quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O FALHANÇO DO GOVERNO


          A seis meses do fim do período de intervenção da troika, ou seja, do fim do programa de ajuda financeira excepcional que a UE, o FMI e o BCE estão a conceder a Portugal no intuito de salvar o país da bancarrota, verifica-se que o governo portugues não foi capaz de, mesmo com essa ajuda, fazer sair limpamente o país da crise. A Irlanda, sujeita a programa semelhante, conseguiu e a Grécia, tambem sujeita a idêntico programa de ajuda, não conseguiu de todo. Efectivamente, enquanto que a Irlanda dispensou qualquer prolongamento do período de intervenção da troika, a Grécia já vai no 2º resgate e parece não poder escapar a uma 3ª intervenção. Até quando e em que condições ainda ninguem sabe, mas por este andar, a Grécia arrisca-se a ser mesmo expulsa da UE. Portugal, por seu turno, não vai ficar ainda livre da troika, mas vai-lhe ser dada uma 2ª oportunidade sob a forma de um denominado programa cautelar de assistencia que não é mais do que o prolongamento por mais um ano do resgate actual. Significa isto que o governo portugues não conseguiu endireitar o país (leia-se, reduzir o defice orçamental e a dívida externa para os valores a que se comprometeu quando aderiu ao tratado de Maastricht) no período a que se comprometeu (3 anos) quando Sócrates assinou o memorando de entendimento com as instituições que nos socorrem.
          E porque aconteceu isto? Enquanto que a Irlanda cumpriu zelosamente aquilo a que se tinha comprometido, a Grécia andou com hesitações e reclamações (traduzidas em greves e mudanças de governo sucessivas) às medidas propostas pela troika, que impediram qualquer reforma estrutural no país que permitisse o seu regresso ao mercado de capitais. E em Portugal? Aqui as coisas ficaram pelo meio (como acontece quase sempre por cá). Nem sim nem não. Algo se fez, mas não foi o suficiente para evitar o prolongamento do período de intervenção. Seria como se, de tres pacientes operados de urgencia, um fosse dado de alta, outro fosse dado como perdido e um terceiro tivesse ficado em observação.
          Qual foi então a razão deste falhanço portugues? Terão sido as greves e as manifestações de rua promovidas pelos comunistas e zelosamente seguidas pelos chamados patriotas de esquerda da nossa praça, que cercearam a indómita vontade do corajoso governo reformista Passos/Portas? Terá sido afinal a falta de vontade politica de alguns ministros desse mesmo governo na adopção das medidas propostas no memorando de entendimento? Ou terá sido a intervenção cautelar do famigerado tribunal constitucional portugues (os ratos do nosso regime) que impediram legalmente que as medidas reformadoras tivessem ido por diante? Inclinar-me-ia mais pela terceira destas razões, pois nenhuma das outras duas foram suficientemente consistentes (nem inultrapassaveis) para determinarem a necessidade do prolongamento do prazo de cumprimento das nossas obrigações contratuais.
          O que haverá então a fazer, uma vez que se pode concluir que tem sido a aleatória e determinante intervenção de uns certos ratos na engrenagem deste processo regenerador que o impede de produzir os resultados esperados e que já dura há demasiado tempo? Pois atirar-lhes com mata-ratos para cima! É isto que o governo portugues não tem tido a coragem nem a arte de fazer e por isso se poderá falar de falhanço do governo. Será um falhanço à grega, que nos vai atirar para fora do sistema como alguns patriotas de esquerda vaticinam e até desejam, ou este falhanço configura apenas um simples incumprimento do acordado passivel de rectificação? Os nossos credores vão dar-nos o beneficio da duvida por mais um ano (até ao verão de 2015). Depois disso, ou concluem que o governo Passos/Portas conseguiu atingir os resultados pretendidos e deixam-nos em paz (permitindo ao governo apresentar-se a eleições forte e determinado a vencer) ou deixam-nos cair no inferno grego e entregues de novo aos xuxialistas, eventuais vencedores das eleições de 2015, que enterrarão de vez este país velho de séculos e manifestamente ingovernável.

                              ALBINO ZEFERINO                        18/12/2013

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