domingo, 25 de janeiro de 2015
A VOLATILIDADE DO DINHEIRO E A AUSTERIDADE
O dinheiro é volátil por natureza, ou seja, aumenta ou diminui de valor em função das circunstancias. Assim sendo, poderá perguntar-se o que se poderá fazer com a volatilidade do dinheiro para diminuir a austeridade, pois é disso que esta crónica trata. Ao perder valor (com a inflação, com a queda da produtividade, com o abaixamento do preço das matérias primas, etc.) o dinheiro, ou melhor, a moeda a que nos referirmos (no nosso caso o euro) deixa de ser suficiente para comprar aquilo que antes compravamos por determinada quantia. Isto é, os preços das coisas aumentam de valor no sentido inverso à perda de valor da moeda que utilizamos para comprá-las. Um exemplo: um quilo de carne custa X e o meu salário mensal é Y; se o preço da carne aumentar terei que pagar mais salário para adquirir o mesmo quilo de carne que adquiria antes, ficando com menos dinheiro disponivel para outras despesas. Melhor dito: perdi poder de compra (ou seja, qualidade de vida, posses, poupanças, etc.). O inverso tambem é possivel. Se o euro aumentar de valor, as minhas despesas para adquirir os mesmos bens que comprava antes diminuem. Ou seja: ganhei poder de compra (posso comprar mais coisas com a mesma quantidade de dinheiro).
O que tem o governo feito para aumentar o valor do dinheiro que lhe foi entregue (pelos impostos, pelos fundos comunitários, pelos juros que recebe, etc.) quando o euro aumenta ou diminui de valor? Segundo as noticias (ou melhor à ausencia delas sobre este tema) parece que nada tem feito. Mas podia ter usado os meios ao seu alcance para jogar (digo bem jogar pois disso se trata) nas constantes variações do valor do euro (chama-se a isto volatilidade), aproveitando as baixas para trocar por moeda mais forte que depois venderia usando as mais valias para a diminuição da divida ou aproveitando as altas do valor do euro para comprar outras moedas de menor valor que posteriormente venderia quando o euro baixasse de valor. Tudo isto se faz diariamente e tudo isto é previsivel. É preciso é saber. É mais fácil aumentar os impostos indiscriminadamente ou diminuir os apoios sociais sem critério. Contudo o que se pede aos governos é que dêem tudo por tudo para governar bem. Sobretudo em periodos dificeis como o que atravessamos.
Se os governos governassem bem, ou seja, a favor dos governados e não contra eles, seria mais fácil aceitar alguma austeridade sempre necessária em momentos de crise, mas na certeza de que os governos tudo estavam a fazer para evitar sacrificios inuteis dos cidadãos. Se os governos governassem bem não seria necessário estar constantemente a convocar eleições com o pretexto estupido de que o povo é que vai decidir como resolver um assunto que o governo não resolveu mas tinha a obrigação de ter resolvido e não foi capaz de resolver porque foi incompetente. É o que se está a passar hoje na Grécia e é o que se vai passar amanhã em Portugal: eleições legislativas em outubro, presidenciais em janeiro, regionais em março e autárquicas em dezembro. E tudo isto sem que a austeridade diminua. Pelo contrário. Com a queda do valor do euro, vamos passar a ter menos euros para comprar as mesmas coisas que compramos ontem. As eleições servem para refrescar as legitimidades não para passar responsabilidades. Enquanto não aprendermos isto continuaremos a ser explorados por esta corja de bandidos que se denominam politicos e que só estão no poleiro para se governarem a si próprios. Vejam o Sócrates. 7 anos esteve lá o bicho a roubar à descarada. E ainda há quem o queira de volta. É preciso ter lata.
ALBINO ZEFERINO 25/1/2015
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