quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

A ESTRATÉGIA DA ABELHA

Li esta semana no "Economist" que dos 10 países 
que se prevê registem no mundo maior subida do PNB em 2013, quatro são 
de língua portuguesa. Macau em 1º lugar, Angola em 5º, Timor-Leste em 
8º e Moçambique em 10º. Tirando Macau, todos os outros têm petróleo. 
Dir-se-á que a estratégia de aproximação áqueles "irmãos" passaria 
assim mais pela Galp do que pelo MNE. E tomara a Galp cumprir com as 
obrigações de exploração que se comprometeu no Tupi no Brasil, dirão 
os mais cépticos. A mim parece-me contudo que a coisa vai muito para 
além disso. Tratando-se de países em desenvolvimento acelerado, todos 
eles com necessidades básicas por satisfazer, competiria ao governo 
portugues lançar uma campanha activa de aproximação no sentido de 
estabelecer com as autoridades locais (na mesma lingua e seguindo 
procedimentos comuns a todos) protocolos e acordos de cooperação 
reforçada em todas as áreas onde a tecnologia e o know- how portugues 
fosse mais útil às respectivas populações do que as habituais 
encomendas de chave na mão próprias dos processos neocolonialistas 
europeus. 
Num momento em que Portugal atravessa a maior 
recessão vivida no século, onde o desemprego não cessa de aumentar 
(sobretudo nos jovens licenciados), as falências de empresas 
(sobretudo PME´s) não páram, os sacrificios pedidos aos portugueses a 
atingir o nível do insuportável, o que faz o AICEP e o MNE perante 
isto? Não seria de aproveitar esta abertura para criar grupos de 
trabalho interdisciplinares (onde coubessem produtores, distribuidores 
e vendedores de um lado e compradores, distribuidores e consumidores 
do outro) um por cada país visado, coordenados politicamente pelo MNE 
(através do AICEP) e com o apoio das respectivas embaixadas de 
Portugal (que teriam que ser reforçadas em conformidade) que pudessem 
fazer levantamentos concretos e quantificados das necessidades que os 
portugueses pudessem satisfazer nas depauperadas economias daqueles 
países, para depois se estabelecerem os protocolos de cooperação que 
formalizassem e cobrissem juridicamente o que ficasse negociado? Seria 
bom para eles que já nos conhecem e para nós que poderiamos escoar 
mais facilmente os nossos produtos. 
Dr. Portas deixe-se de politiquices caseiras e 
trate de pôr o seu ministério a trabalhar em prol do país e não em 
prol de si próprio e dos seus agentes. Fixe uma estratégia com os 
líderes desses países, articule com eles a melhor forma de cooperar, 
estabeleça os mecanismos para uma cooperação eficaz e produtiva e 
ponha essa malta a trabalhar para justificar o que recebe do orçamento 
do Estado, cada vez mais reduzido e esburacado. 

ALBINO ZEFERINO 
17/1/2013 

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