sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017
A INCOMPREENSIVEL COMEDIA DO BODE EXPIATÓRIO
Portugal é hoje pouco mais do que uma ópera bufa. A comédia gerada à volta da salvação da Caixa Geral de Depósitos - boia onde se está a agarrar a geringonça para presumir independência face à globalização que nos afoga - está a atingir as raias do absurdo ridiculo. Enquanto os poderes publicos portugueses se distraem com problemas menores, como o de apurar ao milimetro se foi o minstro quem mentiu ou se foi o seu bode expiatório (tem mesmo cara disso, não acham?) que não se deixou expiar, a banca (e a economia) portuguesas vão caindo como patinhos sentados (sitting ducks) nas mãos dos estrangeiros que ainda olham para nós (levados por estratégias mais politicas do que económicas, é certo). O último exemplo foi o BPI (conglomerado de bancos saido da ultima concentração bancária do pós - 25 de Abril) que, de repente, saiu do lixo onde tinha caido (e onde os outros ainda permanecem) deixando de estar cotado na bolsa de valores de Lisboa. Mais um que se vai. E o governo e o seu presidente descansam o Zé povinho bradando aos quatro ventos que Portugal vai bem e recomenda-se, pois ainda tem a Caixa para provar que controla o mercado financeiro.
A Caixa Geral de Depósitos é uma ficção herdada do salazarismo, que tem servido para pouco mais do que enriquecer os sucessivos politicos e amigos destes que se têm sucedido na gestão da instituição, qual compensação rotativa pela travessia do deserto que as oposições significam em Portugal. Desde que perdeu a sua caracteristica de banco popular (promotor do capitalismo popular tão acarinhado pelo antigo regime) a Caixa passou a desempenhar o papel de controleiro politico do sistema bancário portugues (transfiguração da iniciativa do PC e do MFA) agindo como reserva financeira estratégia do regime que progressiva e perigosamente ia caindo nas malhas da pérfida UE.
Agora que a máscara caiu com a crise financeira e o desmembramento do sistema financeiro portugues (por isso tantos e tantos se queixam do euro), já não faz muito sentido manter um banco caro e inutil nas mãos de um Estado exangue e sem poder. Passos Coelho tinha percebido isto e preparava por isso a privatização da Caixa (sem alarido nem ansiedades). Com a chegada de Costa e da sua geringonça, mais preocupados com o apoio do PC do que com a defesa dos interesses dos portugueses em geral, a coisa voltou atrás e entrou na fase da constatação óbvia daquilo que os nossos governantes (estes e os anteriores) se tinham esforçado em esconder: a inoperância dos poderes publicos portugueses perante a crise que nos atingiu e a irrelevância dos nossos intereses perante a dinâmica trituradora da globalização que tudo engole sem dó nem piedade.
As pessoas (mesmo as mais ignorantes destes problemas maiores, como eu) já perceberam que a Caixa não serve para nada, que o que os governos querem é fazer pouco de nós com o nosso dinheiro, que a manutenção da CGD como banco publico é mais uma exigencia ideológica dos apoiantes da geringonça do que uma necessidade essencial num país com bancos a mais relativamente à sua actividade económica e que os estrangeiros nada farão para resolver este problema. É um problema essencialmente portugues, que afecta apenas os portugueses e que deve, por isso, ser resolvido por eles e pelas entidades que os governam. É por estas e por outras que nunca mais saimos do lixo onde esta malta nos meteu.
ALBINO ZEFERINO 10/2/2017
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Muito bem Albino, gosto! Agora sobre o BPI - lá cai a última máscara aos banqueiros do pós 25. Os auto denominados incorruptos príncipes fundadores daquele banco, tão defensores de economia nacional, e críticos dos seus já finados pares, deram finalmente com os burrinhos na água, depois das reviravoltas habituais naquelas circunstãncias. 1975 viu, com as nacionalizações, a partida de verdadeiros banqueiros, as privatizações trouxeram bancários e aventureiros. Porque na Caixa havia de ser diferente? O fraco rei faz fraca a forte gente.... Ina 11/02/2017
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