domingo, 9 de agosto de 2015

UM PAÍS SANTIFICADO


          Portugal é definitivamente um país santificado. Desde Santa Engrácia a São Crispim temos santos para dar e vender. Várias SantasMarias(até já temos uma Santa Maria Maior em Lisboa), S.Judas Tadeu, StaFilomena e S. Cristóvão, o dos automobilistas (quem não é?).Da provincia vem-nos S.João e a Senhora de Fátima. Enfim, há santospara todos os gostos e para toda a gente. Contudo nem todos gostam do São Pedro e do S.Paulo. Porquê?
          São Pedro é o representante de Cristo na terrra e São Paulo o seu guia, o seu apoio, digamos mesmo, a sua muleta. É uma parelha de santos que muito têm santificado o país. Salvaram Portugal do diabo da troika e da perdição em que S. José nos metera. Alguns descrentes ainda fazem romarias ao tumulo de S.José em Évora,rezando pela sua redenção sem consciencia do mal que ele fez ao país.
          Surge agora um velho santo com um novo testamento. É o santo António de Lisboa que não sabe se é mesmo de Lisboa ou se afinal é de Pádua. Dizendo-se alfacinha, preconiza teorias novas vindas de fora (da Grécia, não de Pádua) que nos conduziriam à tragédia grega com despesas anunciadas e caminho aberto para novo descalabro.
          Temos ainda o S. Jerónimo (mais conhecido em Espanha onde o seu nome está associado à sede das Cortes na carrera de San Jerónimo) mas mais desacreditado aqui pois defende teorias mortas e enterradas nos restantes países europeus e a Sta Catarina que os lisboetas associam ao belo bairro sobranceiro ao Tejo com raparigas bonitas e desempoeiradas que cantam cantigas de embalar muito do agrado do povinho. Estes são porém santos de segunda que nunca poderão subir aos altares.
          Com todos estes santos bem podemos dizer que somos um país santificado. Mas a santificação não vem dos santos. Vem da Espanha. O facto dePortugal ficar entalado entre esse grande e importante país e o mar não permitirá que os nossos santos (qualquer deles que suba ao altar da glória) se desviem do caminho traçado pela troika (que já cá não está mas que espreita na esquina) com fantasias utópicas que possam influenciar nuestros hermanos nas escolhas politicas que vão fazer em Dezembro. As recentes chamadas de atenção do FMI (muito badaladas e mal recebidas pela imprensa portuguesa) de que não podemos fugir dos nossos compromissos (como alguns desejam e até esperam)são a prova do que aqui digo. Deixemo-nos pois de floriados e aguardemos pacientemente as eleições pois seja qual for o resultado tudo continuará na mesma como a lesma. Portugal não tem importancia no contexto europeu e assim conformemo-noscom a nossa sorte e com o nosso destino de país periferico.

                  ALBINI ZEFERINO                                             9/8/2015

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