terça-feira, 8 de julho de 2014

PORTUGAL E O FUTURO


          Tal como o livro de Spínola anunciava utopicamente uma mudança de regime,tambem a crónica de hoje pretende mostrar que o chamado ciclo da crise está no fim e que novos desafios nos esperam no futuro. Desta crise inacabada (como tudo em Portugal,que começa e nunca acaba) resultou uma indefinição assustadora do nosso futuro colectivo. Terminada oficialmente a austeridade, voltam as reivindicações e as tentativas de retorno à boa vida à custa do Estado, entidade mística e etérea que paira sobre nós qual anjo da guarda para nos proteger e salvar nos momentos piores do nosso devir colectivo. Mas D.Sebastião já lá vai há mais de 500 anos e afinal Jesus só salva os crentes.
          Definitivamente classificados pelos nossos parceiros comunitários como incapazes de nos governarmos a nós próprios, aguardamos impacientes o final do ciclo para constatarmos o que nos espera no horizonte. Entretidos com a refrega socialista (que não é mais do que uma manifestação da rebeldia bacoca que nos vem do Viriato e que o povo consubstanciou no dito: "Agarrem-me que eu mato-o") os tugas lusitanos não perceberam ainda que a caravana está passando por eles enquanto eles ladram uns para os outros. E a caravana europeia chama-se União bancária, ultima tentativa de preservar o menor denominador comum europeu a que se chama euro.
          A crise do BES não é mais do que o canto do cisne da gestão bancária privada, agora que ficou definitivamente demonstrada a incapacidade lusitana de manter o capitalismo de grupo que caracteriza a economia de mercado do séc. 21. Sem parceiros estratégicos, sem investimentos estrangeiros e sem estratégias globais, os portugueses não se mexem, não arriscam, não investem, nem produzem. A derrocada do GES é a terceira derrota sucessiva da gestão bancária privada no Portugal de Abril. A primeira foi o BCP - tentativa corajosa de Jardim Gonçalves e de outros de criarem um grupo bancário privado a nível europeu, mas logo abortada por invejas e excessos cometido pelos próprios, incapazes de suster a ganância dos seus criadores - e que acabou em mãos angolanas. Tal como o BPN que não conseguiu evitar o pior da natureza humana, aindahoje por julgar - e que igualmente caiu para o lado angolano. O resto do sector bancário já está em mãos espanholas. Serão os esrtrangeiros quem definirá no futuro a estratégia desenvolimentista de Portugal no contexto da União europeia.
          E o que poderá acontecer a Portugal neste contexto? Eu diria que o mais natural será o desmantelamento a prazo doEstado portugues como hoje o conhecemos. Não para nos tornarmos na 18ª autonomia espanholacomo alguns receiam e outros aceitam relutantemente. Fartos de autonomias estão eles.Por causa delas está aEspanha em crise. O mais provável será que as autonomiasespanholasconfinantes com o território portugues  se expandam. A Galiza avançará naturalmente até ao Douro engolindo o Porto e o seu vinho e a Andaluzia expandir-se-á naturalmente Algarve dentro até à costa alentejana, deixando para a Extremadura espanhola a Estremadura portuguesa mais as Beiras e o litoral entre o rio Douro e a serra doEspinhaço de Cãoque separa o Alentejo do Algarve e ficando com o porto de Sines e com Lisboa a caminho dos Açores e das Américas. A Madeira é anexada pelas Canárias.

                     ALBINO ZEFERINO                                      8/7/14

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