segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

A PRIVATIZAÇÃO DA TAP


         Muito se tem dito e escrito acerca da privatização anunciada da TAP. A TAP está para ser privatizada há décadas e só ainda não foi porque não há quem a compre em condições de satisfazer as fantasias que comunoides e quejandos andam a meter na cabeça oca dos lusos de que a TAP ainda serve para alguma coisa. A TAP é mais ou menos como uma máquina de escrever na época dos computadores. Afeiçoamo-nos a ela e custa-nos desfazermo-nos dela.
          A falácia de que sem a TAP os ilhéus deixariam de poder deslocar-se ao continente ou que os emigras ficariam para sempre nos seus países de acolhimento cortando de vez os laços com o velho Portugal dos seus avós é apenas o pretexto que os sindicatos da TAP (controlados maioritariamente pelos comunas da Intersindical) inventaram para convencer o Zé povinho de que Portugal desapareceria com a venda da TAP a privados. Desde quando é que o meio de transporte determina a viagem? Quando muito condiciona-a, como a rede viária condiciona os acessos ou a existência de saneamento básico condiciona a fixação das populações. Terá a Lufthansa decretado alguma vez greve porque os habitantes de Heidelberg, por exemplo, se têm que deslocar até Frankfurt para apanhar o avião para Lisboa, ou para Joanesburgo ou Havana? E a BA alguma vez entrou em greve porque os passageiros provenientes de Calcutá ou de Bombaim com destino a Londres têm que se deslocar quase 100 Kms à chegada à Grã-Bretanha desde o aeroporto de Luton até ao centro de Londres? E os moradores de Reims em França não têm que fazer outros tantos Kms de autoestrada ou de TGV para apanhar o avião da TAP em Paris que os leve até ao Porto? Deixemo-nos de falácias e enfrentemos os problemas como eles se nos apresentam. Com realismo e profundidade. A razão pela qual os sindicatos não querem a privatização da TAP é porque assim perderão todas as regalias laborais de que disfrutam (salários altos, compensações monetárias, regimes mais favorecidos de férias e de apoios sociais, creches e viagens à borla pra si e para os seus familiares, folgas escandalosas entre voos, etc. etc.) e que um eventual novo proprietário privado não aceitará.
          Por outro lado, a TAP hoje não vale nada. Não tem aviões próprios (são todos em leasing) não tem manutenção própria (vendeu a que tinha aos brasileiros que deram cabo dela) não tem instalações próprias (são todas da ANA que é francesa), em suma, não tem activos. Tem apenas os direitos de tráfico que, esses sim, valem alguma coisa mas que uma vez a TAP morta e enterrada voltam ao mercado e serão licitados à melhor oferta. O que a TAP tem são dívidas. Mil milhões de euros em dívida acumulada de anos e anos de forrobodó onde as rotas eram estabelecidas em função dos caprichos dos directores e dos governos, os salários e regalias aos trabalhadores eram fixados a olho e dependiam dos favores e vinculações partidárias dos beneficiados em relação às sucessivas direcções da companhia, etc.etc. Por isso ninguem quer comprar a TAP sem que o governo portugues se responsabilize por estas dividas, consequencia de diatribes passadas. E isso a UE não permite.
          A questão que está em cima da mesa é só uma: ou a TAP continua publica e os seus trabalhadores (em excesso de 3 para 1) continuam a beneficiar de regalias que mais ninguem tem, ou a TAP fecha por inanição, porque não tem meios para continuar como está. Porque razão terá um país periférico como o nosso obrigação de sustentar uma companhia de bandeira (mas qual bandeira, se a bandeira portuguesa já foi abafada pela da UE) que só lhe dá prejuizo e dores de cabeça, em beneficio de uns tantos privilegiados que nela trabalham, quando e como lhes apetece? Isto já vinha da troika e pena foi que não tivesse sido já resolvido.
          Numa área geopolitica que se pretende unificada, não há lugar para companhias de bandeira. A aviação é um negócio como qualquer outro que vive da oferta e da procura e se move dentro dum quadro de concorrencia leal. Será que a Easy-jet ou a Ryannair não ocupariam de imediato o lugar da TAP nos voos de e para as Regiões autónimas com vantagem para os utilizadores? A periferia a isso obriga. Habituemo-nos a viver no século 21 pois já lá vão 14 anos dele. Bandeiras são objectos do sec 19 que acabaram com a 1ª grande Guerra.

                                    ALBINO ZEFERINO                 22/12/2014

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