domingo, 16 de julho de 2017

O ESTADO DA NAÇÃO


          Se duvidas houvesse quanto ao mau estado em que a nação portuguesa se encontra, bastariam tres exemplos para dar constância dessa circunstância aos leitores menos atentos (ou mais distraidos) destas coisas da republica lusitana. Refiro-me a uma tragédia, a uma comédia e à irrelevância da soberania portuguesa.
          Quanto à tragédia, tratou-se de Pedrógão Grande. Evitar a ocorrência dum incendio virulento em época deles não é naturalmente possivel. Mas acautelar o incendio e combatê-lo eficaz e organizadamente era não só possivel como era imperioso. Faltou a prevenção (limpeza das matas, organização da floresta - para que serve o nóvel secretário de estado das florestas?) e sobretudo o eficaz comando e direcção do combate às chamas. Que os meios aéreos funcionaram tarde e a más horas sem coordenação do ataque nem planeamento da ofensiva contra as chamas, que o caro e mal aproveitado sistema integrado de comunicações (o famoso SIRESP) não funcionou quando e como deveria ter funcionado, que a cadeia de comando do combate contra o incendio não existiu desde cima, tudo isto são desculpas quando se sabe que a defesa civil do território não existe e é apenas mais um território para exibir penachos e dar tachos aos amigos desempregados (porque razão estará o sector entregue à maçonaria, digam-me lá?). A culpa foi dos bombeiros mal-preparados, mal dirigidos e mal-equipados (vulgo mexilhão). Mas alguns morreram a combater. Algum dos chefes se queimou no ataque às chamas?
          Quanto à comédia, tratou-se do escandaloso e risivel roubo das munições em Tancos. Tancos não é um vulgar aquartelamento militar. É o campo de treino militar por excelência do exército portugues. É lá que a tropa se prepara e treina para as missões que lhe estão confiadas. Não é um simples quartel, com parada para as formaturas, casernas e refeitórios para descanso e alimentação do pessoal e paiol para guarda de armas. É um campo de guerra feito expressamente para treino militar onde a tropa se prepara e que justifica a sua própria existencia. Um roubo de munições (caras, baratas, activas ou para abate, pesadas ou ligeiras) no coração da tropa, põe a existencia da própria tropa em cheque. Então a tropa existe para defender a nação e nem consegue defender-se a si propria?
Se isto não é uma comédia, então o que é uma comédia? Cinco comandantes intermédios foram demitidos. E aos mais altos responsáveis da nação pelo comando, direcção e aprovisionamento da tropa, o que lhes aconteceu? Nada! Se isto não é tambem um triste exemplo do mau estado da nação, então o que é?
          Quanto a outro exemplo da irrelevância da soberania portuguesa que reflete o mau estado da nossa nação, trata-se da venda à francesa Altice (a tal dona da PT e do MEO, contra quem o PM Costa tanto praguejou) por parte da espanhola Prisa, da estação de televisão mais vista em Portugal, a TVI. A coisa quase passou desapercebida na comunicação social (afinal foi, tal como Tancos para os militares, uma machadada no "prestigio" dum sector nacional que se crê dono disto tudo). A TVI, tal como a maioria dos assets (coisas boas, valiosas) que Portugal possuia, já não é portuguesa mas sim de estrangeiros, que a usam para as suas estratégias comerciais (e não só) a seu bel-prazer e sem dar contas aos portugueses. Assim se compreende melhor o "recado televisivo" de Costa aos portugas (deixem a MEO que se portou mal no incendio, pois eu já o fiz), que não foi mais do que um desaforo ridiculo recebido em França com sonoras gargalhadas.
          O PM está em perda e isso ficou bem claro no parlamento na ocasião do debate sobre o estado da nação. Se estes tres desgraçados acontecimentos tivessem ocorrido daqui a dois anos (a meses das próximas eleições legislativas) o PS arriscar-se-ia a uma moção de censura e a sair do governo. Mas como todos os malandros têm sorte, Costa apenas perderá a maioria nas sondagens que apontavam para uma mais confortável maioria parlamentar do PS caso as eleições autárquicas fossem legislativas. Continuaremos assim entregues a esta geringonça cada vez mais preclitante e desengonçada, à mercê das vontades invejosas das Catarinas deste mundo e nas mãos dos Jerónimos despeitados pelo apagamento do marxismo-leninismo da face desta Europa vergastada por todos os lados e de todas as maneiras. Por quanto mais tempo a manha do Costa conseguirá segurar este governo de anedota que, sem saber ler nem escrever, vem surfando a onda da recuperação económica europeia que Trump, britânicos, chineses e russos se afadigam em tentar fazer rebentar?

                         ALBINO  ZEFERINO                                                      16/7/2017

2 comentários:

  1. Bravo mais uma vez, Albino. Só um comentário ao último parágrafo: Trump e os britãnicos tratam democráticamente das suas vidas e interesses, que agora não convergem com a UE,e no seu direito; que chineses e russos lhe sejam adversos,sempre foram, nada têm em comum,princípios e estratégia;agora se a UE continua a segurar geringonças gregas, portuguesas e italianas via Sr Draghi, mais a Ucrãnia ao que parece, e refugiados à gogo,será a própria UE que se afadiga em rebentar a sua própria recuperação económica, Cavalos de Tróia não fazem brigada de combate. Além de que as opções da UE não são referendadas pelos europeus, vidé a decisão pessoal da Sra. Merkel em receber mais de 1 milhão de refugiados à revelia dos seus cidadãos. O défice democrático aqui não é de ingleses e americanos. A ver vamos se o Sr Macron é bem bom...

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    1. Concordo com os teus comentários
      Obrigado pelas considerações elogiosas
      Abracao

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