sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

PARA ONDE VAMOS NÓS?

Pergunta simples de formular, porém dificil de 
responder. A malta da esquerda diz que estamos destruindo tudo aquilo 
que esforçadamente conseguimos através de uma luta de 40 anos contra 
as forças da reacção; a direita afirma que ainda não se conseguiu 
sanear o país da bandalheira que o 25 de abril nos legou e que é 
necessário que o governo actue com mais energia e determinação. O 
governo, por seu turno, sustenta que está cumprindo zelosamente o 
memorando da troika para ter dinheiro para gerir este país 
intelectualmente controverso e este povo intrinsecamente rebelde (mas 
pacífico). O certo é que todos parecem apontar num sentido: ninguém 
sabe realmente para onde vamos. 
Por tradição (ou por tendência natural) os 
governos em Portugal acabam por dentro. Ou seja, apodrecem. Ninguem os 
faz cair com receio de que os seguintes ainda sejam piores. Só quando 
eles próprios desistem e caem (por apodrecimento ou de inanição) é que 
se estabelece uma crise que termina por eleições antecipadas 6 meses 
depois. Veja-se os diversos governos do Soares, o do Guterres, o do 
Barroso-Santana e mais recentemente o do Sócrates. O do Passos não vai 
ser excepção. Pelo caminho que as coisas levam não creio porém que 
este governo caia antes das contas do 1º trimestre do próximo ano. Só 
nessa altura as pessoas sentirão que os sacrificios enormes que este 
orçamento lhes exige não valeram a pena. Aí o governo ainda pode 
mandar tocar uma musiquinha que adormeça os mais timoratos. E então 
até diria mesmo que o governo será capaz de durar até às eleições 
autárquicas de outubro. Depois disso, só se conseguir transformar a 
enorme derrota que vai sofrer em uma qualquer vitória que se traduza 
em mais massa pr´á malta. O que não será fácil mas não é impossivel de 
acontecer. Aos europeus não lhes interessa que Gaspar seja 
substituido, pelo que tudo farão para que este governo subsista na sua 
composição inicial, que é a que mais garantias lhes oferece de 
recuperarem o dinheiro que cá puseram. Atrever-me-ia assim a vaticinar 
que o actual governo continuará em funções até ao fim do período 
durante o qual estaremos subordinados ao memorando da troika. Depois 
disso já não haverá razões para continuar. Ou conseguiu reformar o 
país (ou refundar como preferem dizer os ministros) e então voltará a 
ganhar as eleições legislativas normais (eventualmente por maioria 
absoluta) para prosseguir o bom trabalho no sentido do progresso 
nacional, ou então não conseguiu dar a volta a este país disfuncional 
e perde escandalosamente as eleições para uma esquerda forte que 
conservará o poder por muitos e longos anos. E neste caso (muito 
provável, a meu ver) caberá ao partido socialista desempatar. 
Admitindo que não conseguirá uma maioria absoluta por si só, terá que 
procurá-la, por imposição da troika (como fez na Grécia) à sua direita 
ou à sua esquerda, tentando conseguir um partido com quem se coligar. 
Se escolher o Bloco (que, neste caso, subirá) a relação com a troika 
(e com a UE) tomará contornos contenciosos e portanto será mais 
dificil e menos previsivel. Se escolher o PSD (com ou sem o CDS) então 
a coisa será mais simples. Haverá uma renegociação da dívida com 
prazos de pagamento mais suaves e mais dilatados (demoraremos mais 
tempo a recuperar e não atingiremos o nível de desenvolvimento 
ambicionado) e eventualmente um 2º resgate financeiro com novo 
memorando e um período mais longo de proteccionismo internacional. 
Poderemos assim concluir que a resposta à 
pergunta sugerida pelo título desta crónica caberá aos portugueses: ou 
sustentam o actual governo permitindo que ele saneie (refunda) o país, 
ou não. Se não, haverá eleições (antecipadas ou não) e um governo 
socialista de novo (comas suas contradições e as eternas disputas 
ideológicas internas) apoiado à esquerda ou à direita conforme 
prevaleça nos socialistas a corrente social-democrática ou a corrente 
marxista nas suas fileiras. Voilá! 

ALBINO ZEFERINO 
7/12/2012 

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