Li esta semana no "Economist" que dos 10 países
que se prevê registem no mundo maior subida do PNB em 2013, quatro são
de língua portuguesa. Macau em 1º lugar, Angola em 5º, Timor-Leste em
8º e Moçambique em 10º. Tirando Macau, todos os outros têm petróleo.
Dir-se-á que a estratégia de aproximação áqueles "irmãos" passaria
assim mais pela Galp do que pelo MNE. E tomara a Galp cumprir com as
obrigações de exploração que se comprometeu no Tupi no Brasil, dirão
os mais cépticos. A mim parece-me contudo que a coisa vai muito para
além disso. Tratando-se de países em desenvolvimento acelerado, todos
eles com necessidades básicas por satisfazer, competiria ao governo
portugues lançar uma campanha activa de aproximação no sentido de
estabelecer com as autoridades locais (na mesma lingua e seguindo
procedimentos comuns a todos) protocolos e acordos de cooperação
reforçada em todas as áreas onde a tecnologia e o know- how portugues
fosse mais útil às respectivas populações do que as habituais
encomendas de chave na mão próprias dos processos neocolonialistas
europeus.
Num momento em que Portugal atravessa a maior
recessão vivida no século, onde o desemprego não cessa de aumentar
(sobretudo nos jovens licenciados), as falências de empresas
(sobretudo PME´s) não páram, os sacrificios pedidos aos portugueses a
atingir o nível do insuportável, o que faz o AICEP e o MNE perante
isto? Não seria de aproveitar esta abertura para criar grupos de
trabalho interdisciplinares (onde coubessem produtores, distribuidores
e vendedores de um lado e compradores, distribuidores e consumidores
do outro) um por cada país visado, coordenados politicamente pelo MNE
(através do AICEP) e com o apoio das respectivas embaixadas de
Portugal (que teriam que ser reforçadas em conformidade) que pudessem
fazer levantamentos concretos e quantificados das necessidades que os
portugueses pudessem satisfazer nas depauperadas economias daqueles
países, para depois se estabelecerem os protocolos de cooperação que
formalizassem e cobrissem juridicamente o que ficasse negociado? Seria
bom para eles que já nos conhecem e para nós que poderiamos escoar
mais facilmente os nossos produtos.
Dr. Portas deixe-se de politiquices caseiras e
trate de pôr o seu ministério a trabalhar em prol do país e não em
prol de si próprio e dos seus agentes. Fixe uma estratégia com os
líderes desses países, articule com eles a melhor forma de cooperar,
estabeleça os mecanismos para uma cooperação eficaz e produtiva e
ponha essa malta a trabalhar para justificar o que recebe do orçamento
do Estado, cada vez mais reduzido e esburacado.
ALBINO ZEFERINO
17/1/2013
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