sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

LIBERALISMO OU INTERVENCIONISMO?


          A recente mudança de governo em Portugal suscitou-me de novo esta duvida existencial que assola em permanência as mentes dos tugas desde que Portugal ingressou pomposa e definitivamente na Europa dos grandes e dos desenvolvidos. Longe já vai o mignon Portugal dos pequeninos, que os amigos de Salazar cinicamente retrataram no jardim conimbricense, para deixar claro que quem mandava era Lisboa e quem mandava em Lisboa era Salazar.
          Afinal o que é que queremos? Continuar a viver protegidos por esse magnânimo, misterioso e omnipresente Estado, que tudo controla mas que nos protege, ao mesmo tempo que decide por nós e nos castiga quando não fazemos o que ele determina, ou, pelo contrário, preferimos decidir as nossas vidas pelas nossas cabeças, votando regularmente em eleições livres e escolhendo o que pensamos ser melhor para nós? Para isso, porem, temos que saber assumir as nossas responsabilidades, não só quando não podemos fugir delas, mas sempre que de nós algo depende. O liberalismo é isso mesmo. É defender a iniciativa privada e a livre concorrencia, opondo-se à intervenção do Estado nas áreas reservadas à livre iniciativa, defendendo a separação dos poderes do Estado consagrados na Constituição. Mas esta liberdade pressupõe aquilo que em Portugal falta: a assumpção da responsabilidade pelos nossos actos.
          O portugues gosta muito de se vangloriar pelos feitos dos outros que ele toma comos seus, mas não é valente. Humilha-se. O portugues acobarda-se depressa perante os revezes da vida e foge facilmente das dificuldades que se lhe apresentam pela frente. É manhoso. Não prevê, não programa, não planeia a sua vida. É rebelde. Não sabe gerir nem decidir por si próprio. Precisa sempre de quem lhe assopre ao ouvido. Não é firme. É impiedoso com os fracos e submisso com os fortes. É desorganizado e perguiçoso, inculto e apaixonado. Não admira pois que, deixado à solta, o portugues se torne corrupto ou déspota. Foi esta alma lusitana que o anterior governo destapou com as politicas liberais que implementou à força da troika.
          Incapazes de reagir às vicissitudes impostas pelo governo liberal, os tugas sentiam-se aperreados por programas politicos e sobretudo económicos e financeiros importados da Europa civilizada, mas desadequados ao seu espirito irrequieto e desorganizado. O resultado está à vista. Novo governo minoritário com apoios espurios e com fim à vista. Como será possivel reconstruir o Estado omnipotente que tudo dava e tudo protegia, se a desorganização financeira do país chegou ao estado em que está? Onde vai o governo buscar dinheiro para aumentar os salários, as pensões, os abonos e os subsidios? Ao défice e à divida que tanto esforço custaram aos tugas para controlar. E como fazer crescer o país sem dinheiro para investir e sem investidores para investir?
         Receio o pior!

                            ALBINO ZEFERINO                                              25/12/2015

1 comentário:

  1. Exposição impiedosa e demasiado pessimista. Há que acreditar mais num povo com 900 anos, credo. Não somos perfeitos mas tão maus tambem não. Vê-se que o amigo Albino andou por fora muito tempo.

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