quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
CHARLES HEBDO
Do Rio de Janeiro onde me encontrava no dia do atentado até hoje tenho vindo a reflectir sobre o que considero ter sido um marco na viragem do século. Só de França poderia tal sinal ter vindo. À semelhança de 1789 e, 200 anos depois, de 1968, temos agora 2015 e a chacina islamista do Charlie Hebdo. A França tem sido pioneira na evoluçâo para a modernidade. Foi a Revolução francesa que trouxe a democracia ao mundo e foi maio de 68 que abriu as portas do marxismo à democracia. Agora a história é outra.
Com 50 milhões de islamistas instalados na Europa, a UE não tem outro remédio que não seja adaptar-se a esta realidade, tal como os americanos se adaptaram ao seu presidente negro. Não é segregando, afastando ou até acirrando os árabes que os europeus (brancos, cristãos e democratas) se vão perpetuar no poder na Europa. A partir da tragédia do Charlie Hebdo que os europeus terão que assumir a partilha do poder com os árabes que acolheram no seu seio e a quem deram vida nas suas maternidades e ensinaram nas suas escolas. A tragédia do Hebdo mostrou que os islamistas não estão dispostos a aguentar mais tempo ser apenas considerados tolerados. Eles são tão europeus (franceses, alemães ou ingleses) como qualquer nativo das Brooklands, do Schleswig-Holstein ou da Normandia e reivindicam o mesmo respeito e os mesmos direitos que os sindicalistas da Renault ou que os agicultores católicos da Borgonha ou do País de Gales.
A partir de agora há que contar com o mundo islamico que é tambem o nosso. A UE de hoje já não é a Europa que se degladiava entre si em 1918 e em 1945, mas sim um conglomerado de raças, de credos e de costumes, todos com o mesmo direito a existir e todos com o mesmo acesso ao poder. Isto é fruto da globalização e da nova civilização, tão presentes noutros continentes mas ainda olhados com desconfiança e temor pelo europeu médio (branco, judeu e conservador). Não é por acaso que o Charlie Hebdo era um antro pequeno-burgues, marxista soixante-huitarde, lançando os seus ataques escondido por detrás de caricaturas agressivas (embora imaginativas e com inegável humor), longe dos confrontos reais na Síria e no Iraque que despedaçam corpos inocentes e vidas humanas sem proveito para ninguem e com completa indiferença pelo futuro da humanidade.
ALBINO ZEFERINO 15/1/2015
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