sábado, 4 de julho de 2015
O REFERENDO EUROPEU
Paradoxalmente, o referendo que hoje está a realizar-se na Grécia não é tanto para decidir sobre se a Grécia deve ou não manter-se na UE, mas sobre se a UE subsistirá ou não sem a Grécia. Se os gregos disserem sim ao referendo, a UE prosseguirá o seu caminho, se disserem não, a Grécia acabará por sair da UE e isso será o principio do fim do sonho europeu.
É evidente que não é assim que o problema está hoje a ser posto aos gregos, mas serão assim as consequencias da resposta dos gregos. O que os gregos estão a decidir hoje é se concordam ou não que o governo do Syrisa deva ou não ceder às condições dos europeus para poder continuar na UE. Se o povo grego concordar, o Syrisa fica de mãos livres para ceder nas negociações com a Comissão e com o FMI, e a Grécia será inundada de euros e os gregos ficarão cada vez mais endividados e com mais austeridade em cima deles, mas dentro da UE . Caso vença o não, então o Syrisa fica sem margem de manobra para negociar com a UE e livre para se entregar nas mãos dos russos ou dos turcos, alterando o equilibrio estratégico existente na delicada zona onde a Grécia se insere e condenando a UE a uma morte lenta e dolorosa.
Serão pois os gregos e não os alemães ou os ingleses e muito menos os portugueses, os letões ou os eslovacos quem decidirá em ultima análise o destino desta Europa dilacerada por guerras devastadoras e afogada em problemas e crises financeiras e sociais. Caso o veredicto grego seja favorável à Europa como ela hoje se lhes apresenta (com sacrificios mas com futuro) ou caso seja contra ela, determinando a saida da Grécia da UE a prazo (mesmo que os votantes disso não se apercebam hoje claramente), será o voto dos gregos, no referendo que o seu governo lhes apresentou, que determinará o futuro da UE e, em última análise, o futuro da civilização que os próprios gregos ajudaram a criar.
ALBINO ZEFERINO 4/7/2015
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