sábado, 10 de outubro de 2015

EM POLITICA O QUE PARECE É


          Passada uma semana das eleições continua o impasse. A coligação PSD/CDS ganhou mas não consegue formar governo. O PS de Costa perdeu mas tomou a liderança do processo tentando ganhar na secretaria. Todos os outros não ganharam mas julgam que sim. Cavaco, que dizia estar preparado para tudo, afinal foi apanhado à meia volta e vai ser confrontado com uma hipótese que não previu. Triste fim para um Presidente que esteve no centro do processo politico em Portugal mais tempo do que todos os outros.
          Em politica as coisas nunca são como todos desejamos. A direita que efectivamente ganhou as eleições afinal parece que perdeu e a esquerda que não conseguiu ganhar como esperava, afinal parece que vai ganhar. Passos não tem outro interlocutor para negociar senão Costa, que por sua vez tem Passos, mas tambem tem Catarina e Jerónimo. Costa parece assim ter mais campo de manobra do que Passos para negociar um futuro governo estável. E parece que vai usá-lo. Tudo indica, pois, que a tarefa que Cavaco encarregou Passos de fazer não vai ser possivel concretizar e que Costa (o grande perdedor que parecia ameaçado de evicção), afinal mesmo sem mandato presidencial, vai conseguir realizar. Cavaco vai ser confrontado com um governo PS com apoio parlamentar da esquerda desunida, que afinal parece estar unida. Passos, afinal derrotado, não vai ter outro remédio senão apoiar Costa para que este não fique completamente em mãos revanchistas.
          E a Europa o que dirá a isto? A meu ver, nada. Confrontada com a inevitável invasão pacifica dos pés descalços que não consegue suster e com os avanços nacionalistas em várias frentes que ameaçam a sua união, a UE vai parecer aceitar esta solução em Portugal, cujo futuro governo parece não por em perigo a vontade popular lusitana em permanecer na UE e no euro, que continua a parecer firme.
          O próximo futuro parece assim estar delineado, mas pela negativa. Não sendo aparentemente possivel ao formador Passos conseguir o apoio do PS de Costa a um governo de direita minoritário estável, será o perdedor Costa quem parece ir conseguir apresentar ao atrapalhado presidente, que parecia preparado para todas as hipóteses, um governo chefiado por ele com o apoio da esquerda revanchista anti-capitalista e anti-europeia. Uma espécie de Syrisa ao contrário.
          Não nos iludamos. O que parecia fácil, evidente e aceitável apesar de tudo, parece hoje mais distante. O que à boca das urnas parecia uma vitória, parece ir tornar-se numa derrota e vice-versa. Não será porém nem uma vitória nem uma derrota total ou definitiva. A provável vitória de Marcelo nas presidenciais vai trazer à politica portuguesa um dinamismo que não se via desde os tempos do PREC. Em politica o que parece é.

                       ALBINO ZEFERINO                                11/10/2015

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