quinta-feira, 16 de julho de 2015
A EUROPA PARA OS EUROPEUS
Apesar de ter sido conseguido um dificil acordo para salvar a Grécia da bancarrota, a Europa ainda não regressou à normalidade, nem para lá caminha resolutamente. A aprovação ontem no Parlamento helénico das pesadas medidas de austeridade impostas à Grécia pelos seus credores como contrapartida dum 3º resgate financeiro, contra o parecer do próprio governo do Syrisa que assinara em Bruxelas o acordo em questão, é a prova da anormalidade que ainda se vive nesta Europa confusa, assustada e desconjuntada, que a crise de 2007 provocou. Todos dizem e eu concordo que não há condições politicas e sociais que permitam antever que a Grécia se consiga endireitar. Os gregos vivem num paradoxo que irá conduzir o Estado à falência. Por um lado, querem acabar com a austeridade mas continuar a viver como se as causas que conduziram a essa austeridade não tivessem acontecido; por outro, não prescindem de pertencer ao clube dos ricos, sem aceitarem viver segundo as regras dos seus pares.
Mas não são apenas os gregos (ou a maioria deles) que assim pensam. Tambem na Europa civilizada e austera, muitos europeus (sobretudo dos países mais para o sul) estão solidários com os gregos que assim pensam. São os líricos ditos da esquerda fina, que andam de automóvel metalizado, tiram férias no Algarve ao lado dos estrangeiros endinheirados, têm os pequenos no S.João de Brito e não prescindem de um jantarito de marisco aos fins de semana. A estes juntam-se os 10% de matarruanos do PC, invejosos e vingativos, que querem continuar a luta iniciada em 1974 sem perceber que já lá vão mais de 40 anos desde que deixaram a clandestinidade. Luta contra quem? Contra eles próprios e os seus iguais, pois o Portugal do Salazar já não existe há muito tempo.
Os campos estão pois separados entre os austeritários e os anti-austeritários. Os que aceitam as regras impostas pelos tratados constitutivos da UE e aqueles que as contestam. Os que aceitam a UE como ela se apresenta hoje (com Merkel, Schauble, Draghi, Passos e Rajoy) e os que preferem Tsirpas, Varoufakis, Le Pen, Louçã, Yglesias e os da Aurora Dourada, que rejeitam a UE e ambicionam o caos europeu. Não haja ilusões. Não se pense que será possivel avançar no projecto europeu (neste ou noutro qualquer) baseado em numeros falsos, em estatisticas marteladas, em sondagens mirabolantes ou em promessas enganadoras. A questão é simples e clara. Ou queremos continuar no percurso da intergração europeia, cedendo soberania progressivamente à medida e na medida em que isso beneficie a todos, através duma negociação permanente como Monet, Schumann, De Gasperi e Delors preconizaram; ou achamos que é preferivel governarmo-nos a nós próprios, segundo as nossas idiossincrasias próprias, mergulhados nos vicios ancestrais e nadando no mar das incertezas, o que nos empurrará certamente para um fim trágico e doloroso.
A Europa deverá ser para os europeus, tenham ou não nascido no continente, sejam ou não filhos de europeus, sejam brancos, pretos, amarelos ou castanhos. Têm é que possuir o ideal europeu, o que nos impele no sentido da melhoria das condições de vida dos nossos concidadãos, através dum trabalho exigente e solidário, isento de corrupções e de vicios e criador duma sociedade justa e próspera para todos. Quem assim não deseje viver, então que parta para onde se sinta melhor ou onde a sociedade mais se adecue ao seu pensamento e aos seus desejos, seja em África, seja na América ou na Ásia. Vai havendo ainda lugar para todos, segundo as nossas vontades. Há quem goste de viver em Cuba ou na Venezuela. Há quem prefira viver na Síria ou no Libano debaixo de fogo, ou no Amazonas convivendo com crocodilos e pássaros exóticos. A natureza humana é grande.
ALBINO ZEFERINO 16/7/2015
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O teu pensamento é muito positivo. Infelizmente, aquilo a que chamas ideal Europeu, no meu ponto de vista, não passa de uma miragem utópica...!
ResponderEliminarHá que acreditar mais no homem Zé Maria. Não acreditas em ti?
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