sábado, 8 de fevereiro de 2014

OS LIMITES DA UNIÃO EUROPEIA


          À medida que tarda a resolução desta crise que marcará para o futuro a entrada da União europeia no séc.XXI, que vão aparecendo sinais de que afinal - como muitos pensam e eu acreditava- a integração das nações europeias numa mesma entidade jurídica e politica já não surge tão evidente. A recusa frontal da aceitação duma constituição europeia (tão bem preparada por Giscard d`Estaign), aliada às hesitações alemãs no lançamento duma solução global que permitisse duma vez por todas resolver a questão das dívidas soberanas dos países super-endividados, são sinais (entre outros) de que a União europeia tem limites.
          Será que esses limites (ainda por definir) comprometerão um projecto que afinal assenta numa ideia de negociação permanente, com avanços mais ou menos importantes, feitos de passos mais ou menos pequenos, de compromissos mais ou menos unanimes (a invenção britanica dos "opting in" e "opting out" é paradigmática), sobre temas mais ou menos relevantes ou decididos de forma mais ou menos democrática (com ou sem referendos vinculativos)? Penso, apesar de tudo, que não. O que já foi feito (e foi muito) não permitirá que os países se voltem de novo uns contra os outros de forma definitiva (e violenta) sem recorrer aos mecanismos (já testados e bem oleados) de formação duma vontade colectiva constantes dos tratados em vigor.
          Para mim, a União europeia com as suas realizações colectivas, (v.g. o euro,  a PAC, a coesão europeia e os seus fundos, os vários programas de integração educativa como o Erasmus e Bolonha, a generalização da democracia politica, social e económica, a ajuda ao desenvolvimento etc.,etc.) já deu provas duma efectiva pujança nunca antes conseguida. Dirão alguns (e eu próprio se calhar tambem) que seria desejável (e oportuno) avançar um pouco mais no aprofundamento dum projecto genialmente concebido e posto em prática com filigrana. Mas será que a disparidade evidente no desenvolvimento economico e social dos vários países europeus que a crise revelou, favorecerá esse ambicioso desiderato sem riscos de comprometer o seu futuro a curto prazo? Aqui já não tenho tanta certeza. Enquanto os Estados membros desta virtuosa união não conseguirem aproximar-se mais uns dos outros no que toca aos padrões de desenvolvimento, mais dificil se torna para a União aprofundar politicas (que possam ser comuns) e falar numa só voz com terceiros (Américas, China, Índia e Ásia em geral) duma forma decisiva e forte (veja-se p.ex. a distinta forma como nas recentes conversações de paz sobre a Siria, em Genebra, foram ouvidos os representantes da Russia e dos E.U.A. em contraposição com a discreta baronesa representante da U.E.).
          Não façamos juízos apressados (e até injustos) acerca do futuro (e da sua própria razão de existir) da única organização internacional a que pertencemos que se tem revelado essencial para nós desde há 40 anos. Sem a UE não teriamos conseguido rectificar os perigosos desvios subsequentes ao 25 de abril de 1974, não teriamos tido os meios para nos desenvolvermos (bem sei que insuficientemente) desde então e não pertenceriamos à zona monetária mais pujante do competitivo mundo de hoje. Façamos votos para que consigamos entender-nos o suficiente entre nós, de modo a não pormos em causa o essencial do nosso destino colectivo como nação europeia próspera e desenvolvida. Inch Allah.

                            ALBINO ZEFERINO                     8/2/2014

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