terça-feira, 2 de julho de 2013
A SAÍDA DE GASPAR
O abandono do elenco governativo de tão importante personagem num momento tão crítico da vida nacional merece alguma reflexão da parte de escrevinhadores como eu que se entretêm observando o andar arrastado deste país aos soluços, desnorteado por tantas ocorrencias perturbadoras da paz preguiçosa, caracteristica das periferias de onde quer que seja.
Gaspar saiu porque quis. A carta comprova-o e justifica-se por isso mesmo. A consciencia da sua importancia no contexto governativo do momento exigiu ao seu orgulho ferido uma explicação publica. E então porque quis Gaspar sair agora? Muito simplesmente porque constatou que o país é irreformável nas condições objectivas presentes, como o comprova a cedência do ministro da Educação aos caprichos do sindicato dos professores, matéria a que dediquei o meu último link.
Entalado entre os compromissos com a troika e as sucessivas traições dos seus companheiros de governo, incapazes de resistir aos apelos lancinantes e ameaçadores da populaça, o ministro das Finanças atirou a toalha ao chão, considerando ter retribuido suficientemente com o trabalho prestado até agora ao esforço feito pelo Estado na sua formação intelectual. Gaspar nunca foi um patriota. Estrangeirado e objectivo, nunca se esquivou a defender com todas as suas capacidades aquilo que ele acreditava ser um genuino programa de salvação nacional. Foi sem duvida honesto e leal. Talvez mais ingénuo do que aparentava, pensava poder liderar (qual Salazar dos tempos modernos) o caminho da redenção de Portugal. Enganou-se porém. Os portugueses são uma raça teimosa e tenaz (como os rafeiros) que, por mais que os pontapeiem para os afastar, mais eles se aproximam subrepticios rastejando.
Com a saída de Gaspar como iremos nós sair deste imbróglio? Com muita dificuldade, direi eu. A desistencia de Gaspar abre um novo ciclo que terminará (Inch Alá) com a saída da troika de Portugal no próximo verão. Contudo, para que o trabalho da troika possa ser dado como terminado com sucesso nessa altura, será necessário que o governo tenha conseguido reestruturar o Estado até lá. E sem Gaspar a coisa será mais dificil ainda do que foi até agora. Penso assim (com pena, acreditem) que provavelmente não conseguiremos chegar até ao próximo verão com este figurino e que sem ele seja impossivel reestruturar o Estado e por consequencia sair airosamente desta crise que nos avassala. De quem é a culpa? Não só daqueles que nos lançaram neste buraco, mas tambem daqueles que não querem sair dele.
ALBINO ZEFERINO 2/7/2013
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