sábado, 6 de julho de 2013

AFINAL PARECE QUE AINDA NÃO É DESTA


       
          Contradizendo todas as expectativas de que seria desta vez que o governo Passos-Portas cairia, parece que as comadres (apesar das verdades) se vão entender, prolongando a agonia por mais algum tempo ainda.  Passos promete que não desautoriza Portas nunca mais (será isso possivel?) e Portas jura que  não voltará a cravar mais facas nas costas do seu sócio (mentiroso!).
          Tudo isto vai ser possivel porque se instalou no espírito de Cavaco (o grande) de que fazer eleições agora nos levaria directamente para o inferno (como se não estivessemos desde já na rampa de lançamento).  Verdade seja dita que a alternativa governativa personificada pelo melifulo Seguro não entusiasma ninguem (nem sequer os seus seguidores).  Enquanto exibirmos lideres destes o melhor é irmos ficando com a troika, pensam prudentemente os nossos credores.
          Como será então o nosso futuro? No imediato (ou seja, até à votação do orçamento para 2014) não haverá mais sustos.  Entre as exigencias da troika (que serão em crescendo de austeridade) e a constatação da impossibilidade da sua concretização no quadro constitucional vigente, vamos viver sobressaltados mas seguros.  Quando no próximo Outono começar a tornar-se evidente que sem uma substancial alteração constitucional não será possivel "sacar" mais dos caloteiros dos portugueses, nascerá nova crise que, essa sim, conduzirá à dissolução do Parlamento e à convocação de eleições a prazo.  Simultaneamente serão feitas "pressões" internacionais (consubstancidas por ameaças de interrupção dos fluxos monetários que nos têm permitido viver) no sentido de ser constituido um governo pós-eleitoral (ou seja apoiado pelo Parlamento) de ampla representatividade (ou seja, incluindo o PS e o PSD e eventualmente o CDS) que permita uma revisão constitucional profunda de acordo com as directivas comunitárias. Para isto, os actuais  líderes  partidários (comprometidos com as politicas de austeridade) terão que ser substituidos por outros menos comprometidos e teremos Rio no PSD e Assis no PS livres para a negociação constitucional. O CDS entrará ou não no baile conforme seja necessário (com ou sem Portas).
          Para o ano, Merkel terá renovado a sua legitimidade como Chanceler da Grande Alemanha e acelerará a integração europeia (a recente entrada da Croácia para a UE e da Letónia para a euro-zona são sinais preparatórios evidentes desta estratégia) o que atenuará os sufocos dos países intervencionados.  Saibamos "ler" nas entrelinhas o processo europeu e talvez assim compreendamos melhor o que por cá se vai passando.

                                              ALBINO ZEFERINO                  6/7/2013

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