quinta-feira, 8 de março de 2018

POLITICAS DEMOCRÁTICAS E DE ESQUERDA


          Desavergonhada e insolentemente vêem-se por essa Lisboa fora cartazes publicitários com apelos às politicas democráticas e de esquerda, como se as politicas de hoje não fossem democráticas nem de esquerda.  A democracia portuguesa está bem definida na Constituição da Republica e a sua aplicação em Portugal nunca foi seriamente contestada desde há mais de 40 anos. Quanto a ser de esquerda é perfeitamente legitimo que, estando um partido de esquerda no poder, as suas politicas sejam de esquerda.
          O que não me parece legitimo é a defesa de politicas de esquerda como sendo as unicas que são democráticas. A malandrice - para não dizer outra coisa que poderia ofender os mais sensiveis - está na conjunção. Se o povo fosse apelado nesses cartazes à defesa de politicas democráricas de esquerda (e não a politicas democráticas e de esquerda) era compreensivel o argumento. Cada um apela àquilo a que acha mais justo. Agora aproveitar o apelo para excluir os seus adversários ideológicos de legitimidade democrática, não lembra ao diabo. Só aos comunistas e aos seus apaniguados, cuja logica assenta num poder exerido tiranicamente, através duma ditadura (a do proletariado) tendente à supressão material e ideológica dos seus adversários. E como pensam assim, agem assim tambem.
          As politicas distinguem-se habitualmente entre esquerda e direita porque inicialmente os britanicos sentaram no Parlamento deles (em Westminster) os conservadores à direita e os trabalhistas (antes eram os liberais) à esquerda, a contar do speaker. O speaker senta-se num dos extremos do rectangulo e dirige os trabalhos. Dá e tira a palavra, controla os tempos das falas, conta os votos, anuncia os resultados, enfim, faz o trabalho não politico. Por isso se chama speaker (aquele que fala) e não presidente, porque não preside a nada. Por cá é ao contrário. O gajo mais importante é o que faz de speaker. Não politica nada, mas dá bocas (fala). Mas alem disso preside ao parlamento (não se percebe bem o que é isso) e, por isso, é o segundo mais importante cá do burgo lusitano, depois do presidente da republica. Pobre país, pobre democracia, pobre politica democrática e de esquerda.

       ALBINO  ZEFERINO                                                                                                  8/3/2018

sábado, 3 de março de 2018

O ESTADO DA ARTE


          A diminuição da qualidade das sucessivas presidencias norte-americanas desde o fim da guerra fria tem vindo a evidenciar o progressivo abaixamento de qualidade das forças armadas dos E.U.A. O aumento do recurso às novas tecnologias para uso militar (drones, armas electrónicas, automatismo das plataformas, possibilidade de uso de armamento quimico e nuclear, etc. etc.) tem vindo a retirar ao factor humano aquilo a que os antigos chamavam de instinto ou vocação militar e colocado nas mãos de "freacks" da electrónica o que dantes era apanágio dos Rambos e daqueles que davam a vida pela Pátria (o que as actuais gerações desprezam e acham até ridiculo).  Estrategas militares como Napoleão, ou até mesmo Eisenhower, já não existem porque (dizem as novas lideranças) já não fazem falta. As guerras de hoje estão circunscritas e a estratégia já não é geográfica, mas ideológica. Ganham-se almas e adeptos através da televisão como se dum vulgar match se tratasse e as verdadeiras lutas são pela sobrevivencia dos empregos e dos estatutos sociais e materiais de cada um.
         Prova disso são o incremento dos acidentes causados por distracção inaceitável dos respectivos utilizadores ou pelo uso desajeitado do material que lhes está confiado (e no qual eles cegamente confiam) -  causas maiores dos desastres com armamento militar -  que comprometem as missões e diminuem os niveis de prontidão das várias forças armadas pelo mundo fora. Não é por acaso que o pacifismo alastrou no mundo e tambem por isso o empenhamento nas missões militares vai escasseando de geração em geração em todo o lado. Veja-se, por exemplo, as causas humanas dos abalroamentos de navios de guerra no mar ou o desleixo em que se encontram o pessoal e os paiois nas unidades militares em terra ou a ocorrência de acidentes com aviões de combate por desgaste de material ou por mau uso dele em voo. As gerações de hoje já não creem que as guerras que interessam sejam travadas entre exercitos ou marinhas. As verdadeiras guerras (pelo bem estar ou pelo sucesso pessoal de cada um) são travadas nas ruas das grandes cidades ou nas televisões generalistas e são conduzidas demagogicamente por politicos de alpercata e de lingua fácil.
          A propagação das armas de dissuasão nuclear e a pulverização do poder militar por vários focos, limitam a possibilidade de confrontações militares de grande envergadura e criam na mente dos homens a sensação de que a vida é eterna mas ao mesmo tempo voluvel. Hoje ninguem se imola pela guerra (a não ser os fanáticos) nem ninguem se oferece para combater (a não ser os indigentes). As forças armadas são uma necessidade (como o hino ou a bandeira nacionais), mas não servem para preservar a independencia dos Estados ou para conquistar territórios ou aumentar o poder. Disso se encarregam os politicos com as suas manhas e negociatas. Toma lá soberania a troco de dinheiro para gastar. As grandes preocupações já não são o dominio territorial ou o controle de partes do mundo. Hoje o que interessa é a influencia. Influencia nos media, influencia na politica, influencia nos negócios. Quem tem influencia é grande e forte; quem não tem é fraco e desprezivel. Isto aplica-se aos homens e aplica-se aos países. As forças armadas são (como se dizia antes) o povo em armas. Se o povo é forte, as suas forças armadas reflectem isso; se é fraco é o contrário.

               ALBINO  ZEFERINO                                                                               3/3/2018