Chegados a este ponto, creio que atingimos o
limite temporal daquilo a que se pode chamar a paciencia do santo que
espera pelo milagre que nunca mais vem. Primeiro eram os PREC´s. Foram
necessários quatro para se chegar à conclusão de que Sócrates e
Teixeira eram uns aldrabões incompetentes. Despedidos como quaisquer
mulheres a dias, vieram depois Passos y sus muchachos cheios de sangue
na guelra e de boas intenções. Um ano passado e quatro exames da
troika depois, o que se verifica? Estamos mais pobres, mais
atarantados e mais desesperados. Continuamos sem saber o que nos vai
acontecer, quando terminam estas indecisões sobre o nosso futuro e
sobretudo quando nos veremos livres destes sacrificios inuteis.
Quando o espectro da desgraça anunciada para breve
parecia afastar-se depois das ultimas eleições gregas, surge agora o
premier italiano ( o aparentemente sensato Monti) a vaticinar de novo
o desmenbramento do euro e a consequente implosão da União europeia.
Os espanhois de Rajoy tambem tardam em pedir o resgate necessário para
evitar a queda abrupta do nosso poderoso vizinho e o nosso consequente
arrastamento. En España los toros se matan, como soi dizer-se. Por lá
não há fingimentos bacocos como por estes lados. Guerra é guerra e a
amizade (como o ódio) são até à morte. O mal é que com tanto orgulho e
presunção, a demora espanhola no pedido de resgate poderá comprometer
de vez esta paz podre inventada pelos alemães.
E se isto rebentar mesmo? Eu diria que entrariamos
então numa nova fase da nossa existência. Sem enquadramento económico
e financeiro, com uma produção incipiente e sem recursos, dificilmente
a independência a que nos habituamos (sobretudo desde 1640) se poderá
manter. Á provável implosão da Europa seguir-se-á um periodo de novos
alinhamentos estratégicos dependentes dos laços comerciais e
económicos já estabelecidos, que no nosso caso são com as Espanhas
(sobretudo com a Galiza), com Angola e com o Brasil. Passariamos a ser
um entreposto dos interesses destes nossos amigos a troco destes não
nos deixarem morrer à fome (enquanto e na medida em que lhes formos
úteis). Para os espertalhões novas portas se abririam, mas para os
madraços (a maioria) seria a completa indigência.
Esperemos assim que os vaticinios italianos não se
confirmem e que a sensatez espanhola consiga vencer o orgulho endémico
daquele povo guerreiro. Só assim e com a paciencia que já nos vai
faltando poderemos augurar algum futuro (pouco risonho malgré tout)
para este jardim à beira mar plantado.
ALBINO
ZEFERINO 6/8/2012
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