sábado, 14 de junho de 2014

DO QUE ESTAMOS À ESPERA?


          Agora que o partido socialista se encaminha (prudente e lânguidamente) para uma solução para os seus problemas esturturais (ou seja, para uma mudança de direcção que lhe proporcione um regresso ao poder) já nada justifica que continuemos à espera (como Cavaco pretende) para dar uma solução consistente e definitiva à complexa situação portuguesa, nascida em berço socialista, mal-tratada em sede social-democrata-cristã e vilipendiada por esquerdistas raivosos.
         Que a Cavaco lhe calhe melhor eleições em final de 2015, para assim não ter que atuar mais este bando de corujas gaiteiras em que os politicos profissionais deste país se tornaram, tentando organizar um governo estável depois dumas eleições que não vão servir para nada, só a um mais distraido escapará. Mas à custa de quê? Eu diria que Portugal já não se poderá dar ao luxo de desperdiçar mais tempo (e tempo é dinheiro, ou seja, quanto mais tempo demorarmos a endireitar-nos, mais endividados ficaremos e mais nos custará pagar as dívidas) em joguinhos de interesses partidários (e institucionais: Cavaco quer, governo apoia, oposição reclama, tribunal constitucional decide) senão arriscamo-nos a que nos metam a cabeça no cêpo (como diria Robespierre) e morramos de vez sem dar por isso.
          A partir do outono, teremos novo PS com Costa ao leme, pronto para enfrentar as vagas da governabilidade neste agitado mar da recuperação, mas ainda com a costa distante. Passos e Portas, entretanto, terão todo o tempo do mundo para fazerem as malas, enchendo-as de prebendas e de recordações, antes de serem chutados do poleiro por indecente e má figura.
          Não seria mais avisado que, uma vez Costa alçado, nova Comissão em acção em Bruxelas, coelho esfolado (ou seja, memorando esquecido) nos lancemos, nessa altura sim, num novo ciclo (espera-se mais virtuoso do que o actual) capaz de nos encaminhar decididamente para um final feliz nesta viagem tenebrosa que nos obrigaram a fazer contra nossa vontade e contra os nossos interesses? Para isso o que falta? Falta que Cavaco saia da sua modorra institucional, esqueça os desmaios e justifique afinal o lugar que exerce por nossa conta e com o nosso voto, convocando eleições logo a seguir à consagração do Costa (já com orçamento feito por estes que ainda lá estão) e que se entregue de alma e coração (arriscando novos desmaios, como o soldado arrisca a vida) na busca de um governo de coligação alargada que possa governar sem estorvos constitucionais ou histerias esganiçadas este pobre país periférico mas orgulhoso de pertencer (como dizia Guterres, futuro presidente da Republica, quem sabe?) ao pelotão da frente dos países comunitários. Não somos membros da eurozona? Não assinamos todos os tratados europeus? Não temos o nosso nome ligado ao tratado de Lisboa, ultimo bastião duma união politica ainda não alcançada?
Então porque esperamos?

                                 ALBINO ZEFERINO                              14/06/2014

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