sábado, 23 de abril de 2016

ESTABILIDADE E REFORMISMO OU A REALIDADE ENGANOSA


          Passo a passo o governo de António Costa lá vai fazendo o seu preclitante caminho do tem-te e não caias. Agora com a ajuda interessada (e interesseira) de Marcelo presidente, Costa passou mais um obstáculo: a apresentação ao publico do Plano Nacional de Reformas e do Programa de Estabilidade Financeira. Com a coisa a rodar, a geringonça já pode ir a Bruxelas mostrar os documentos, acenando aos exigentes europeus com o apoio dos jornais, do presidente e dos comentadores televisivos. Teve porem o cuidado de não levar a coisa ao Parlamento, não fossem os esquivos parceiros começar a perguntar-lhe coisas desagradáveis e a pôr em causa o seu apoio formal.
          A estabilidade propugnada no programa assenta no aumento do consumo resultante das devoluções dos cortes feitos pelo governo anterior.  Se não fosse triste, era risivel esta argumentação. Se se espera que o povinho aumente os seus gastos com os tostões que o governo socialista lhe vai devolver em ordenados de miseria, então as previsões são no minimo ingénuas. Como querem estas almas que a produtividade aumente sem que haja investimento macisso nas industrias e nos serviços? Diz quem sabe, que as previsoes do governo são demasiado optimistas e que o programa inclui medidas por explicar, cujos resultados podem não corresponder ao esperado.
         Quanto às reformas anunciadas no plano, a coisa ainda é mais nebulosa. Reformas propriamente ditas não há. O que há é alterações procedimentais, que dificilmente trazem algum beneficio financeiro ao equilibrio das contas do Estado. O funcionalismo publico é modernizado, mas sem despedir ninguem. Quanto se poupará? O numero de alunos por aula é reduzido, mas sem aumento de despesa na contratação de novos professores. Vão ser reduzidos os salários do professorado? O SNS será melhorado, ao mesmo tempo que se reduzem as taxas moderadoras. Onde se vai buscar o dinheiro que necessariamente faltará? Fala-se em democratizar as CCR. O que significará isto? Voltar à discussão sobre as virtudes da regionalização do território?
          Não creio que possa durar muito esta governação fingida, mentirosa e irreal. Não é com mentiras, jogos de cintura ou demagogia enganadora que se governa um país em crise profunda, endividado até aos copos e sem capacidade alguma de manobra nesta borrasca tempestuosa onde navega. Os europeus têm hoje mais em que se preocupar do que no destino radioso deste Portugal à deriva. Tenhamos juizo e não nos deixemos enredar em falácias e em fantasias que distorcem a realidade dura e impiedosa em que vivemos. Sem a prossecução de politicas verdadeiramente reformistas que nos conduzam a uma estabilidade perdida por anos e anos de roubalheiras e de aproveitamentos criminosos, nunca mais sairemos da cêpa torta onde há mais de 40 anos nos fizeram cair.  Valha-nos algum juizo e a determinação de poucos ainda, para nos conduzirem a bom porto. Senão, adeus Portugal!

               ALBINO ZEFERINO                                                                      23/4/2016

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