sábado, 20 de julho de 2013
AS CLARIFICAÇÕES DA CRISE
Como em tudo na vida, até as crises trazem algumas vantagens. Depende da forma como se olha para elas. É óbvio que o surgimento duma crise constitui por si só um inconveniente, pois traz atrás de si sacrificios e desanimos, embora tambem possa trazer clarificações e perspectivas. Esta crise que estamos a atravessar é um bom exemplo disso. Senão vejamos.
Em primeiro lugar ficou claro que o governo não se demite. Dê lá por onde der, Passos só sai se o tirarem de lá. E como Cavaco não o faz porque se quizesse já o teria feito, nem Portas lhe interessa fazê-lo agora (depois do disparate do pedido de demissão), naturalmente iremos ter governo até ao fim da legislatura. Isto permitirá que se leve até ao fim o programa da troika e que se inicie novo programa a partir de 2014 nas mesmas bases do actual, para o futuro.
Em segundo lugar, esta crise permitiu deixar clara para quem ainda não tinha percebido (e foram muitos segundo as recentes sondagens) a incompetencia de Seguro (Sócrates era mais malandro, mas muito mais vivo), mostrando à evidência a tragédia que seria se ficassemos entregues áquela abantesma. É um ignorante paspalhão que só quer é subir para o poleiro.
Em terceiro lugar, ficou igualmente claro que não há risco de quaisquer veleidades de governos de esquerda com alianças espurias entre socialistas, bloquistas e comunas. Isso são fantasias do passado que Seguro foi obrigado a clarificar sob pena de desmembrar o PS (enterrando definitivamente Soares e Alegre que já ultrapassam há muito os respectivos prazos de validade).
Em quarto lugar, ficou clara a saloice de Cavaco (a quem a repetição presidencial subiu à cabeça no convencimento de que ficaria na história ao lado de Afonso Henriques ou de Gomes da Costa) deixando definitivamente clarificados os limites do semi-presidencialismo (invenção virtuosa de Salazar para se eternizar no Poder).
Finalmente, esta crise deixou igualmente clara a necessidade de uma revisão constitucional que permita a prossecução do saneamento financeiro deste pobre país, entalado entre os "acordãos" do tribunal constitucional e as manifestações dos desvalidos e as greves da intersindical. Só ainda não se sabe quando e como ocorrerá.
Na perspectiva europeia ficamos tambem a saber (depois da recente visita de Schauble a Atenas) que não haverá perdões de dívida, o que permitirá concluir que as metas do défice, bem como os limites da divida (e eventualmente a redução dos juros) poderão vir a ser revistos no futuro (leia-se depois das eleições alemãs), caso a caso e cada vez mais em função da determinação integracionista da Alemanha (as recentes adesão croata à UE e letã ao eurogrupo são animadoras a este respeito).
ALBINO ZEFERINO 20/7/2013
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