domingo, 21 de dezembro de 2014
O PORTUGAL DOS PEQUENINOS
Para quem não saiba, o Portugal dos pequeninos é a miniatura do país com as suas aldeias e as suas vilas, feita à escala dos mais pequenos para que eles possam nela brincar. Encontra-se bem no centro do país para que todos os portugueses tenham a ele igual acesso. Ora é sobre o Portugal de hoje, cada vez mais pequenino e insignificante, que desejo escrever.
Os portugueses estão hoje mais desconsolados e mais tristes do que antes, porque vêem o seu país definhar a olhos vistos. Quando da construcção do Portugal dos pequeninos, o país ia do Minho a Timor e as suas aldeias e vilas eram lugares alegres e prazenteiros para se viver. Hoje, Portugal já só vai do Minho ao Algarve e as suas aldeias e vilas estão desertas ou a definhar. Do mesmo modo, antes, em Portugal, tudo o que fosse serviço publico era do Estado. Hoje, tudo está privatizado ou em vias disso, mais por necessidades financeiras do que por outra coisa, e entregue a estrangeiros que nos exploram e nos sugam os poucos recursos que ainda temos. E porquê?
No principio da queda surgiu o desejo de alargar a todos aquilo de que só alguns beneficiavam.Vieram as nacionalizações selvagens, seguidas de gestões incompetentes e criminosas que delapidaram as empresas anexadas pelo Estado revolucionário em seu proveito e no dos seus agentes mais próximos. Veio depois o periodo da acalmia, com a devolução aos privados de alguns dos bens surripiados, mas em estado tão depauperado que já não foi possivel recriar os conglomerados anteriores. Outros bens ficaram na posse do Estado continuando a sua exploração já não em beneficio de todos, mas cada vez mais em proveito apenas dos que deles se utilizavam. Refiro-me concretamente às empresas de transporte publico e às fornecedoras de energia. O escandalo dos preços cobrados na electricidade, no gás, nas portagens e nos combustiveis comparativamente com os preços praticados nos congéneres estrangeiros é elucidativo. Com a troika, logo veio a ideia de privatizar essas companhias a fim de que a sua gestão profissionalizada e despolitizada pudesse beneficiar os utentes. Mas não aconteceu assim. Com as restrições à liberdade de acção dos novos donos, continuaram as taxas e as sobretaxas para o erário publico, as contribuições para o ambiente e a regulação dirigida dos preços. As companhias entregues aos estrangeiros continuam a servir de empregos para os portugueses amigos dos governos a troco de rendas pagas pelos contribuintes. A pouca vergonha continua e cada vez é mais descarada. O país está cada vez mais pobre e os portugueses cada vez mais descontentes.
Este contexto serviu para que os menos escrupulosos pudessem impunemente usar em seu proveito, através de acções de corrupção cada vez mais descaradas, dinheiro dos outros para se governarem. Refiro-me concretamente a Sócrates e a Salgado. O primeiro, chegado à capital das berças beirãs, alçou-se aos mais altos lugares governativos usando a sua lábia e despudor e, sem quaisquer pejo moral, desviou milhões de euros em seu próprio proveito. O segundo, usando a sua displicente personalidade, impôs-se à familia para comandar um império que controlava 1/3 da actividade financeira em Portugal, retirando insidiosamente para si uma fortuna que destruiu um banco familiar com 140 anos de existência, prejudicando tudo e todos.
Portugal não é definitivamente hoje o que era antes de Sócrates e de Salgado. Dum país pobre mas honrado, cumpridor dos seus compromissos e deveres, passou à categoria de país corrupto e desacreditado, olhado com desconfiança e comiseração pelos seus parceiros. É hoje considerado como terra de oportunidades por parte de inescrupulosos investidores internacionais que usam e abusam das politicas liberalizantes levadas a cabo pelos governos que se vão sucedendo, a fim de se aproveitarem dos ultimos recursos valiosos que Portugal possui. Veja-se a EDP, a REN e a ANA. Veja-se a PT e os Correios. Atente-se no que vai acontecer à TAP e ao resquicio do sector bancário e segurador.
Vamos empobrecendo alegremente e definitivamente. Por menos do que isto, outros países outora grandes sairam do mapa. A Prussia, a Áustria- Hungria, a Jugoslávia, e as pujantes republicas italianas, entre outros. O que vai acontecer a Portugal? Perguntem a Sócrates e a Salgado. Estarão arrependidos?
ALBINO ZEFERINO 21/12/2014
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário