sábado, 10 de maio de 2014

HAJA JUÍZO!


          Terminado o período da troika, seria de esperar que o susto causado pela proximidade do descalabro nacional em que o país esteve pelas mãos gananciosas dos sócretinos afastasse durante algum tempo o expectro de um regresso socialista às lides deste pobre país de simplórios, atirado de Herodes para Pilatos qual Cristo redentor das almas ingratas de judeus farisaicos. Mas não! Os povos têm a memória política curta e a sabedoria das gentes- obnubilada pelas vozes esganiçadas dos novos profetas da desgraça colectiva - não enxerga o risco que Portugal correrá se for de novo lançado para os braços perdulários dos socialistas sedentos de privilégios e de beneficios que o exercicio do poder acarreta neste país de opereta bufa. É que nem na Grécia, onde o PASOK- responsável, como o PS aqui, pelo descalabro nacional em que o país caiu - passou de partido tradicional do poder para o fim da escala das opções politicas gregas não se antevendo ressurreição politica possivel nas próximas décadas, os socialistas voltarão a levantar cabeça tão cedo, punidos definitivamente pelas urnas helénicas.
          Mas em Portugal não! Parecendo não existir mais opções governativas do que aquelas que o rotativismo monárquico já oferecia há 100 anos, o verdadeiro poder em Portugal continua circunscrito à opção entre os que defendem que deve ser o Estado o motor do progresso colectivo, ou que esse progresso deve ser deixado à iniciativa individual. Ou seja, deve ser o PS a conduzir a barca nacional embrulhado nas suas contradições ideológicas existenciais, ou deve ser o PSD envolvido nos seus compromissos esquemáticos partidários?
          Reduzidos a esta já gasta dicotomia opcional, os eleitores lusitanos estão cansados de tanta exploração de um e de outro lado da barricada, mostrando cada vez mais desinteresse por quem efectivamente os governa e preocupando-se cada vez mais com as consequencias concretas dessas governações nos seus bolsos e na sua vida quotidiana. Já não se trata de escolher quem vai para o poleiro gozar das mordomias que essa situação oferece, mas sim de quem vai conduzir os destinos do país em beneficio do povo que o elegeu. Aqui reside a diferença entre a politica do século 20 e a do século 21. Governar hoje não é ser adulado pelo Zé povinho pedinchando favores ou ir almoçar regularmente ao restaurante da moda por conta do lugar que exerce conduzido pelo primo menos afortunado no velho Mercedes do Estado. Governar hoje é dedicar-se inteiramente à coisa publica, acordar cedo e dormir pouco, trabalhar a horas e a desoras, hesitar com angustia na escolha das melhores soluções, ser imparcial nos julgamentos que de si dependem, poupar no colectivo como poupa em sua casa, enfim, ser sério e honesto nas suas atitudes e nos seus propósitos. Só assim merece ser eleito e só assim deveria ser aceite por todos. Haja Juízo!

                                     ALBINO ZEFERINO                                 10/05/2014

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