domingo, 29 de maio de 2016
A PERIGOSA ATRACÇÃO DO ABISMO
Costuma dizer-se quando alguem ou alguma coisa estão a aproximar-se perigosamente duma situação de queda abrupta, que a proximidade do abismo tem poderes atractivos, ou seja, quanto mais próximo algo ou alguem está do abismo, mais facilmente nele cai. É um pouco o que esta politica do actual governo de António Costa parece estar a provocar: uma próxima queda de Portugal no abismo da incerteza e do futuro negro para as nossas vidas e para as nossas expectativas.
Já tenho aqui reflectido acerca dos cuidados que é preciso ter na condução dos destinos dum país ferido, ainda convalescente duma intervenção externa de consequencias socio-economicas mais profundas do que a maioria das pessoas quer acreditar e portanto muito fragilizado para tentativas de experimentação duvidosa e arriscada. A audaciosa experiencia do governo socialista, assente apenas em apoio parlamentar à sua esquerda, não parece ter sido a formula mais sensata para sair deste atoleiro em que inescrupulosos especuladores fizeram cair o mundo civilizado arrastando atrás de si países inteiros, partidos politicos e fortunas sólidas.
O actual figurino politico portugues aproxima-se de outros já experimentados mas em queda acentuada, como o Brasil de Lula, a Venezuela de Chavez ou a Cuba de Fidel, já sem os os carismáticos lideres no poder que deram origem às respectivas experimentações, ao contrário de Portugal que se iniciou nestas lides há escassos 6 meses, pela mão de Costa. Compreende-se que brasileiros, venezuelanos e cubanos tenham desejado pôr em prática doutrinas e promessas demagogicamente atractivas para gente com dificuldades e carências essenciais, mas é mais dificil compreender que um povo europeu, inserido no nucleo duro da União europeia e saido dum dificil periodo de intervenção finaceira externa ainda sem estar completamente estabilizado, possa ter pacatamente aceite um governo esquerdizante contra - natura, quando a maioria do povo tinha obvia e expressamente votado num governo de maioria ao centro.
Esta politica do tem-te e não caias em que Costa e os seus apaniguados apoiantes apostaram para levar o país à glória (o unico objectivo do Jerónimo e das mininas do bloco era pura e simplesmente verem-se livres do Passos e do Portas) está a revelar-se caótica, perigosa e exclusiva (o contrário de inclusiva). Quero com isto dizer que, não é atacando a UE com argumentações falaciosas e até reveladoras duma vergonhosa falta de reconhecimento para com a solidaridade comunitária, que Portugal consegue impôr-se neste cada vez mais competitivo mundo global em que vivemos. Como teria sido possivel evitar a bancarrota total em que o Sócrates e os seus desonestos comparsas nos deixaram com os PEC`s, sem o apoio financeiro que nos permitiu viver até hoje? Seria com o apoio do Brasil e dos seus governantes corruptos? Seria com a ajuda dos padeiros portugueses da Venezuela ou com os voos baratos para Varadero ou com os medicos-operários da universidade de Havana? Não creio, como não creem os nossos amigos europeus.
O remédio está à vista e não é preciso fazer mais experiências. Não é com eleições fora do prazo, nem com manobras amalandradas que conseguiremos endireitar-nos. Precisamos de entrar decididamente numa reforma global do sistema politico portugues, começando pela Constituição da Republica e depois adaptando as leis comuns aos novos preceitos ideológicos nela consignados. A reforma deve ser global e inclusiva, de acordo com as regras consignadas nos tratados europeus (que foram por nós assinados depois de negociações profundas e exaustivas) e visando uma união politica europeia, última aspiração europeia que não deve ser contestada. Quem não estiver de acordo que saia da frente (v.g. Brexit e outros como eles) pois haverá muitos mais que desejam entrar na virtuosa familia europeia e por causa dos eurocépticos não entra. Quem duvida que se a Turquia fizesse parte da UE a questão dos refugiados sirios (e outros) não estaria a ser resolvida de outra forma mais consentânea com os dias de hoje? Quem duvida que se a UE não tivesse tido os problemas derivados das suas hesitações na implementação de politicas sociais europeias, não teria havido espaço para a formação de governos tão à direita como o hungaro e o polaco (e qualquer dia o francês)?
Se quisermos continuar a fazer parte dos países da linha de frente da UE (ou seja, continuarmos a fazer parte do euro-grupo) e com isso beneficiarmos de estatuto de país livre, democrático e desenvolvido, deveremos deixar as fantasias para as franjas da nossa sociedade e concentrar-mo-nos no essencial que é aquilo que a maioria dos protugueses desejam e que acabaram de o manifestar há 6 meses. Independentemente do Costa ou do Silva. O que conta são as intenções e os objectivos. Não engrandeçamos o que não é importante e fixemo-nos no essencial que é manter-mo-nos à cabeça como sempre estivemos durante a nossa história de quase 900 anos de independencia.
ALBINO ZEFERINO 29/5/2016
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