quarta-feira, 29 de julho de 2015

BARALHAR E DAR DE NOVO


          As recentes declarações de Hollande de que a UE se vai reformar com a criação de um nucleo duro de países da eurozona com uma politica orçamental e social comum sob a batuta da Comissão e de um mesmo responsável é o sinal que a França quer transmitir aos restantes europeus e ao mundo de que não vai a reboque dos alemães mas que, pelo contrário, está a conduzir a Europa para a sua redenção "malgré Mme Merkel et son ministre Schauble". Esquece porem o rasteiro presidente que sem a aquiscência dos alemães nada se poderá fazer e que Schauble o que sempre quiz foi precisamente isso mesmo: unir a Europa excluindo dela os indesejáveis.
          Só que essa manobra é perigosissima. Afastando os eurocépticos do caminho, o que Hollande (e Merkel) vão fazer é reforçar as hostes dos lepenistas, dos comunistas, dos excluidos (como nós) e dos britanicos em geral, que, aproveitando-se do despeito que tal iniciativa provocará nas cabecinhas pensantes (e sobretudo no seu orgulho) dos dispensáveis,se juntarão numa cruzada anti-europeísta (a chamada "sopa dos pobres") que,em lugar de se unirem (como os pais fundadores da Europa Unida preconizaram) se irão opor drasticamente.
          Há assim que estar atento a estes movimentos sinuosos, fruto mais de complexos de inferioridade jacobinos do que de verdadeiras manifestações de genuina preocupação pelo futuro da União europeia e lutar com os instrumentos que a sociedade nos proporciona pela preservação de um status quo que muito demorou a ser implementado e que muitos esforços exigiu aos seus promotores. Deixemo-nos de querer por-nos em bicos de  pés e sejamos mais corajosos e determinados em andar para a frente sem lateralizações bacocas ou fantasias sem futuro. O caminho está traçado. Não são precisos mais Monets, Schumans ou Delors. O que precisamos é de Merkels corajosas, Coelhos determinados e Renzis apaziguadores.

                       ALBINO ZEFERINO                                  29/7/2015
         

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