Agora que o manto da fantasia está caindo de cima
desta pobre democracia abrileira que comunistas e companheiros de
percurso impuseram aos pobres dos portugueses enganados por quiméricas
promessas de vida desafogada à custa do dinheiro dos outros, começam a
destapar-se os esquemas em que marxistas e quejandos envolveram a
sociedade portuguesa no rescaldo da confusão saída da aventura
oteliana de 1974. Falava-se nessa altura à boca pequena dos negócios
políticos que MFA, PCP e anexos engendraram entre si para afastar os
obstáculos que uns e outros representavam para os interesses
inconfessáveis dos grupos em presença na prossecução das suas
estratégias de poder: o sector dos transportes ficava para o PC a
troco da cedência dos comunistas na unicidade sindical; o PS ficaria
com uma central sindical (a UGT) a troco do controle da Justiça
(tribunais, sindicatos e legislação correspondente) que passaria para
o PC; A Constituição política marxizante seria aprovada tambem pelo
PPD (eram necessários os 2/3 bloqueadores) a troco de deixarem viver o
partido burguês que, de outro modo, seria ilegalizado (como os
revolucionários tentaram com o CDS de Freitas, que apesar de tudo
cedeu menos); a cooperação com as ex-colónias e o ensino ficavam
tambem nas mãos do PC e a tropa nas mãos do MFA; foi criado o Conselho
da Revolução para garantir que estas manigâncias fossem cumpridas.
Tudo isto e muito mais foi engendrado nas costas do povo, sem
escrutineo ou consulta popular, escudado no dinamismo do PREC que não
permitia travagens burguesas (leia-se eleições) no processo
revolucionário em curso.
Por estas e por outras é que quase 40 anos depois
o país continua desestruturado, com uma Constituição desadequada, uma
justiça ineficiente, uns sindicatos anquilosados, um ensino caótico e
com um PC ainda politicamente activo. Não se compreende (os
estrangeiros não entendem) que um país pertencente à União europeia há
mais de 20 anos consiga subsistir envolvido nesta teia de interesses
contraditórios, limitadores do progresso económico e social e
fomentadores da corrupção e do laxismo institucionalizado. Perguntarão
a si próprios o que pretenderão os sindicatos comunistas portugueses
com a sucessão de greves nos sectores por eles controlados
(transportes, professores, funcionalismo publico,enfermeiros, etc.).
Será que, se o governo os ouvisse, o país sairia da crise mais
depressa? Ou, pelo contrário, cada greve marcada ou realizada vai
atrasar a recuperação do país em meses ou anos, agravando as condições
impostas a todos os portugueses e tornando-lhes a vida cada vez mais
dificil? Já não bastam os inconvenientes para a população resultantes
da interrupção laboral consequencia e objecto da greve em si mesma?
Alem disso, as greves atrasam (se não comprometerem de vez) uma
recuperação dificil e trabalhosa da situação critica em que o país se
encontra. As greves foram inventadas para dar aos trabalhadores
condições de luta em situações extremas (e portanto excepcionais)
contra eventuais injustiças ou abusos perpetrados pelas entidades
patronais. Não para servirem de caixa de ressonancia a manifestações
de desespero politico por parte de partidos que abusivamente controlam
os trabalhadores e os usam em seu proveito próprio, à falta de
capacidade de se fazer ouvir no Parlamento por ausencia de força
politica ou de razão.
ALBINO ZEFERINO
15/8/2012
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