segunda-feira, 31 de julho de 2017
JOGOS DE GUERRA
Von Clausewitz dizia no sec XIX que a guerra era a diplomacia feita por outros meios. Quando a diplomacia (ou seja, a conquista do parceiro através da persuação) falha, não há outro remédio senão impôr o nosso ponto de vista através da força. Por essa razão existem ainda hoje exércitos e armas de guerra. Imaginemos então o que se poderia passar face à situação actual das coisas neste conturbado mundo do sec. XXI em que vivemos.
Desde a eleição do inesperado Trump para a presidencia norte-americana que se têm agudizado os conflitos e as incompreensões entre Estados e entre os povos. É não só na América, mas no Pacifico, na Russia , no Médio-Oriente, nas Arábias e na Coreia. E mesmo em países naturalmente pacificos e tranquilos, como nas Filipinas ou na Republica Centro.africana, por exemplo, os contenciosos entre facções ou grupos politicos ou étnicos têm rebentado como cogumelos podres.
Imaginemos pois o seguinte cenário:
1. Trump farta-se das experiências atómicas dos norte-coreanos e resolve (assustado), com o apoio dos seus generais, bombardear aquele pequeno e fictício país que tanto diz e incomoda os americanos. A reacção russa não se faz esperar e Putin declara guerra aos EUA, ocupando de surpresa o Alaska.
2. Trump reune a NATO, que resolve ir estudar a situação. Entetanto, o Japão (que só esperava o pretexto) ocupa as ilhas Curilhas e entra pelo continente chinês dentro. A Indonésia invade os países à sua volta e prepara-se para enfrentar a Austrália, que ameaça represálias.
3. A pretexto do auxilio aos coreanos do norte, a China invade a Coreia de Sul e provoca bombardeamentos de resposta por parte da 5º esquadra americana em exercicios na zona. A China está sendo flagelada a norte pelo Japão e a sul pelos americanos.
4. Após uma semana de reflexão sobre a resposta a dar por parte da NATO à invasão russa do Alaska, os norte-americanos declaram guerra total à Russia lançando misseis intercontinentais sobre Moscovo e São Petersburgo. Os russos pedem auxilio aos alemães sob pena de cortarem o fornecimento de gaz à Europa através do Gulfstream.
5. A UE reune de emergência (durante a noite numa cave duma rua desconhecida de Bruxelas) e não se entende sobre a resposta a dar aos russos. Os ingleses do Brexit aproveitam para declarar a sua saida incondicional da UE a partir da meia-noite do dia seguinte. Á saída da reunião nocturna (eram horas dos telejornais da manhã na Europa) Merkel declara aos jornalistas o apoio alemão aos russos.
Espanha, Grécia, Itália e Portugal acompanham a Alemanha mas com reservas (logisticas não politicas). França pelo contrário declara-se neutral, no que é acompanhada pelos países do Leste europeu e por outros. A UE acabou sem glória nem virtude.
6. Portugal manda uma missão secreta (mas publicada em todos os jornais do dia seguinte) à Argélia para garantir a continuação do forneciamento do gás natural via pipe-line. Os espanhois, despeitados, fazem o mesmo no dia seguinte, escondendo porem ao mundo a diligencia portuguesa anterior. Zangam-se as comadres, fecham as fronteiras e acaba a cooperação luso-espanhola. Resultado: ficamos isolados do continente e do gaz argelino. Os bancos espanhois em Portugal fecham e começa o racionamento alimentar. Numa semana Portugal definha.
7. A guerra prossegue cada vez mais virulenta. Bombardeamentos alternados sucedem-se, cessam os voos comerciais e o fornecimento regular de bens e serviços. A fome instala-se na Europa. Bruxelas fecha e a sede do que resta da UE passa para Paris com novos comissários (todos franceses).
8. Nos EUA chovem bombas de todos os tipos. Vários Estados já declararam o estado de emergência e vêem-se filas intermináveis de refugiados maltrapilhos, deambulando nas estradas dum lado para o outro desnorteados. Na Russia deixou de se ver gente nas ruas esburacadas e só o ruido das bombas a explodir e dos aviões no ar indica que há ainda vida.
9. Da China não se sabe nada. Se ainda existe, onde páram o trilhão e duzentos milhões de chineses, até onde chegaram os japs. O extremo-oriente é de novo uma selva inexpugnável como no tempo da Indochina.
10. A Venezuela livrou-se do Maduro sem saber como. Terá fugido? Terá sido comido por um crocodilo? O certo é que os venezuelanos são os únicos que bailam nas ruas debaixo de fogo esparso que cai do céu por ricochete.
11. O Brasil está finalmente dividido. No norte, manda Santos, o prémio Nobel colombiano. O sul ficou dividido em pequenos Estados (por etnias europeias: alemanicos, italianos, ibero-americanos, etc.) que se ajudam mutuamente. Vivem noutro mundo. O seu. O resto da América Latina foi invadido pela floresta virgem.
12. A guerra mundial prossegue já sem se saber quem está do lado de quem e quem é o inimigo. As sucessivas alianças, mediações, invasões, extreminações e declarações de amizade logo desmentidas ou reafirmadas, não permitem chegar ao cessar-fogo que todos anseiam. O mundo está em desmembramento. Há que esperar que os sobreviventes jovens cresçam para recomeçar tudo de novo.
ALBINO ZEFERINO 31/7/2017
domingo, 30 de julho de 2017
VOLTANDO AO BREXIT
Porque é que me tenho interessado tanto pelo Brexit, poderão perguntar admirados alguns dos meus leitores? Não será tanto pela fixação que alguns de nós (convenhamos) temos pelo "british way of life", mas pelos danos que presumivelmente a saida do Reino Unido da União europeia vai provocar no processo integrador europeu, do qual sou acérrimo defensor, não tanto por convicção mas mais por instinto de sobreviência nacional.
Terminada a primeira fase das negociações sem quaisquer resultados palpáveis, a não ser a constatação disso mesmo, o que verifico é que cada vez subsistem menos duvidas no espirito colectivo britanico de que o processo é para continuar, não se falando (nem sequer em murmurio envergonhado) em qualquer retrocesso na controversa decisão unilateral resultante do referendo cameroniano. O modo agastado como Junker se refere ao assunto de cada vez que com ele é confrontado é sintomático do incómodo que o referendo britânico causou nas hostes comunitárias que, pela primeira vez em 60 anos, foram directamente confrontadas com a duvida sobre a inevitabilidade da construcção europeia. A subsistência desta duvida alterou de forma irremediável o conceito de que o alargamento funcionaria como uma panaceia para superar as deficiências governativas que alguns EM evidenciam quando não integrados no projecto maior duma Europa unida e forte, capaz de ombrear com os grandes deste mundo. Parece que voltamos ao tempo da 2ª Grande Guerra quando a pérfida Albion não se deixou conquistar pelas hordas nazis e com a ajuda norte-americana (e tambem canadiana, australiana e neo-zelandesa) impôs à poderosa Alemanha de então uma derrota militar e incondicional, da qual ainda sofre as consequencias. Será que o futuro nos reservará de novo outro conflito que oponha os integracionistas contra os não integracionistas numa tentativa de alinhar com uns ou com outros dos novos lideres mundiais em presença?
A segunda fase das negociações tendentes à saida do Reino Unido da UE não começará provavelmente antes de Outubro próximo, pois nada de novo ainda ficou acordado até agora. Nem a factura a pagar pelos britânicos, nem a definição do estatuto dos cidadãos comunitários a viver dentro do RU, nem sequer a criação da fronteira entre a Irlanda do Norte e a Republica da Irlanda. Segundo o comissário europeu Barnier, isto teria bastado para que os lideres da UE dessem luz verde para a abertura da segunda fase das negociações do Brexit, nomeadamente sobre o tema que mais interessa a Londres: a natureza da nova relação do RU com a UE depois do Brexit. Crê-se em Bruxelas que o problema de fundo reside na ausencia de uma posição clara do governo britânico sobre qualquer dos pontos em discussão. Enquanto o ministro eurofóbico Gove defende o estabelecimento de um periodo transitório, após a saida do RU da UE prevista para a primavera de 2019, que permita a livre circulação de cidadãos comunitários por um periodo de dois a cinco anos, a fim de não estrangular as empresas britanicas que deles necessitem, o secretário da Imigração Lewis anunciou um corte total na entrada no RU de cidadãos comunitários logo a partir de Março de 2019, assegurando ser possivel reduzir com esta determinação a chegada global de imigrantes, hoje da ordem dos 248 mil anuais, a apenas cem mil em 2019. Só não explica como. Muita água ainda correrá debaixo desta ponte.
ALBINO ZEFERINO 30/7/2017
sábado, 29 de julho de 2017
ESTADO E DEMOCRACIA
Estado é, como bem se sabe, uma entidade constituida por uma população, vivendo num território e dirigida por um governo. Se o poder politico exercido por esse governo ao serviço do Estado assenta em eleições democráticas, então poderá dizer-se que se trata dum Estado de direito. Ou melhor, que o fundamento desse Estado reside na lei democraticamente produzida e legitimamente exercida. Poderemos assim dizer que estamos neste caso perante uma comunidade organizada democraticamente e que vivemos em democracia (segundo a rule of law, como os britânicos bem resumem a situação). Mas será a democracia apenas isso? Bastará a realização periódica de eleições livres e gerais para se afirmar que estamos perante um Estado democrático? Não creio que baste. A democracia (como os gregos a inventaram) é uma forma de governo popular (ié, do povo) que garante a partcipação dos cidadãos em cargos publicos e lhes consagra direitos e garantias (os chamados direitos fundamentais). Ou seja, não basta que determinado governo tenha sido eleito democraticamente para que seja legitimo. Para isso tem que agir democraticamente. E agir democraticamente é agir para com todos da mesma maneira. Não é impondo sacrificios a uns em beneficio de outros ou beneficiando alguns em prejuizo de outros que o governo eleito democraticamente age tambem democraticamente. Vejamos exemplos para tornar o meu pensamento mais explicito. Na Venezuela, como em Cuba ou no Zimbabwe, por exemplo, há eleições (mais ou menos livres, mais ou menos gerais, mais ou menos periódicas) mas o governo é exercido (cada vez mais escandalosamente) a favor de uns e contra os outros. Ninguem afirma seriamente que a democracia vigora nesses Estados. Outros exemplos (mais melindrosos mas nem assim menos verdadeiros) podem ir buscar-se à Europa e a outras partes do mundo ditas civilizadas (será a Turquia de Erdogan democrática? E a Polónia? E a Hungria? E o Equador ou a Bolivia? E a Russia de Putin, a China de Cho, o Brasil de Temer ou a América de Trump?).
Vemos assim que não é fácil enquadrar certas formas de governar certos Estados como formas democráticas de governo, ou seja, formas igualitárias de gerir o Estado em beneficio de todos e em nome de todos. Estes desvios cada vez mais evidentes (e alguns até escandalosos) à forma democrática de governar os Estados tem vindo a criar nos espiritos das novas gerações que agora vão chegando ao poder (Macron, por exemplo) a duvida sobre se a democracia como ela tem vindo a ser desvirtuada por anteriores governações (e sobretudo pelos partidos politicos tradicionais) será a melhor forma de gerir a coisa publica dentro dos principios e regras comumente aceites como sendo democráticas. O surgimento de movimentos politicos que recusam inserir-se na clássica hierarquia partidária dos vários Estados ditos democráticos (O Podemos em Espanha, o Bloco de Esquerda em Portugal, o Die Linke na Alemanha, o Lepenismo frances, o movimento que elegeu Macron em França, os inumeros grupusculos das extremas esquerdas e direitas na Europa, o próprio partido que reelegeu e voltou a reeleger (ad aeternum?) Putin na Russia, as Auroras Douradas gregas, os Beppe Grillos italianos e os Tsirpas gregos, são, entre outros, bons exemplos do que pretendo salientar) alguns já no poder, outros próximos dele e outros ainda com esperanças de vir a governar, são prenuncio duma mudança radical nos conceitos tradicionais de exercicio do poder herdados do séc. XIX. Socialismo, democracia cristã, liberalismo e ditadura, são conceitos de governo hoje caducos, desactualizados e inadequados para gerir os Estados que se dizem democráticos e modernos.
A governação moderna gira à volta de conceitos como o desemprego, a segurança social, a saude, o ensino e a formação, o ambiente, a segurança pessoal interna e internacional, bem como na poupança, na cibernética, na investigação ou nos movimentos de massas. Para assegurar a estabilidade do Estado (e a sua própria) os governos precisam de mostrar que fazem coisas, mesmo que se revelem posteriormente inuteis ou inadequadas. E para isso precisam de dinheiro. Como há cada vez mais pobres e os ricos são cada vez menos (mas mais ricos) há que tributar onde o dinheiro circula. Ou seja, quem mais dinheiro gasta mais impostos tem que pagar. É um circulo vicioso que parece não ter fim. Hoje em dia nos países da UE, os contribuintes têm que trabalhar em média meio ano só para o Estado (na Irlanda 31,77%, em França 57,41% e em Portugal 44,3%). Se os governos não justificam cabalmente onde gastam esse dinheiro, sujeitam-se a ser postos em causa pelos respectivos eleitores. Pelo menos pelos mais atentos a estas coisas da governação.
ALBINO ZEFERINO 29/7/2017
quinta-feira, 27 de julho de 2017
PORTUGAL ESTÁ A ARDER
Portugal está a arder. Literal e supostamente. Enquanto o fogo ardente consome as matas lusitanas, o governo da geringonça continua preclitante e desajeitadamente o seu caminho sinuoso em direcção ao precipicio. Tal como não é possivel combater eficazmente o fogo que as alterações climáticas empurram desapiedadamente para este cantinho da peninsula ibérica (estou em crer que dentro de alguns anos o território que hoje - e desde Afonso Henriques - é vulgarmente conhecido por Portugal será um deserto como o Sahará ou como o Mojave) tambem não é possivel governar um povo hibrido, hesitante, voluvel e ignorante duma forma arrevesada, incerta, dependente das circunstâncias do momento e refém de cedências tácticas a franjas da sociedade que nada representam senão as frustrações e os extremismos dum povo imberbe mas velho de séculos. Estamos condenados ao desaparecimento a prazo como Nação (sem território viável nem população homogénea) entregues aos caprichos duma natureza impiedosa e voraz e às manhas e façanhas dum aventureiro de pacotilha vindo do oriente, cuja desenfreada ambição não conhece limites nem entraves éticos ou morais.
Já não há nada a cuidar nem a oferecer (a não ser arranjinhos para os amigos venham de onde vierem) nem nada a defender ou a conquistar (como no passado). Tudo está vendido ou para vender e o dinheiro daí resultante dissipado em prebendas para os vendedores e para os seus intermediários. Enquanto que a turba ululante dos novos pobres reclama por comida para os seus filhos, os novos nababos passeiam os seus saques despudoradamente defronte das televisões. Desde juizes austeros e distantes, a enfermeiras cuidadosas e atentas, todos reclamam por melhores condições de vida e de trabalho. O país organizado está-se desorganizando. A linha ténue que separa a civilização da anarquia está a dissipar-se. Já se torna dificil distinguir entre o que é permitido e o que é tolerado. Ou entre o que se deve e o que não deve fazer-se. Hoje os fins (dar de comer aos filhos) justificam os meios (roubar ou até matar). A ideologia venceu a contenção. A fantasia ganhou à realidade. Tudo o que se imagina é possivel. Porque não?
Quando um país arde todo, há fogos em todo o lado, mesmo em sitios onde nunca tinha ardido, então é porque algo está a correr mal. Já não é só incompetência, negligência, amadorismo, nepotismo ou inconsciência. É tambem malandrice, dolo, erro imperdoável ou crime organizado. Todos estão pagando os erros de alguns. Não seria já tempo de se tentar apurar a verdade mesmo que ela doa a quem tem que doer? O que é feito das imparidades da CGD? Por onde anda o Espirito Santo? Quando é que o Sócrates vai de vez para Évora? O que querem os chineses de Portugal? E os europeus? E os angolanos? Tudo são perguntas que, continuando sem resposta, proporcionam a propagação dos fogos e a consequente degradação de Portugal. Será isto o que queremos?
ALBINO ZEFERINO 27/7/2017
domingo, 16 de julho de 2017
O ESTADO DA NAÇÃO
Se duvidas houvesse quanto ao mau estado em que a nação portuguesa se encontra, bastariam tres exemplos para dar constância dessa circunstância aos leitores menos atentos (ou mais distraidos) destas coisas da republica lusitana. Refiro-me a uma tragédia, a uma comédia e à irrelevância da soberania portuguesa.
Quanto à tragédia, tratou-se de Pedrógão Grande. Evitar a ocorrência dum incendio virulento em época deles não é naturalmente possivel. Mas acautelar o incendio e combatê-lo eficaz e organizadamente era não só possivel como era imperioso. Faltou a prevenção (limpeza das matas, organização da floresta - para que serve o nóvel secretário de estado das florestas?) e sobretudo o eficaz comando e direcção do combate às chamas. Que os meios aéreos funcionaram tarde e a más horas sem coordenação do ataque nem planeamento da ofensiva contra as chamas, que o caro e mal aproveitado sistema integrado de comunicações (o famoso SIRESP) não funcionou quando e como deveria ter funcionado, que a cadeia de comando do combate contra o incendio não existiu desde cima, tudo isto são desculpas quando se sabe que a defesa civil do território não existe e é apenas mais um território para exibir penachos e dar tachos aos amigos desempregados (porque razão estará o sector entregue à maçonaria, digam-me lá?). A culpa foi dos bombeiros mal-preparados, mal dirigidos e mal-equipados (vulgo mexilhão). Mas alguns morreram a combater. Algum dos chefes se queimou no ataque às chamas?
Quanto à comédia, tratou-se do escandaloso e risivel roubo das munições em Tancos. Tancos não é um vulgar aquartelamento militar. É o campo de treino militar por excelência do exército portugues. É lá que a tropa se prepara e treina para as missões que lhe estão confiadas. Não é um simples quartel, com parada para as formaturas, casernas e refeitórios para descanso e alimentação do pessoal e paiol para guarda de armas. É um campo de guerra feito expressamente para treino militar onde a tropa se prepara e que justifica a sua própria existencia. Um roubo de munições (caras, baratas, activas ou para abate, pesadas ou ligeiras) no coração da tropa, põe a existencia da própria tropa em cheque. Então a tropa existe para defender a nação e nem consegue defender-se a si propria?
Se isto não é uma comédia, então o que é uma comédia? Cinco comandantes intermédios foram demitidos. E aos mais altos responsáveis da nação pelo comando, direcção e aprovisionamento da tropa, o que lhes aconteceu? Nada! Se isto não é tambem um triste exemplo do mau estado da nação, então o que é?
Quanto a outro exemplo da irrelevância da soberania portuguesa que reflete o mau estado da nossa nação, trata-se da venda à francesa Altice (a tal dona da PT e do MEO, contra quem o PM Costa tanto praguejou) por parte da espanhola Prisa, da estação de televisão mais vista em Portugal, a TVI. A coisa quase passou desapercebida na comunicação social (afinal foi, tal como Tancos para os militares, uma machadada no "prestigio" dum sector nacional que se crê dono disto tudo). A TVI, tal como a maioria dos assets (coisas boas, valiosas) que Portugal possuia, já não é portuguesa mas sim de estrangeiros, que a usam para as suas estratégias comerciais (e não só) a seu bel-prazer e sem dar contas aos portugueses. Assim se compreende melhor o "recado televisivo" de Costa aos portugas (deixem a MEO que se portou mal no incendio, pois eu já o fiz), que não foi mais do que um desaforo ridiculo recebido em França com sonoras gargalhadas.
O PM está em perda e isso ficou bem claro no parlamento na ocasião do debate sobre o estado da nação. Se estes tres desgraçados acontecimentos tivessem ocorrido daqui a dois anos (a meses das próximas eleições legislativas) o PS arriscar-se-ia a uma moção de censura e a sair do governo. Mas como todos os malandros têm sorte, Costa apenas perderá a maioria nas sondagens que apontavam para uma mais confortável maioria parlamentar do PS caso as eleições autárquicas fossem legislativas. Continuaremos assim entregues a esta geringonça cada vez mais preclitante e desengonçada, à mercê das vontades invejosas das Catarinas deste mundo e nas mãos dos Jerónimos despeitados pelo apagamento do marxismo-leninismo da face desta Europa vergastada por todos os lados e de todas as maneiras. Por quanto mais tempo a manha do Costa conseguirá segurar este governo de anedota que, sem saber ler nem escrever, vem surfando a onda da recuperação económica europeia que Trump, britânicos, chineses e russos se afadigam em tentar fazer rebentar?
ALBINO ZEFERINO 16/7/2017
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