sexta-feira, 23 de março de 2012

O DESESPERO DOS COMUNISTAS

  O progressivo desinteresse que as sucessivas
greves convocadas pela Intersindical tem suscitado na generalidade das
pessoas reflecte a consciencialização popular da inutilidade prática
de tal meio de pressão sobre o governo. A generalidade das pessoas
está consciente da gravidade do momento que Portugal atravessa e que
resulta tambem do excesso deste tipo de intervenções, que começa a
cansar os cidadãos fartos de aturar os caprichos de alguns em prejuizo
do interesse de todos. Apesar das críticas de que o governo tem sido
ultimamente alvo, assentes mais na incapacidade que revela no controle
da ganância dos capitalistas do que no aumento imparável do desemprego
que já é encarado como um mal menor do combate à crise, o certo é que
o empobrecimento da população portuguesa prossegue à custa do
desmantelamento da classe média, natural suporte social dos partidos
do arco governativo.
                      Habituados à clandestinidade e aos jogos de
poder e contra-poder, os comunistas portugueses não desarmam nos seus
anquilosados processos de luta, já hoje mal entendidos pela população
maioritariamente nascida depois do 25 de abril. A cada vez mais
dificil penetração do velho ideário marxista-leninista nos jovens de
hoje, mais cultos e aburguesados do que os seus pais, é uma realidade
que os velhos comunistas que ainda controlam o partido não querem
aceitar. A mudança de responsável pelo órgão sindical comunista
constituiu um retrocesso na estratégia iniciada pelo seu antecessor de
alargar as bases de apoio da Intersindical para além dos militantes
comunistas. É o principio do fim do comunismo entendido como forma
alternativa de governo (felizmente nunca ensaiado em Portugal desde a
derrota de Gonçalves em 1975). Em mais nenhum outro país europeu (à
excepção dos nossos primos da Grécia) existe um partido comunista
institucionalizado, deputados comunistas ou grupo parlamentar
comunista. Aqueles que o são por ideologia fazem a sua politica a
coberto dos socialistas (auto-denominando-se ala esquerda do PS)
reconhecendo que só aliando-se aos socialistas burgueses poderão ser
ouvidos pelo povo. É o que se passa em Espanha, em França e em todos
os outros Estados membros da União europeia. Com o habitual atraso
histórico que caracteriza os portugueses, os progressivos fracassos
das greves convocadas pelos comunistas são o toque de finados do PCP,
cujos militantes se vão passando aos poucos e poucos para o PS e para
o Bloco de Esquerda, antes que venha algum Sidónio que se lembre das
ameaças que eles fizeram ao povo portugues no auge do gonçalvismo.

                                      ALBINO ZEFERINO
             23/3/2012

Sem comentários:

Enviar um comentário