quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018
A ASCENSÃO LENTA MAS PERSISTENTE DA EXTREMA DIREITA
Os altos e baixos verificados na constituição do novo governo alemão, que já se arrasta por quase 6 meses, são presságio do desconforto sentido por uma população cada vez mais desiludida pela forma como tem vindo a ser governada em democracia. A procura (quase desesperada) por um governo de coalição ao centro relecte o receio da classe politica alemã no surgimento irremediável da AfD como verdadeira alternativa de governo, fazendo recordar o periodo negro do fim do regime de Weimar e a ascensão abrupta do nazismo ao poder legitimo. Depois foi o que se sabe.
A Alemanha é hoje incontestavelmente o farol onde todos os olhos repousam para fazerem as suas politcas. A Alemanha domina o continente através da UE e o mundo inteiro através do euro. Merkel tem sido eregida em condutora de ideias, seguidora de politicas e salvadora de pátrias. Só que essa percepção de fazer politica está a começar a ser posta em duvida e a ser objecto de captura pelos ideais dogmáticos de certas correntes extremistas que, como cogumenlos, têm despontado nas paisagens politicas de cada vez mais países tradicionalmente democráticos. Veja-se o caso da Polónia, da Hungria e da Austria, paises vizinhos da Alemanha; veja-se a Russia de Putin, que é temido como se de um czar se tratasse; veja-se a ascensão irremediável das extremas-direitas nos países do Benelux; até na Grécia a Aurora Dourada e a Frente Nacional em França agem como alternativas democráticas aos actuais governos em funções; veja-se os EUA onde o partido republicano no poder foi capturado pela extrema-direita caceteira do hinterland americano. Em Itália a Lega Norte cada vez mais se impacienta com os arranjinhos socialistas dos romanos; na Turquia, Erdogan venceu a contra-revolução e está para ficar, enquanto que Brasil, México, Colombia e Argentina voltaram à direita. Enfim, os exemplos abundam e o receio de mudança de paradigma assusta. Só na peninsula ibérica ainda não surgiram manifestações abertas de alternância não democrática para disputar o poder democrático. Mas o previsivel desmoronamento do PP em Espanha e o refluxo da geringonça em Portugal certamente se encarregarão de destapar o manto com que os reaccionários se cobrem à espera dos inevitáveis colapsos dos respectivos governos.
Como será a Europa do seculo 21 e como agirão os nossos filhos e netos quando chegarem ao poder? Será que se contentarão com as disputas eleitorais regulares? Será que continuarão a privilegiar os direitos humanos e os direitos sociais acima dos económicos e do bem-estar? Não preferirão votar (ou simplesmente apoiar) aqueles que lhes proporcionem uma melhor vida imediata relativamente aos idealistas que lutam pela igualdade, pela liberdade e pela fraternidade? Não sei, mas desconfio.
ALBINO ZEFERINO 21/2/2018
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