quarta-feira, 8 de novembro de 2017

ASSIM VAI O MUNDO


          Cheio de tensões e de contradições, o nosso mundo - aquele que conhecemos hoje - lá vai andando ameaçado por trágicas premunições de confrontações avassaladoras mas ainda não definitivas ou fatais para a humanidade. É o Trump e a implicação norte-coreana, é o hipotético regresso de Lula pela incapacidade brasileira de gerar alternativas crediveis, são as sucessivas tentativas nacionalistas de desmantelar a precária Europa que há mais de 60 anos procura uma unidade impossivel, é a imparável afirmação chinesa na crista duma globalização avassaladora, é o Estado islâmico destruidor de civilizações milenares, é a pobre África cada vez mais pobre e mais explorada, são as ameaças ambientalistas do aquecimento global do planeta, é a riqueza mal distribuida e o aumento da miséria e da pobreza, enfim, é o avanço duma civilização preclitante e de contornos indefinidos e contraditórios que baralha as mentes dos homens e cria expectativas de desenvolvimento por vezes ilusórias e enganadoras.  Será o nosso próximo futuro o principio do fim da civilização que conhecemos ou, pelo contrário, a chegada ao mundo glorioso da felicidade suprema?  Eu diria que dependerá da perspectiva em que nos coloquemos e dos olhos através dos quais observemos esse futuro incerto por natureza. Certamente não será nem uma coisa nem outra.

          Faz este ano cem anos que nasceu o comunismo como experiencia politica no mundo. A par do nascimento de Cristo e da Revolução francesa, o comunismo foi o terceiro movimento social determinante para o futuro da Humanidade como hoje a conhecemos.  Com Cristo aprendemos a amar-nos uns aos outros, com a Revolução francesa veio a consciencialização da igualdade entre os homens e com o comunismo nasceu o conceito do poder das massas. Só que a simplificação conceptual que tal análise encerra não é tão linear como parece.  É certo que os tres grandes movimentos sociais estão ligados entre si, pois sem a generalização do Cristianismo não teria havido a Revolução francesa e sem as consequencias desta Lenine não teria conseguido implantar o comunismo na Russia dos czares. Mas tambem é certo que, durante os dois mil anos que decorreram entretanto, muitos outros movimenos sociais se sucederam, todos eles importantes para a formação ideológica do homem e todos eles fonte e origem do poder politico que vigora hoje nas sociedades civilizadas. O humanismo de Thomas More, a lógica de Rousseau e a dialética de Hegel por exemplo, trouxeram fortes contributos à formação do pensamento politico que hoje vigora entre as sociedades democráticas. 

          Ao contrário do comunismo, porém - que caiu estrondosamente com a Perestroika - os fundamentos do Cristianismo e os principios norteadores da Revolução francesa de 1789, estão fortemente presentes nos espiritos e nas almas dos homens de hoje. Não há doutrina politica que não se baseie quer numa quer noutra destas correntes de pensamento e até a dialética hegeliana não desapareceu das construcções filosóficas de algumas dessas correntes de pensamento. Se tomarmos a dialética por exemplo para explicar a evolução do mundo desde o nascimento de Cristo, podemos partir do principio que o império romano foi a tese, as invasões bárbaras a antitese e a criação dos Estados independentes daí decorrentes foi a sintese deste processo. A nova tese, a criação dos Esatdos independentes, daria origem à criação do novo império carolingio que seria a sua antitese, cuja sintese teria sido o desmembramento desse império e assim sucessivamente até ao império austro-hungaro que como tese teve a sua antitese na primeira GGuerra e a sua sintese no tratado de Versalhes que se transformaria por sua vez em tese cuja antitese teria sido a 2ª GGuerra e cuja sintese foi a guerra fria. Esta como tese teria tido a Perestroika como antitese e cuja sintese seria o actual estado de coisas, que transformado em tese tem a globalização como sintese. Transformada esta em tese tem os nacionalismos e a invasão muçulmana da UE como antitese. A sintese ainda está para vir mas não será impossivel de adivinhar: o desmembramento da UE como projecto politico virtuoso que trouxe ao continente destroçado 60 anos de paz e de prosperidade.  Esperemos que assim não seja.

                         ALBINO  ZEFERINO                                                                8/11/2017

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