terça-feira, 16 de setembro de 2014

O FIM DO CAMINHO


          Com a inesperada demissão da recentemente empossada nova administração do BES, chefiada por um crâneo que afinal não é crâneo nenhum, nem sequer para fazer a liquidação dum banco falido, aproximamo-nos perigosamente do precipicio que constitui a entrega total à estranja do sistema bancário nacional.
          Só angolanos e espanhois se interessam verdadeiramente por aquilo que se passa neste cantinho à beira-mar plantado (como dizia o poeta) embora por razões distintas. Aos espanhois interessa controlar Portugal (e quem controla o dinheiro dos outros controla os outros) por uma questão prática que radica naquilo que prosaicamente se chama o mercado ibérico. Os angolanos querem controlar Portugal, pois assim se tornam eles próprios portugueses, que é como quem diz europeus, membros da UE, com todas as vantagens que isso traz e sem os inconvenientes que continuarão a sobrar para nós (crise, austeridade, reformas, etc.), os verdadeiros, os legitimos portugueses, cidadãos europeus. Diria mesmo que, se não são duas vinganças históricas, assim parecem.
          Ora esse interesse no controle da banca portuguesa reflete-se no interesse, quer do BPI (maioritariamente angolano) quer do Santander (totalmente espanhol), em ficar com os despojos do que outrora era o ultimo reduto da soberania economico-financeira deste país de grandezas passadas e de penas presentes. Provavelmente o BES acabará dividido por estes dois bancos estrangeiros, confirmando a politica salomónica que tem caracterizado este governo liquidatário.
          Dir-se-á que a partir de agora deixaremos de decidir por nós próprios as nossas vidas. Não seria já um pouco assim? Deixará de ser encapotadamente para passar a ser às claras e com maior vexame para nós. Mas não foi assim durante os 80 anos em que os espanhois por cá mandaram? E nós não pusemos e dispusemos dos angolanos durante séculos? Agora vem o refluxo. Ainda podemos fingir que mandamos em Portugal através da UE, mas isso é outra história. Habituemo-nos a aceitar para nosso bem e dos nossos filhos aquilo que outros decidirão por nós. Talvez assim nos possamos endireitar e quiçá um dia possamos (nós já não, mas os nossos descendentes) voltar a gozar duma independência perdida por décadas de arbitrariedades e de má conduta governativa. Haverá motivo para fazer alguma estátua a qualquer dos nossos governantes da actualidade?

                                            ALBINO ZEFERINO                                      16/9/2014

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