terça-feira, 22 de dezembro de 2015

A EUROPA DOS MINIMOS


          De crise em crise a Europa nascida no pós-guerra vem-se tornando numa Europa dos minimos. Da Europa de Gaspieri, Monet e Schumann restam as instituições europeias, transformadas em palácios da burocracia, cheios de gente que pouco faz e muito exige. A Europa de hoje é uma Europa reactiva. Reage em vez de agir. Reage às crises, reage aos fenómenos exógenos, mas já não age. Não cresce, não progride. Longe vão os tempos em que se buscavam politicas comuns, se idealizavam estratégias globalizantes, se assinavam tratados estruturantes. O último, o de Lisboa, redundou num fracasso!
          Não admira assim que venham crescendo os cépticos, os descrentes e os desiludidos com o chamado projecto europeu. A Europa subsiste porque serve de escudo aos problemas, às crises e às tragédias em que o mundo de hoje é fértil. Os países pequenos como o nosso sentem-se mais seguros debaixo do grande chapeu de chuva europeu a que pomposamente (ou ingenuamente) se vem chamando a União europeia. De união só tem as obrigações que nos são impostas em nome do progresso integrador que nunca acaba (sempre há algo que falta e muito há a fazer) e de europeu só tem o nome. Onde começa a Europa? Nos Urais ou no cabo da Roca? E onde termina? Em Israel ou nos Dardanelos? Talvez até em Istanbul do lado de lá do Bósforo, quem sabe? Ou afinal começa em Roma e acaba em Lisboa, passando por Maastricht e por Schengen?
          A Europa de hoje só se move para resolver problemas. É a união bancária em consequencia da crise financeira; é a reforma de Schengen por causa dos refugiados e são os fundos estruturais (a que pomposamente se chama hoje a Europa 20 20) para ir alimentando os pobres do alargamento. De novas politicas comuns, como poderia ser a politica externa, a politica de defesa, a politica ambiental ou até a politica financeira (que não é apenas a união bancária de que hoje tanto se fala), nada!
          Tudo isto provoca no cidadão europeu (aquele que vive na Europa) uma tendência para o disparate. É o disparate dos ataques terroristas, levado pelo desespero do desemprego e da não integração. É o disparate dos votos, com as votações disparatadas nos partidos alternativos que distorcem a realidade politica vigente. E é ainda o disparate da contestação pela contestação que prejudica o normal desenvolvimento social e económico dos países europeus, confrontados com a concorrencia asiática e americana, que mais tarde ou mais cedo destruirá o pouco que a Europa ainda representa.

                        ALBINO ZEFERINO                                                      22/12/2015

Sem comentários:

Enviar um comentário