segunda-feira, 14 de maio de 2012

O FLAGELO DO DESEMPREGO

Não deve haver nada pior do que alguem estar 
desempregado, com familia a seu cargo e sem perspectivas de voltar a 
conseguir um emprego que lhe dê valor à vida e dinheiro para se 
sustentar a si próprio e à familia que criou. Infelizmente são cada 
vez mais no nosso país os casos conhecidos de desempregados 
desesperados. Mas será esta situação irreversível? Não creio. 
O lema do emprego para todos (o chamado 
pleno-emprego) nunca passou de um mito, propalado desde o século XIX 
pelos marxistas para justificar a propagação das teses comunistas pela 
chamada classe operária. Ao apropriar-se da totalidade dos bens de 
produção, o Estado passava a garantir trabalho a todos. Houvesse ou 
não necessidade de trabalhadores neste ou naquele sector produtivo. 
Daqui resultava que o produto do trabalho de cada trabalhador não 
correspondia necessariamente a uma parte do produto nacional, mas a 
uma distribuição arbitrária (porque teórica) desse produto por todos 
os trabalhadores. Não existindo assim correspondencia economica entre 
o que o país produzia e as necessidades de trabalho dos seus cidadãos, 
a falência do Estado era a prazo inevitável. Foi o que se verificou 
com a perestroika que desmistificou as teses comunistas no mundo. 
Dirão alguns que as teses liberais, não garantindo trabalho para 
todos, mas sim apenas para os necessários à produção nacional, tambem 
não garantem a felicidade eterna de todos os cidadãos. É verdade. Mas 
tambem é verdade que quanto mais e melhor trabalhar uma sociedade, 
mais a sua produção cresce e mais trabalhadores emprega. Não será 
assim o desemprego mais um problema do desempregado do que do Estado? 
Explico-me. 
Enquanto os trabalhadores considerarem que o seu 
trabalho é eterno e que lhes pertence por direito próprio (como quem 
compra um bem e o faz seu por esse facto) não será possivel fazer 
progredir uma sociedade neste mundo global cada vez mais competitivo e 
desumano. Considerando-se dono do seu posto de trabalho (qual 
taberneiro detrás do seu balcão) o trabalhador pauta o seu trabalho 
pela sua vontade e não pela necessidade de trabalho que decorre do 
posto que ocupa. Psicologicamente este procedimento deriva do conceito 
de auto-gestão, muito arreigado em Portugal durante o PREC (e depois 
disso ainda) que era considerado uma forma mais humanizada de 
comunismo, inspirada no titismo jugoslavo. Pois é de uma mudança deste 
tipo de mentalidade que os desempregados portugueses precisam. 
O trabalho não é um dogma mas uma necessidade. Sem 
trabalho não há rendimento disponivel nem realização pessoal. Mas cada 
um deve procurar trabalho onde mais falta e não onde mais lhe apetece. 
Esta nova geração, mais instruida do que os seus pais, deveria mais 
facilmente do que eles perceber que o trabalho se procura e que os 
Centros de desemprego apenas estão ali para os ajudar a encontrá-lo. O 
Estado não tem nenhuma obrigação de arranjar empregos onde os 
trabalhadores não são necessarios, pelo contrário deve detectar 
situações de sub-emprego (como por exemplo nos Estaleiros navais de 
Viana do Castelo) onde existem trabalhadores excedentários que impedem 
as empresas de gerar lucros e promover as respectivas reestruturações 
necessárias à manutenção dos postos de trabalho indispensáveis para a 
empresa em questão ser economicamente viável. 
Quanto aos trabalhadores considerados 
excedentários (ou porque têm menos formação, ou porque têm menos 
capacidades, ou porque as suas especialidades deixaram de ser úteis 
pelos avanços das tecnologias, ou por qualquer outra razão) deverão 
reconverter-se, tentando exercer novas actividades em sectores onde 
são mais necessários. Não se diz que os nossos campos estão 
desaproveitados e que por isso somos importadores excessivos de bens 
alimentares? Porque há tantos portugueses a ir para a apanha da 
azeitona em Espanha e para as vindimas na Europa central? Não haverá 
oliveiras suficientes ou vinhas disponiveis em Portugal? E pessoal 
doméstico? Terão as caboverdeanas e as brasileiras açambarcado todas 
as necessidades em pessoal doméstico? E que tal abrir uma lojinha de 
costura ou de retrosaria no bairro? E pescar nas extensas costas de 
Portugal? Porque razão os empregados nos hoteis na Suiça são quase 
todos portugueses? Em Portugal não há hoteis? Ou os brasileiros 
trabalham mais e melhor? Quantos pretos estão desempregados em 
Portugal? Não haverá ainda mais desempregados do que aqui nos seus 
países de origem? 

ALBINO ZEFERINO 
13/5/2012 

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