à esquerda para fugir das vagas ameaçadoras. Como reagiriam os nossos salvadores perante tanta inconsciencia?  Recolhendo os cabos que pretendiam lançar-nos e deixando-nos sucumbir à tempestade perfeita que aí vinha. A barca grega já está a fundar-se. Não deixemos que o nosso arrastão nazareno se afunde tambem. 

                      ALBINO ZEFERINO                     26/7/2012   

quarta-feira, 25 de julho de 2012

PORTUGAL INGOVERNÁVEL

Diz-se para aí que os portugueses são ingovernáveis. Seja que governo for que esteja no poder, parece nunca conseguir cumprir as promessas que fez ao eleitorado que lá o pôs. Por muito boa vontade que os primeiros ministros aparentem em cumprir os programas de governo que diligentemente elaboraram e honestamente apresentaram ao eleitorado, o certo é que até agora nenhum ainda conseguiu cumpri-los. Sócrates não conseguiu, Guterres tão-pouco, Cavaco nem falar, Barroso fugiu de vergonha de não conseguir e Passos ainda menos consegue. De Soares e dos anteriores nem vale a pena falar pois nenhum desses fez ideia do que era governar ou dirigir um país.
                    Será culpa exclusiva deles? Será que os ministros serão todos corruptos como diz o Januário? A culpa é toda da Intersindical que, desesperada, prefere a politica da terra queimada à cedência nos seus anquilosados principios? Não creio. Desde Viriato que os lusitanos arranjaram fama de empedrenidos reagentes às mudanças que o desenvolvimento acarreta. Desconfiados de tudo e de todos, com uma dose de manha entranhada no seu ADN árabe-judaico e um cinismo subserviente muito do agrado dos estrangeiros, os portugas são um povo relativamente homógeneo que só agora começa a sentir os efeitos das misturas étnicas e do intercambio de ideias que a civilização global trouxe para Portugal. Às experiências ultramarinas a que a nossa história e a nossa geografia nos obrigaram sucedeu uma repentina e quase abrupta invasão de novos métodos de trabalho e de novos paradigmas oriundos do Leste aos quais a nossa famigerada idiossincrasia inconscientemente reage. Nisso somos conservadores. Nas ideias não. Aceitamo-las imediatamente com entusiasmo infantil e optimismo primário para depois  as recusarmos com sobranceria bacoca quando sentimos que os nossos interesses pessoais possam de uma ou de outra forma vir a ser afectados. Somos um povo ao mesmo tempo simples e complexo, dificil de contentar mas generoso com o seu próximo, dogmaticamente intransigente mas inconscientemente permissivo, desejamos simultaneamente ter sol na eira e chuva no nabal. É com esta gente que Passos tem agora que governar. Porque malgré tout, ainda não começou a governar a sério. Senão vejamos.
                    O famoso memorando da troika tem umas boas dezenas de páginas mas apenas um objectivo: diminuir os gastos do Estado. E onde é que o Estado mais gasta? Em excessos. Excesso de pessoal, excesso de funções, excesso de empresas publicas, excesso de atribuições, excesso de regalias, excesso de tarefas, etc. etc. E o que tem feito o governo para reduzir estes excessos? Eu diria que muito pouco. O pessoal do Estado foi reduzido em 17% quando se sabe que 3/4 das despesas do Estado vão para salários. Terá sido suficiente? Não creio, sobretudo considerando que a maioria desses 17% eram funcionários à beira da reforma a quem foi facilitado o acesso à mesma. E quantas empresas publicas com os seus inflacionados quadros de pessoal e os seus gestores politicos foram extintas? Nenhuma direi eu. E empresas municipais? Nenhuma. E já foi iniciada uma reforma do Estado? Não me apercebi. Quantas autarquias foram extintas? Com que critério? Nenhuma. Será que todos os 230 deputados têm trabalho parlamentar útil? Ou mesmo algum? A Constituição prevê um minimo de 180 deputados. Haverá alguma intenção de reduzir o seu actual numero? Desconheço. Quantos assessores tem o Presidente da Republica? 100, 200, 300? Ninguem sabe. Se calhar ele tambem não. Para as funções que lhe estão cometidas serão todos necessários? Não creio. Para que serve a televisão do Estado? Antes do cabo ainda se percebia que sem ela era mais dificil passar mensagens ao povão. Já Marcelo Caetano percebera isso em 1968. Mas hoje para que serve? Para alimentar os egos e as bolsas de umas centenas de pessoas à custa de todos. Será isto aceitável em plena recessão económica? Não creio. Quantos funcionarecos do Estado têm direito a carro, motorista, telefone e cartão de crédito pago pelo erário publico? Centenas? Milhares? E quantas secretárias de ministros são conduzidas por motoristas às ordens desses ministros. Quantas filhas, mulheres, amantes, sobrinhos, sobrinhas, vizinhos e amigos de ministros beneficiam de regalias que nem sequer os ministros deveriam beneficiar nestes tempos de apertada crise? Eu diria que alguns milhares.
                         E as famigerdas PPP? Já alguma foi revista? Qual? A da Brisa? Ou terá sido a da Lusoponte? Ainda não. E as da saúde? Espirito Santo, Mello e Cia? Pela qual começar? Lá iremos, promete o Álvaro que já parece mais portugues do que canadiano. E os subsidios estatais às empresas que foram do Estado e que entretanto foram privatizadas mantendo os seus gestores que antes eram publicos e que hoje são privados (ou seja, fazem o que querem e como querem) atribuindo-se a si próprios chorudos ordenados e escandalosas benesses à custa dos subsidios que o Estado continua a conceder-lhes com a desculpa de que prestam um serviço publico (EDP, REN, Sines, Alqueva, Galp, EPAL ,EPUL, etc, etc.). E as famosas Estradas de Portugal, buraco imenso de dimensão incalculável sustentado pelo tão escrutinado orçamento do Estado? E os bancos em dificuldades, coitados? Alguém sabe se algum deles abriu falência como em Londres, Paris ou Madrid? Vade retro, diz Gaspar no seu linguarejar espaçado. Em Portugal há o risco sistémico. Não se esqueçam da lição do Teixeira dos Santos quando nacionalizou o BPN. Ainda hoje estamos para saber quanto aquilo nos vai custar.
                      Um breve e superficial exame da execução orçamental recentemente publicada nos jornais indica que só uma rubrica foi positiva. Ou seja, das receitas do Estado, só o IRS subiu. Significa isto que tem sido à custa dos contribuintes directos (daqueles que pagam IRS) que o governo tem conseguido manter toda esta malta. Será isto justo? Não creio. Se o governo pretende continuar por mais algum tempo em funções (pelo menos até ao fim do programa da troika) então terá que arrepiar caminho. E muito em breve. Não é batendo sempre nas mesmas teclas já cansadas de tocar que a melodia sai mais afinada. Chegou a altura de começar a reformar a sério pois, como o povo diz na sua ancestral sabedoria, sem partir os ovos não se podem fazer omoletas. 

                                             ALBINO ZEFERINO dixit em 24/7/2012  

O DESMEMBRAMENTO DA EUROPA

Com o anúncio ontem feito pelo FMI às instâncias comunitárias de que iria cessar os pagamentos periódicos à Grécia do empréstimo feito por esta no quadro do memorando de entendimento da troika com base na incapacidade grega no seu cumprimento, determinando o abandono grego do euro e antecipando a falência do país, iniciou-se o processo desintegrador da ideia de construir uma Europa unida em redor dos mesmos principios lançada há 60 anos no rescaldo da 2ª guerra mundial, que quase destruiu o continente e aniquilou centenas de milhares de vidas e de lares. Já na passada semana, Cameron, antecipando este movimento, manifestara a Hollande, em Londres, de que a Grã-Bretanha se preparava para abandonar a Comunidade europeia, depois de no último Conselho europeu ter recusado participar no esforço colectivo de salvação do euro.
                     A gota de água que fez transbordar o copo foi a constatação da situação de desespero financeiro em que o novo governo espanhol encontrou o país, afogado em dívidas e incapaz de reformar o seu sector financeiro. Recusando formular um pedido de ajuda internacional semelhante ao grego e ao portugues (de resto impossivel de garantir dada a extensão dos recursos que exigiria) os espanhois vieram colocar um ponto final no esforço desesperado com que FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu ensaiavam, sem verdadeira convicção, salvar a Europa do descalabro que a crise financeira global criara no continente europeu. As diferentes visões com que FMI e BCE encaravam os vários programas de apoio às economias em dificuldades tornaram cada vez mais dificil a definição de uma estratégia global de salvamento economico-financeiro do euro, ainda em fase experimental após 15 anos de vida.
                     A Comunidade europeia foi concebida como um processo integrador em permanente desenvolvimento, com avanços e recuos lentos (feito por vezes até a velocidades distintas) onde o euro constituia um motor fundamental de aproximação das economias dos vários Estados Membros, que, uma vez posto em causa, irá determinar uma paragem abrupta do  processo de desenvolvimento europeu e quiçá comprometer o projecto por muito tempo. O regresso definitivo às moedas nacionais (progressivo ou abrupto, logo se verá) terá consequencias fatais para os países mais débeis, como Portugal, que, privado de uma moeda comum, muito dificilmente se irá aguentar sem sobressaltos no mundo globalizado de hoje. Com uma economia fortemente dependente das trocas exteriores, Portugal (e outros) deixará de poder contar com os apoios internacionais de que hoje beneficia por pertencer a um clube de ricos para passar a contar exclusivamente com os seus próprios recursos que, como todos temos a noção, são escassos e limitadores de um desenvolvimento económico e social ao qual nos habituamos desde há já longos anos. 
                     Apesar de podermos continuar como membros da Comunidade europeia (não creio que a instituição acabe como tal, nem que Portugal se veja forçado a sair) passaremos a constituir um Estado limitrofe, fortemente dependente dos interesses alheios e sujeitos às contingências do momento, sem defesas e sem estratégia própria de desenvolvimento. Verificar-se-à um crescente abandono de cérebros, um aumento generalizado da pobreza (própria e alheia) e a continuada hemorragia de empregos, substituidos por actividades pontuais marginais, como a produção de bens artesanais não indispensáveis e a ausencia de investigação cientifica de ponta. O turismo será sempre uma actividade lucrativa mas tambem reduzida às excursões para reformados das classes mais baixas ou à promoção de eventos de massas (concertos de rock, encontros de motards ou campeonatos de surf). A emigração das classes trabalhadoras aumentará e teremos mais africanos, brasileiros, asiáticos e pessoal do Leste que virão à busca de sol e de civilização que não encontram nos seus respectivos países. A criminalidade aumentará e a desorganização social tambem. Os ricos deixarão de existir e torna-nos-emos numa Cuba da Europa. Passaremos a comprar nas lojas dos chineses e a abastecer-mo-nos nos mercados locais (os supermercados transformar-se-ão em grandes souks como no norte de África). Diminuirá a circulação rodoviária e passaremos a viajar mais de autocarro (cheios, mal-cheirosos e sem horários) como em África. A av.da Liberdade será privatizada e vendida aos angolanos. Os serviços publicos e as escolas funcionarão esporadicamente e o SNS acabará. Assim será o Portugal do futuro numa Europa desmembrada. 

                                                         ALBINO ZEFERINO                               22/7/2012

terça-feira, 17 de julho de 2012

A EUROPEIZAÇÃO DA CRISE


 Muito se tem falado das dívidas publicas dos Estados e das formas de as combater sem fazer ideia do que falamos. Os Estados são como as empresas e estas são como as pessoas. Com defeitos, com vícios e com dívidas. Sem dinheiro nada se pode fazer senão viver da caridade. É preciso dinheiro para comprar aquilo de que necessitamos e é preciso dinheiro para investir naquilo de que vivemos. Se não temos dinheiro vamos pedi-lo emprestado. Para isso servem os bancos cujo negócio é precisamente esse: emprestar dinheiro. Se os bancos porém emprestam o dinheiro que não é seu (mas dos depositantes) sem se assegurarem da possibilidade do devedor pagar as suas dívidas, então o sistema entra em crise. E é por isso que Portugal está em crise. 
                    Na onda dos investimentos resultantes da entrada dos fundos estruturais comunitários em Portugal, viveu-se a chamada época doirada do século XX. Isso já tinha acontecido no período da descoberta do oiro no Brasil e antes ainda na época dos Descobrimentos. Porém, tal como então, depois da fartura veio a fome. Desaparecido o dinheiro comunitário a fundo perdido, os portugas, habituados à vida fácil, começaram a acorrer aos bancos que, tambem mal habituados a tanto dinheiro que circulava, emprestavam a torto e a direito sem cuidar de verificar se os credores tinham possibilidade de pagar as dívidas que alegremente contraíam. E assim veio a crise. De repente, sem avisar, tal como a doença que insidiosamente se instala no corpo do doente sem prevenir.
                    Preocupados com o risco sistémico (sempre ele) os nossos companheiros do euro logo acorreram com dinheiro que emprestaram, mas desta vez na condição de o pagarmos, assegurando-se através de um programa de salvação nacional (é disto que o MoU trata) de que fariamos as reformas necessárias para endireitar o país e assim criar as condições para esse pagamento se realizar. Outros países beneficiários dos fundos a fundo perdido (Grécia, Irlanda) já tinham dado sinais de descontrolo e outros ainda (Espanha, Chipre e a sempre descontrolada Itália) ameaçavam seguir-se-lhes. Primeiro a Grécia e agora Portugal começaram a dar sinais de não conseguir cumprir os compromissos da troika, deixando alemães e franceses de cabeça perdida. O que fazer, perguntam uns aos outros assustados: lançar eurobonds mutualizando as dívidas? Não! Respondem Schauble e Merkel; Talvez, dizem agora os franceses pela boca de Hollande. Expulsar os prevaricadores do euro? Nunca, gritam todos em unissono.  E assim chegamos a um impasse com a Espanha agora a marcar o ritmo das preocupações europeias. 
                    Ensaiando uma tentativa de solução globalizada (ou seja, em que todos estejam de acordo) Junker, Barroso, Draghi e Van Rompuy elaboraram um pequeno memorando cuja discussão tem sido empurrada de Conselho para Conselho mas que é, a meu ver, a única hipótese de trabalho possivel. Trata-se de uma espécie de road map onde se prevêm medidas concretas de impacto colectivo que talvez possam (se aceites por todos) servir de base para uma nova Europa, mais integrada, mais solidária e portanto mais forte. Propõem eles:
- a criação de uma supervisão bancária a nível europeu;
- o estabelecimento de uma garantia de depósitos comum;
- passos em direcção à mutualização das dívidas europeias;
- a promoção de um crescimento sustentável, do emprego e da competitividade; 
- e finalmente, o exercício conjunto da soberania nas políticas comuns.
                    Embora o documento aborde temas concretos que pela sua menor profundidade penso possam vir a ser adoptados (supervisão bancária e garantia de depósitos) já a mutualização da dívida ou o exercício conjunto da soberania nas políticas comuns não creio que sejam de fácil implementação. Sem um completo saneamento financeiro dos países intervencionados, não creio que alemães, holandeses, finlandeses e outros estejam dispostos a abrir os cordões às suas bolsas para pagarem os excessos em que países perdulários e desorganizados como a Grécia e Portugal se lançaram nos últimos anos e que deixaram os seus concidadãos a pão e laranjas.

                                                   ALBINO ZEFERINO                      17/7/2012 

segunda-feira, 9 de julho de 2012

FORÇA FORÇA CAMARADA PEDRO, NÓS SOMOS A MURALHA D´AÇO


Ao fim de um ano de ciclópicos trabalhos para tentar pôr ordem nesta casa desarrumada e anárquica, o governo de Passos Coelho enfrenta talvez a maior investida do toiro raivoso e traiçoeiro nesta sua estreia como matador. Sem condições objectivas para combater eficazmente a besta, Passos tem tido a habilidade (e a inteligencia) para dar a volta às diversas investidas que o animal feroz dirige contra si, desde as greves inconscientes e inconsequentes que os raivosos grupos de chocas descontroladas desencandeiam sem pudor, até às decisões atrapalhadas do Constitucional - aborto juridico criado pelos constitucionalistas mirandeses e amaralistas para preservarem as suas importancias para lá dos fogos fátuos da revolução romantica dos militares frustrados - sobre a constitucionalidade dos cortes salarais à função publica, tudo são pretextos para enfraquecer a determinação do diestro no sucesso desta decisiva corrida.
                    O recente anuncio (ainda velado, para ver se pega) da criação de dois grupelhos de esquerdistas desencantados (felizmente que eles nunca se entendem nos pormenores) são tambem e ainda manifestações de desespero incontido dos defensores do impossivel status quo que a encravada revolução gerou e que nos levou, 37 anos passados, a esta situação desesperada em que nos encontramos. Julgando ter redescoberto, cada um por si, o caminho da verdadeira união das esquerdas portuguesas (e elas são tantas e tão nuancées) os nossos heróis, quais chocas tresmalhadas procurando empurrar o toiro bravo para dentro dos curros, anunciam a próxima realização de congressos de ideias requentadas (diz-se que o Soares por lá anda, comprometendo a merecida estátua que à sua morte a população exigirá seja erguida) na intenção de devolver ao povo a soberania que este governo está entregando dia a dia aos nossos devedores. E como se recupera aquilo que eles e os seus inspiradores antecessores delapidaram em obras faraónicas e corrupções sem vergonha? Voltando a roubar? Isso nunca! Passos y sus muchachos não permitirão. O povo simples, sério e sereno estará contigo companheiro. Continua a tua obra com denodo e determinação que cá estaremos para te fazer a estátua que Soares mereceu mas que a sua senilidade está a comprometer. 
                   Força, força camarada Pedro, nós somos a muralha d´aço. 

                                          ALBINO ZEFERINO                               6/7/2012