sexta-feira, 28 de agosto de 2015

AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS


          Embora continue a convicção generalizada de que as presidenciais serão para discutir depois das legislativas,  à medida que o tempo passa as coisas vão-se esclarecendo. A verdadeira corrida começou quando alguma malta socialista, assustada com as posições politicas extremadas defendidas pelo auto-candidato Sampaio da Nóvoa, porpôs a antiga presidente do PS do tempo de Seguro, a simpática e risonha Maria de Belém Roseira, para candidata oficial do partido. O PS está definitivamente dividido ideologicamente, com os velhos marxistas de um lado e os novos fundamentalistas do outro (os chamados sirisas).
          Quem ganhou com esta reviravolta foi a direita. Completamente dividida à partida pelas ambições individualistas de alguns dos seus barões, parecia que a esquerda já teria a eleição no papo desde que surgira a extemporânea candidatura de Sampaio da Nóvoa, empurrado por alguns curiosos e apoiado depois pelos ex-presidentes, em bloco. Com a direita esfrangalhada pelas lutas fratricidas, a esquerda em geral (algum PS e todos os outros à esquerda dele) tinham todas as razões para crer que a eleição de Nóvoa seria um passeio pelo jardim à beira-mar plantado. Ganhariam o Parlamento com Costa e a Presidencia com Nóvoa. Seria um fartar vilanagem.
          Com a desistencia de Santana, a coisa porém complicou-se para a xuxaria. Num gesto aparentemente solidário e patriótico, Santana recuou, deixando campo livre ao candidato mais velho e mais antigo. Não quer morrer antes de tempo, ainda lambendo as feridas que a passagem por S.Bento lhe provocou. Afastado o espectro populista, Marcelo tem agora o caminho livre (Rio prefere esperar pela queda de Passos) para finalmente aparecer em cena num lugar correspondente ao protagonismo de que se arroga desde pequenino.
          Com Marcelo sozinho à direita e com Nóvoa e Belem a disputar a esquerda, é fatal que a coisa só se resolve à 2º volta. E na 2ª volta, Marcelo prefere Nóvoa para combater. Está mais à esquerda que Belém, é mais maçarico do que ela e poderá assim conquistar os votos de que necessita à esquerda para atingir o lugar que sempre ambicionou.
          Deus o guarde!

                           ALBINO ZEFERINO                                                        28/8/2015
         

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

ELEIÇÕES PARA QUÊ?


          Em democracia é suposto haver eleições. Mas para quê? Naturalmente para apurar da vontade popular. E para que queremos nós saber da vontade popular? Para que dela saiam os governantes que vão decidir do nosso destino, como soi dizer-se. Se o poder reside no povo, deve ser naturalmente o povo a decidir quem nos governará e de que maneira o deverá fazer. Mas se a forma e o conteudo da governação nos é imposto por outros que não a vontade popular, valerá a pena perguntar ao povo quem nos deverá governar e de que maneira o deverá fazer? Aqui está o busilis desta magna questão que nos atormenta.
          Tivemos a recente experiencia da crise grega que nos mostrou que, apesar da vontade popular dos gregos que votaram num governo anti-europeu e anti-capitalista para os governar, acabaram vinculados aos ditames da organização donde lhes vem o dinheiro necessário para sobreviver. Chegou-se mesmo ao paradoxo de ser o governo extremista de Tsipras que mais e melhor conseguiu negociar a salvação da Grécia duma bancarrota fatal e incontornável.
          Não serão as eleições apenas um pretexto para mudar os agentes do poder (pois disso se trata) sem revoluções nem agitações e excessos inuteis delas derivados (sabemos bem do que falo) que só perturbam o normal desenrolar dos negócios que no fundo são a máquina que faz andar este mundo (como antes eram as guerras)?
          Mal comparado, será como recomeçar a nova época do campeonato nacional de futebol, onde as regras permanecem as mesmas dos anos anteriores, os clubes os mesmos (com pequenas e insignificantes alterações) e as equipas potencialmnete vencedoras não se alteram. Umas vezes ganha o Benfica, outras o Porto e uma que outra vez o Sporting. O PS é do Benfica (é o maior), o Porto é do PSD (carago) e o Sporting é do CDS (a malta fina). Já pensaram o que seria se as pessoas (fartas do futebol com as suas manhas, arbitragens falsificadas, ordenados excessivos, dopings e vicios escondidos, etc. etc.) deixassem de ir ver os jogos, discuti-los na televisão e nos jornais e mandar essa malta toda às malvas, o que seria de nós? Acabava Portugal.

                   ALBINO ZEFERINO (em dia de reflexão profunda)                24/8/2015

sábado, 15 de agosto de 2015

EUROPA 2020


          Com esta designação 2020 quer-se apresentar a Europa à malta como uma tentativa bacoca (própria dos presidentes da Comissão, este e o anterior) de um projecto de desenvolvimento cool, à la mode, feito por jovens e para jovens, portanto, virado para o futuro.
          2020 é daqui a 5 anos. Será que daqui a 5 anos a Europa estará diferente do que é hoje? Eu diria que sim, mas não como os inventores do programa 2020 vaticinaram. Então como estará a Europa dentro de 5 anos?
          Dentro de 5 anos a crise não terá passado, os bancos continuarão em reestruturação, ainda não se terá crescido suficientemente para descolar e acima de tudo continuaremos ameaçados pela emigração cada vez mais feroz à medida que a ferocidade da guerra donde fogem aumenta. A rebelião siria ter-se-à transformado em guerra aberta contra o Ocidente cristão em consequencia da submissão xiita à pressão sunita dominante. Os russos de Putin são agora os árbitros da contenda substituindo a NATO moribunda, após o incio da presidencia americana de Hillary Clinton. A frente turca estará ao rubro com a resistencia do PKK apoiado pelos sunitas iraquianos e a velha Merkel já nada pode fazer para ajudar Erdogan. A UE continua com os seus Conselhos dedicados à salvação da Grécia, agora comandada por uma coligação mais friendly do que a do Syrisa, mas sem a convicção que as resisitencias de Schauble (já desparecido) lhes incutia.
          O problema maior já não é a Grécia, nem sequer a Espanha que (com Portugal à ilharga), parece ter regressado ao rotativismo politico costumeiro a à lenga-lenga dos subsidios comunitários. O grande problema que a Europa 2020 enfrenta é a invasão descontrolada dos pobres diabos fugidos da guerra provocada por um ISIS sem freio nos dentes (verdadeira 3ª guerra mundial) apoiado por uma Arábia saudida exângue (o preço do barril do petróleo fixou-se abaixo dos 15 dólares) e ciosa de voltar a controlar o Ocidente (sobretudo os EUA) que desde que Hillary subiu ao poder na América e os começou a votar ao desprezo.
          A NATO está em degradação acentuada (embora não declarada) e já nada pode fazer para suster os ataques do PKK apoiados pelos sunitas iraquianos contra a Turquia ameaçada de invasão. Aviões americanos provenientes das bases na Alemanha e na Turquia e dos submarinos nucleares estacionados no mar Egeu e no estreito de Ormuz sobrevoam território turco ao abrigo do artº 5º mas nada podem fazer face à ameaça velada dos MIG russos, que os observam de dedo no gatilho, voando baixinho.
         A emigração extra-europeia em direcção à costa sul da Europa (não só proveniente do Médio-oriente onde a guerra está mais acesa, mas sobretudo do norte de África (Libia, Egipto e Tunisia) onde chusmas de negros da África central se concentram lutando entre si por lugares nas barcaças que não cessam de atravessar o Mediterrâneo) prossegue em ritmo descontrolado. As escaramuças -algumas até violentas registando mortos e feridos - nas fronteiras de Ceuta e de Melilla, opondo guardia civil e emigrantes desesperados, ajudados furtivamente pela policia marroquina, acontecem diariamente. Verificam-se desembarques constantes, já não apenas em Lampedusa mas nas ilhas gregas e no Pireu e até na costa do sol espanhola e nas Rivieras francesa e italiana. Ao Algarve já começaram tambem a aportar algumas lanchas desviadas pela guarda costeira espanhola a partir de Gibraltar, com o beneplácito das autoridades britanicas locais. Já se perdeu a conta às estatisticas da emigração extra-europeia e a ocupação das grandes cidades europeias por esta população é impossivel de conter. Já não se confinam só aos bairros periféricos como dantes, mas os centros de Londres, de Paris, de Madrid, de Milão e até de Berlim regurgitam de vagabundos esfomeados e barulhentos. Os partidos politicos mais radicais já começaram a aproveitar-se desta gente (alguns nem percebem o que se lhes diz) para as manifestações de protesto que constantemente organizam nas ruas das grandes cidades. A vida na Europa deixou de ser agradável para os europeus que cada vez mais emigram para a Austrália, para a Nova Zelandia ou para o Canadá, cansados do desassossego e da insegurança em que a vida na Europa de 2020 se tornou. A UE está a marcar passo desde 2008 e cada vez mais os seus recursos são desviados para os subsidios de desemprego e de carácter social que a população envelhecida reclama e os novos emigrantes exigem. A Europa de 2020 está nas últimas!

                              ALBINO ZEFERINO                                        15/8/2015
         

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O AVISO GUINEENSE


           A inesperada e inexplicável demissão do Primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, pelo Presidente daquela Republica (não das bananas que nem sequer tem, mas de traficantes de droga em que infelizmente se tornou), deixou estupefacta a comunidade internacional que ainda deposita alguma esperança na recuperação daquele antigo território portugues que se tornou, após a gloriosa independencia em 1974 das garras da feroz ditadura colonial lusitana, num entreposto oficial de tráfico de droga a nivel mundial. Após anos de sucessivos golpes de estado e de revoluções palacianas (muitas das quais acabaram em chacinas sangrentas) parecia que a eleição de Simões Pereira (homem culto e viajado) tinha trazido algum juizo àquele povo abrutalhado e primitivo. Mas não. O poder continua a ser ferozmente disputado entre as várias raças que medram naquele território com os olhos (e a ganância própria dos desesperados) postas no controle do rendoso negócio da droga, única fonte de rendimento daquela pobre gente. Controlada pela tropa fandanga herdeira do regime castrense imposto pelos portugueses no tempo da guerrilha, a Guiné-Bissau é hoje um Estado falhado, presa fácil (e útil) dos grandes tráfegos internacionais da droga, onde a tropa manda e não permite que outros lhes antolham o caminho do enriquecimento ilicito e imoral.
          O afastamento do reformador Simões Pereira é sinal de que nada mais é possivel fazer para desviar aquela gente do seu trágico destino que será infelizmente o desaparecimento dum Estado que nunca deveria ter visto a luz do dia. Mais uma triste consequencia dos utópicos sonhos abrileiros que conduziram Portugal e os seus territórios ultramarinos para a desgraça colectiva em que se tornaram. Não fora o internacionalismo comunista (entretanto desmascarado) e nada disto se teria passado. Portugal teria evoluido naturalmente para uma democracia europeia (sem os sobressaltos que Otelos, Gonçalves e Cia nos impuseram) evitando intervenções externas e submissões vergonhosas aos ditames de outros e Angola, Guiné e Moçambique não teriam passado pelas guerras civis pós-independencias que os destruiram e os transformaram em campos de batalha pela conquista do poder que permitiu a alguns deles controlar os ricos recursos que os seus territórios possuem (petroleo, diamantes, ouro e tráfico de droga).
          Ao menos que mais esta tragédia sirva para abrir os olhos aos portugueses incautos. A preocupação (muito lusitana) de dividir o poder com receio que a concentração dele se torne abusiva faz com que o papel do presidente da Republica tenha um relevo que não deveria ter. A não atribuição ao governo e ao Parlamento da totalidade dos poderes do Estado deixando ao presidente apenas um papel representativo, confere a este uma convicção de arbitrariedade nas suas decisões que pode conduzir a impasses como este que agora a Guiné-Bissau está a sofrer. A ambiguidade da constituição portuguesa (bem como as dos países que falam a nossa lingua, excepção feita ao Brasil) neste particular, confere à eleição do orgão uma importancia que não deveria ter e que por isso torna dificil a escolha do melhor candidato. Para mim o bom candidato é aquele que menos promete e que menos actua, deixando o protagonismo apenas e só para os momentos de crise. E nessa altura as decisões terão que obedecer essencialmente aos critérios do bom senso e da moderação e não a ditames partidários ou ideológicos que incendeiam as mentes e as vontades.

                           ALBINO ZEFERINO                                          14/8/2015

domingo, 9 de agosto de 2015

UM PAÍS SANTIFICADO


          Portugal é definitivamente um país santificado. Desde Santa Engrácia a São Crispim temos santos para dar e vender. Várias SantasMarias(até já temos uma Santa Maria Maior em Lisboa), S.Judas Tadeu, StaFilomena e S. Cristóvão, o dos automobilistas (quem não é?).Da provincia vem-nos S.João e a Senhora de Fátima. Enfim, há santospara todos os gostos e para toda a gente. Contudo nem todos gostam do São Pedro e do S.Paulo. Porquê?
          São Pedro é o representante de Cristo na terrra e São Paulo o seu guia, o seu apoio, digamos mesmo, a sua muleta. É uma parelha de santos que muito têm santificado o país. Salvaram Portugal do diabo da troika e da perdição em que S. José nos metera. Alguns descrentes ainda fazem romarias ao tumulo de S.José em Évora,rezando pela sua redenção sem consciencia do mal que ele fez ao país.
          Surge agora um velho santo com um novo testamento. É o santo António de Lisboa que não sabe se é mesmo de Lisboa ou se afinal é de Pádua. Dizendo-se alfacinha, preconiza teorias novas vindas de fora (da Grécia, não de Pádua) que nos conduziriam à tragédia grega com despesas anunciadas e caminho aberto para novo descalabro.
          Temos ainda o S. Jerónimo (mais conhecido em Espanha onde o seu nome está associado à sede das Cortes na carrera de San Jerónimo) mas mais desacreditado aqui pois defende teorias mortas e enterradas nos restantes países europeus e a Sta Catarina que os lisboetas associam ao belo bairro sobranceiro ao Tejo com raparigas bonitas e desempoeiradas que cantam cantigas de embalar muito do agrado do povinho. Estes são porém santos de segunda que nunca poderão subir aos altares.
          Com todos estes santos bem podemos dizer que somos um país santificado. Mas a santificação não vem dos santos. Vem da Espanha. O facto dePortugal ficar entalado entre esse grande e importante país e o mar não permitirá que os nossos santos (qualquer deles que suba ao altar da glória) se desviem do caminho traçado pela troika (que já cá não está mas que espreita na esquina) com fantasias utópicas que possam influenciar nuestros hermanos nas escolhas politicas que vão fazer em Dezembro. As recentes chamadas de atenção do FMI (muito badaladas e mal recebidas pela imprensa portuguesa) de que não podemos fugir dos nossos compromissos (como alguns desejam e até esperam)são a prova do que aqui digo. Deixemo-nos pois de floriados e aguardemos pacientemente as eleições pois seja qual for o resultado tudo continuará na mesma como a lesma. Portugal não tem importancia no contexto europeu e assim conformemo-noscom a nossa sorte e com o nosso destino de país periferico.

                  ALBINI ZEFERINO                                             9/8/2015