quarta-feira, 15 de novembro de 2017

PORTUGAL SEM RUMO


          Ao contrário do que possa parecer as coisas em Portugal não vão assim tão bem como alguns apregoam. O crescimento económico débil (é menor do que a média europeia) afasta-nos da Europa civilizada (que é como quem diz do desenvolvimento consistente) e deve-se sobretudo ao incremento das exportações fruto da acção dos capitalistas nacionais e internacionais que investiram em Portugal (menos levados por patriotismos bacocos e mais por razões de ordem securitária e laboral) do que a qualquer planeamento consistente e eficaz desenhado pelo governo em funções.  Efectivamente, o governo da geringonça (feliz designação com que algum palhaço se lembrou de classificar esta incongruencia politica inventada pelo malandro ambicioso que nos governa) o que tem feito é destruir o rumo a que a troika nos sujeitou para suster o descalabro para onde o ladrão do Sócrates  conduziu o país. Passos Coelho foi apenas o meio disponivel para a troika aplicar a sua receita salvadora (e que infelizmente mesmo assim pouco fez para ajudar neste processo). Tivesse o governo anterior tido mais coragem e determinação nas reformas feitas e nas que deixou por fazer, não teria havido qualquer hesitação do eleitorado em erradicar por muitos e bons anos esta corja socialista dos corredores do poder.
          Portugal tem estado sujeito desde há mais de 40 anos a uma ditadura do proletariado que impede a normal e desejada integração do país no seio do mundo civilizado e desenvolvido que a UE encarna. Desde o PREC (a que o PCP e seus apaniguados nos sujeitaram) que os sucessivos governos portugueses têm empurrado o povo ignorante e crédulo no sentido dum socialismo de alpergata com o enganoso pretexto da prossecução do Estado social, último degrau da etérea felicidade na terra. Não existe em Portugal (como noutros países da nossa esfera de acção) um verdadeiro partido de direita (e muito menos de extrema-direita) defensor da diferença e da verdadeira liberdade de acção que distingue os bons dos maus, os trabalhadores dos perguiçosos, os sérios dos malandros, os melhores dos piores, os inteligentes dos estupidos e os bem intencionados dos mal intencionados. Reger toda a gente pela mesma bitola, como se a igualdade dos direitos e dos deveres fosse um principio sagrado cuja interpretação constituisse um sacrilégio indigno, leva a que o nivel social dos portugueses caia cada vez mais baixo, em vez de subir com o normal desenvolvimento das pessoas.
          A governação dos países ditos civilizados assenta no liberalismo económico e na socialização das tarefas que, apenas sendo do interesse comum, devem caber ao Estado. Os partidos devem distinguir-se ideologicamente entre os que defendem uma maior ou menor intervenção do Estado na vida das pessoas. Estado forte, menos liberdade de acção dos particulares e menor desenvolvimento, à esquerda;  Estado exíguo, mais liberdade de acção individual e maior desenvolvimento, à direita.
          Porém, em Portugal as coisas não são assim. Todos os partidos são de esquerda. Desde os abertos defensores da ditadura do proletariado (os da extrema esquerda e da televisão) até aos ditos do centro (coisa que não existe) defendem o Estado social, inquisidor, regulador, manipulador, espoliador. O partido socialista é liberal nos costumes e social na economia. Dá para os dois lados.
E então o da geringonça é abertamente liberal nos costumes (para agradar aos bloquistas) e declaradamente social na economia (para agradar aos comunistas). É um governo sem norte, sem ideias, confuso, espoliador e cerceador da liberdade de empreender. Senão vejamos.
         Na Educação, defende os professores contra os alunos, a facilitação programática contra o rigor cientifico, a escola publica (a de todos) contra a escola privada (a das elites); no Trabalho, defende o trabalho fixo (privilegia os trabalhadores em detrimento do trabalho) em vez do trabalho flexivel (dá primazia ao trabalho em vez de olhar só para os direitos dos trabalhadores) e preocupa-se mais com os salários minimos e com os contratos colectivos de trabalho em vez de privilegiar a produtividade das empresas; na Saude, defende o SNS facilitando o acesso indiscriminado aos meios de diagnóstico e o acesso às urgencias (sem atender ao aumento incontrolável da despesa publica) contra a saudável concorrencia entre o sector publico (para quem não possa pagar exorbitancias) e o sector privado (para quem queira e possa suportar os luxos); na Segurança social, fixa as reformas, cria os subsidios estatais e o acesso aos beneficios sociais gratuitos sem atender, quer às necessidades das pessoas , quer às disponibilidades do Estado, em vez de programar criteriosamente em função das suas posses e das necessidades dos beneficiários; na Fiscalidade, preocupa-se mais em encontrar esquemas de subtracção de lucros do que no equilibrio entre impostos directos e indiretos, bem como na fixação de grelhas fiscais justas e equilibradas para os diversos graus de contribuintes (é o célebre slogan comunista a funcionar:"Os ricos que paguem a crise").
          Enquanto não acabar este governo espúrio e sem norte, apenas interessado em si próprio e nas benesses que proporciona aos seus boys and girls (agora já mais girls do que boys) não conseguiremos sair da cêpa torta, nem nunca mais progrediremos neste mundo confuso e dificil. Valha-nos a UE e as suas troikas que continuam à espreita para ver se os disparates destes palhaços não os obrigam a cá voltar.

                  ALBINO  ZEFERINO                                                                        15/11/2017

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

ASSIM VAI O MUNDO


          Cheio de tensões e de contradições, o nosso mundo - aquele que conhecemos hoje - lá vai andando ameaçado por trágicas premunições de confrontações avassaladoras mas ainda não definitivas ou fatais para a humanidade. É o Trump e a implicação norte-coreana, é o hipotético regresso de Lula pela incapacidade brasileira de gerar alternativas crediveis, são as sucessivas tentativas nacionalistas de desmantelar a precária Europa que há mais de 60 anos procura uma unidade impossivel, é a imparável afirmação chinesa na crista duma globalização avassaladora, é o Estado islâmico destruidor de civilizações milenares, é a pobre África cada vez mais pobre e mais explorada, são as ameaças ambientalistas do aquecimento global do planeta, é a riqueza mal distribuida e o aumento da miséria e da pobreza, enfim, é o avanço duma civilização preclitante e de contornos indefinidos e contraditórios que baralha as mentes dos homens e cria expectativas de desenvolvimento por vezes ilusórias e enganadoras.  Será o nosso próximo futuro o principio do fim da civilização que conhecemos ou, pelo contrário, a chegada ao mundo glorioso da felicidade suprema?  Eu diria que dependerá da perspectiva em que nos coloquemos e dos olhos através dos quais observemos esse futuro incerto por natureza. Certamente não será nem uma coisa nem outra.

          Faz este ano cem anos que nasceu o comunismo como experiencia politica no mundo. A par do nascimento de Cristo e da Revolução francesa, o comunismo foi o terceiro movimento social determinante para o futuro da Humanidade como hoje a conhecemos.  Com Cristo aprendemos a amar-nos uns aos outros, com a Revolução francesa veio a consciencialização da igualdade entre os homens e com o comunismo nasceu o conceito do poder das massas. Só que a simplificação conceptual que tal análise encerra não é tão linear como parece.  É certo que os tres grandes movimentos sociais estão ligados entre si, pois sem a generalização do Cristianismo não teria havido a Revolução francesa e sem as consequencias desta Lenine não teria conseguido implantar o comunismo na Russia dos czares. Mas tambem é certo que, durante os dois mil anos que decorreram entretanto, muitos outros movimenos sociais se sucederam, todos eles importantes para a formação ideológica do homem e todos eles fonte e origem do poder politico que vigora hoje nas sociedades civilizadas. O humanismo de Thomas More, a lógica de Rousseau e a dialética de Hegel por exemplo, trouxeram fortes contributos à formação do pensamento politico que hoje vigora entre as sociedades democráticas. 

          Ao contrário do comunismo, porém - que caiu estrondosamente com a Perestroika - os fundamentos do Cristianismo e os principios norteadores da Revolução francesa de 1789, estão fortemente presentes nos espiritos e nas almas dos homens de hoje. Não há doutrina politica que não se baseie quer numa quer noutra destas correntes de pensamento e até a dialética hegeliana não desapareceu das construcções filosóficas de algumas dessas correntes de pensamento. Se tomarmos a dialética por exemplo para explicar a evolução do mundo desde o nascimento de Cristo, podemos partir do principio que o império romano foi a tese, as invasões bárbaras a antitese e a criação dos Estados independentes daí decorrentes foi a sintese deste processo. A nova tese, a criação dos Esatdos independentes, daria origem à criação do novo império carolingio que seria a sua antitese, cuja sintese teria sido o desmembramento desse império e assim sucessivamente até ao império austro-hungaro que como tese teve a sua antitese na primeira GGuerra e a sua sintese no tratado de Versalhes que se transformaria por sua vez em tese cuja antitese teria sido a 2ª GGuerra e cuja sintese foi a guerra fria. Esta como tese teria tido a Perestroika como antitese e cuja sintese seria o actual estado de coisas, que transformado em tese tem a globalização como sintese. Transformada esta em tese tem os nacionalismos e a invasão muçulmana da UE como antitese. A sintese ainda está para vir mas não será impossivel de adivinhar: o desmembramento da UE como projecto politico virtuoso que trouxe ao continente destroçado 60 anos de paz e de prosperidade.  Esperemos que assim não seja.

                         ALBINO  ZEFERINO                                                                8/11/2017