segunda-feira, 6 de abril de 2015

RISKY BUSINESS


          António Costa ou não define nada ou, num repente, define tudo, arriscando muito tambem. A escolha de Sampaio da Nóvoa para candidato presidencial (agora já não há volta a dar-lhe) constituiu um risco enorme. Risco para a presumivel vitória do PS nas legislativas e risco de perder tambem as presidenciais. Mas, se acerta, a vitória será estrondosa. Mata de uma só vez Guterres, Sócrates, Vitorino, Seguro e Soares e todos aqueles que os acompanham e conservará o poder por muito tempo, pois a direita ficará num frangalho.
          Como bem definiu Marcelo na sua ultima charla televisiva, a escolha dum desconhecido, ilustre, educado e com boa presença, embora sem nenhuma experiencia politica, e ao mesmo tempo federador das esquerdas tradicionalmente desunidas, traz objectivamente ao PS a novidade da experiencia em Portugal duma frente de esquerda no governo. Só que, ao mesmo tempo que une os esquerdistas órfãos do marxismo, afasta os verdadeiros socialistas democráticos, arriscando-se a uma cisão mortal no PS. Caberá assim ao ambicioso secretário geral socialista a ciclópica tarefa de aguentar os socialistas sociais democráticos, europeístas e defensores do mercado livre, juntos com os neomarxistas, sindicalistas, reivindicativos e invejosos, no apoio a um governo de coligação á esquerda, com bloquistas e comunistas e a um candidato presidencial que os representa.
          À direita as coisas tornaram-se tambem mais claras. O penoso percurso para a necessária coligação eleitoral entre PSD e PP vai apressar-se e a própria escolha (será sempre informal) do candidato presidencial oficial da direita vai começar. Apostaria num desconhecido (género Sampaio da Nóvoa à direita) como poderia ser Leonor Beleza (se não estivesse sentada no maior tacho do país) ou (se não tivesse tido uma prestação parlamentar tão apagada), ou então (mudando de registo) Alberto João Jardim (se não tivesse tido uma derrota tão pesada na Madeira).
          Seja como for, de agora em diante e até ao fim dos dois periodos eleitorais quase coincidentes que nos esperam, vamos ter animação e frisson que baste. Só desejo que depois disso não caiamos pela escada abaixo como os gregos (depois da inconsciente eleição do Syrisa para mandar nos destinos do país) e deitemos a perder 4 anos de sacrificios e de penas a que fomos obrigados, por culpa precisamente dos nossos próprios syrisas.

                           ALBINO ZEFERINO                                                   6/4/2015

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