Neste processo de saneamento financeiro em que
estamos em resultado da intervenção estrangeira a que ficamos
sujeitos, surgiu a necessidade do Estado se ver livre dos "elefantes
brancos" que consomem as suas finanças em prol duma grandeza que há
muito perdemos, mas que nos custa reconhecer. Refiro-me concretamente
à TAP e à RTP. Verdadeiras instituições nacionais, estas duas empresas
publicas deixaram de fazer sentido já há longos anos, nunca tendo
havido coragem de assumir a sua morte fisica. Servindo de empregadoras
do Estado em substituição da Sacor e da Cidla dos anos 60 e 70, o
regime saído de abril nunca equacionou o seu encerramento logo que a
evidencia se impôs na sequência da abertura das televisões privadas em
Portugal e da liberalização do espaço aéreo na Europa, antes optando
pelo gasto inutil a que a preservação de tais abantesmas obrigava,
sonhando muito à portuguesa que o mau tempo passaria e que a TAP e a
RTP se voltariam a impôr como fénixes no Portugal imperial renascido.
Num país em franco desenvolvimento
compreender-se-ia uma despesa deste tipo encarada como gasto de
prestígio (tal como são justificadas as despesas denominadas
orçamentalmente como "encargos gerais da Nação" ou o foram os chamados
"adiantamentos à Coroa" nos tempos da monarquia) , mas numa fase de
contracção financeira dolorosa como a que o país hoje atravessa,
compreendem-se mal as reacções saloias ao encerramento daqueles
verdadeiros sugadores publicos, sem vantagem para ninguem a não ser
para os vagabundos que neles avidamente se penduram na busca da esmola
salvadora a que estão habituados há muito tempo, como se de coisa de
sua propriedade se tratasse. O que interessa que o comprador da TAP se
apresente como um obscuro colombiano ou o da RTP seja uma mal-afamada
empresa financeira? O que nos interessará é ver-mo-nos livres daqueles
trambolhos que há muito já não deveriam fazer parte do panorama
nacional. Quer a TAP, quer a RTP, já não valem hoje nada. Enterradas
em dívidas monumentais (apelidadas já de históricas) são entidades sem
valor que só interessam a inescrupulosos empresários que lhes buscam
valores ocultos antes de as encerrarem.
Tivesse havido a visão que faltou aos acanhados
governantes da época e estes problemas não existiriam hoje. Não
esperemos por soluções que não existem. Removamos corajosamente os
podres que outros nos deixaram. Mas façamos algo para que não nos
confundam com os que cobardemente deixaram andar situações
politicamente correctas mas financeiramente insustentáveis para um
pobre país enredado num imbróglio de muito dificil saída. Vão-se os
aneis, mas ao menos que fiquem os dedos.
ALBINO ZEFERINO
11/12/2012
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