terça-feira, 11 de dezembro de 2012

VÃO-SE OS ANEIS MAS FIQUEM OS DEDOS

Neste processo de saneamento financeiro em que 
estamos em resultado da intervenção estrangeira a que ficamos 
sujeitos, surgiu a necessidade do Estado se ver livre dos "elefantes 
brancos" que consomem as suas finanças em prol duma grandeza que há 
muito perdemos, mas que nos custa reconhecer. Refiro-me concretamente 
à TAP e à RTP. Verdadeiras instituições nacionais, estas duas empresas 
publicas deixaram de fazer sentido já há longos anos, nunca tendo 
havido coragem de assumir a sua morte fisica. Servindo de empregadoras 
do Estado em substituição da Sacor e da Cidla dos anos 60 e 70, o 
regime saído de abril nunca equacionou o seu encerramento logo que a 
evidencia se impôs na sequência da abertura das televisões privadas em 
Portugal e da liberalização do espaço aéreo na Europa, antes optando 
pelo gasto inutil a que a preservação de tais abantesmas obrigava, 
sonhando muito à portuguesa que o mau tempo passaria e que a TAP e a 
RTP se voltariam a impôr como fénixes no Portugal imperial renascido. 
Num país em franco desenvolvimento 
compreender-se-ia uma despesa deste tipo encarada como gasto de 
prestígio (tal como são justificadas as despesas denominadas 
orçamentalmente como "encargos gerais da Nação" ou o foram os chamados 
"adiantamentos à Coroa" nos tempos da monarquia) , mas numa fase de 
contracção financeira dolorosa como a que o país hoje atravessa, 
compreendem-se mal as reacções saloias ao encerramento daqueles 
verdadeiros sugadores publicos, sem vantagem para ninguem a não ser 
para os vagabundos que neles avidamente se penduram na busca da esmola 
salvadora a que estão habituados há muito tempo, como se de coisa de 
sua propriedade se tratasse. O que interessa que o comprador da TAP se 
apresente como um obscuro colombiano ou o da RTP seja uma mal-afamada 
empresa financeira? O que nos interessará é ver-mo-nos livres daqueles 
trambolhos que há muito já não deveriam fazer parte do panorama 
nacional. Quer a TAP, quer a RTP, já não valem hoje nada. Enterradas 
em dívidas monumentais (apelidadas já de históricas) são entidades sem 
valor que só interessam a inescrupulosos empresários que lhes buscam 
valores ocultos antes de as encerrarem. 
Tivesse havido a visão que faltou aos acanhados 
governantes da época e estes problemas não existiriam hoje. Não 
esperemos por soluções que não existem. Removamos corajosamente os 
podres que outros nos deixaram. Mas façamos algo para que não nos 
confundam com os que cobardemente deixaram andar situações 
politicamente correctas mas financeiramente insustentáveis para um 
pobre país enredado num imbróglio de muito dificil saída. Vão-se os 
aneis, mas ao menos que fiquem os dedos. 

ALBINO ZEFERINO 
11/12/2012 

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