segunda-feira, 24 de setembro de 2018

PORQUE CAIU MARQUES VIDAL?



          Porque foi substituida a Procuradora Geral da Republica? Diz-se que Joana Marques Vidal - a primeira senhora titular de tão polémico cargo - foi a unica procuradora em mais de 40 anos de regime abrilista que teve a coragem de enfrentar os interesses instalados neste Portugal de opereta em que o nosso país se transformou, e que por isso mesmo a substituiram. É verdade sim senhor. Mas tambem é verdade que Marques Vidal perdeu o apoio politico de que gozava desde que Passos Coelho foi comido por António Costa. Fora Passos quem a nomeara na onda reformadora que o possuira desde que a troika estrangeira chegou a Portugal, como consequencia das diatribes socretinas anteriores que quase enterraram o regime. Com as reversões socialistas - truque milagroso que  consolidou Costa no poder - Marques Vidal não teria muitas hipóteses de prosseguir. Os dossiers Sócrates e Espirito Santo e sobretudo o dossier Benfica foram o pretexto para a afastar agora que as eleições se aproximam e os interesses aparecem ao de cima, tornando-se mais óbvios.
          Qual foi então o pecadilho de Marques Vidal, que definitivamente arredou do poder a ultima mohicana do reformismo no Portugal de hoje? Foi o eterno complexo lusitano pelo detalhe, direi eu.  Se Marques Vidal não se tivesse preocupado tanto em conseguir acusações insofismáveis de crimes que entravam pelos olhos de todos dentro - até do Costa, que foi apenas uma vez ao beija-mão socretino à cadeia de Évora (e mesmo assim num fim-de-semana) escondido das televisões - ainda lá estaria cavalgando os mega processos que conseguira heroicamente instaurar contra os próceres do regime. Agora, tal como D.Sebastião, morreu em Alcácer Quibir e dentro de dois dias já ninguem falará da primeira mulher que, contra tudo e contra todos, teve a ousadia de tentar reformar um Estado irreformável por natureza.  Tivesse Joana dado corda ao seu cavaleiro andante Alexandre (o justiceiro do reino) em vez de prudentemente lhe exigir as provas provadas que foram impossiveis de obter (os gajos não são parvos e blindaram tudo o que puderam) dos crimes cometidos à vista de todos e contra todos, outro galo cantaria e a joaninha continuaria a voar. As acusações seguiriam como fosse possivel e os acusadores que se amolassem na busca das provas que a tendenciosa legislação pro-réu em Portugal impõe. Normalmente é em tribunal que os casos se ganham ou se perdem.
          A nova Procuradora vai agora prudentemente desmontar os mega processos instaurados contra Sócrates, Ricardo, Benfica e quejandos e transformar as acusações laboriosamente tecidas pelo famigerado juiz Alexandre em meros incidentes administrativos, deixando aos acusados campo largo para arrastarem os processos até às respectivas prescrições ou permitindo que se defendam a seu beneficio de forma a sofrerem penas menores do que aquelas que as circunstâncias exigem.
          Assim vai a nossa Democracia.

             
                   ALBINO  ZEFERINO                                                                   24/9/2108