sexta-feira, 6 de junho de 2014

EM POLITICA O QUE PARECE É


          Parece que afinal poderá haver eleições antecipadas em Portugal. Ao contrário do que Cavaco tem vindo a dizer aos seus subditos, de que Portugal é um país normal e civilizado desta Europa em construcção lenta e que o normal é que as eleições decorram nos prazos estabelecidos e não sistematicamente em antecipação por desgaste dos governos em funções (até poderia parecer - diria eu - que os governos portugueses não saberiam governar normalmente), parece que o presidente tem estado em reflexão acerca da forma como deverá justificar ao povinho uma eventual dissolução antecipada do Parlamento, condição necessária para a convocatória das tais eleições antecipadas, que antes não queria. O que se terá passado então?
          O miserável score eleitoral obtido pelo PS nas ultimas eleições europeias (espécie de sondagem oficial para as parlamentares seguintes - que aqui seriam normalmente dentro de um ano) sugere que, com Seguro como chefe, o PS se arrisca a não reconquistar o desejado poder tão cedo. Quando muito uma vitóriazita tangencial que o obrigaria a fazer uma coligação contranatura com os partidos da direita responsáveis (segundo eles) pela desgraça em que os portugas vivem. A solução é correr com Seguro e substitui-lo por Costa, o sebastiânico federador das esquerdas portuguesas (vamos lá a ver quais serão), na esperança de que ele consiga a pontuação suficiente para expulsar de vez os fascizantes Passos e Portas do governo. Porém, entre o querer e o fazer vai por vezes um mundo e após conversações entre facções socialistas constata-se que antes do outono não haverá condições para aplanar convenientemente o caminho para a entrada triunfal do Rei Costa na esfera do poder nacional.  Ou seja, eleições antes de Outubro, não. E mesmo assim a coisa poderia dar bronca com o orçamento para 2015 por fazer (ou feito por outros) e o expectro de um governo por duodécimos no horizonte.
          Mal por mal (pensa Cavaco) o melhor será antecipar mesmo as eleições para já (digamos Julho/Agosto), época de férias em que a malta (já com os subsidios recuperados no bolso) se estará a desforrar na praia de 3 anos de contenção e irá faltar à chamada às urnas, dando vantagem aos votantes à direita que se deslocam mais facilmente para votar.  Por outro lado, quanto mais o PS discute sobre a oportunidade (e sobretudo a forma - sempre a forma) de substituir as chefias partidárias (secretário-geral, presidente, direcção nacional, direcções distritais e regionais, apaziguamento dos barões desmontados, etc.etc.) menos confiança vai depositando nas pessoas que meditam para si mesmas no eterno dilema de como poderá o PS governar bem Portugal se não se consegue governar sequer a si próprio? Ou seja, a pequena margem de votos que a eleição europeia deu ao PS a mais do que ao PSD/CDS poderá facilmente ser invertida com a marcação de eleições legislativas antecipadas enquanto os dirigentes do PS não se entenderem. É isto que consta. Será mesmo verdade? Dizem os nossos amigos espanhois: Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay!

                                         ALBINO ZEFERINO                                      6/6/2014

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