sábado, 1 de novembro de 2014

REFORMAS À PRESSA


          Aproximando-se o fim deste ciclo politico iniciado com a troika, verifica-se que, por muito que o actual governo se tenha esforçado na implementação das necessárias reformas impostas pela troika, pouco se fez no concreto. A impossibilide de contar com o apoio dos socialistas para esse designio nacional (com receio de que o povo os confundisse com os malandros do governo que não cessavam de lhes exigir sacrificios incompreensiveis para a maioria deles), aliada à reacção à mudança, entranhada no espirito tacanho do povo portugues, marrano por natureza e ignorante por tradição, fez o resto. Em duas palavras se explica a situação: Afogados em dividas desde o 25 de Abril, os portugueses foram, pela primeira vez neste século, confrontados com um problema que nunca ninguem lhes dissera ser deles e só deles; era preciso tomar medidas drásticas para suster a espiral devedora em que o país tinha caido, sem sequer dar por isso. Essas medidas tinham como objectivo reformar o Estado no sentido de travar a sua furia gastadora que, com Sócrates ao leme, tinha tomado proporções gigantescas. Primeiro na saúde com o famigerado sistema nacional de saude - utopia maçónica que obrigava o Estado a garantir sem condições a assistência medico-medicamentosa e os apoios sociais conexos, a todo o bicho careta que o solicitasse.  Se o doutor ia ao médico de cada vez que a cabeça lhe doia, porque é que o Zé povinho não podia fazer o mesmo, agora que o constitucionalmente protegido SNS lho proporcionava?  O mesmo se diga com a Educação e com a demagogica legislação socialista, que alargara até aos 16 anos os estudos obrigatórios e gratuitos a toda a gandulagem que se arrastava drogada pelos cantos do país. Só que não bastou inscrever oficiosamente os meninos nas escolas. Foi preciso arranjar escolas onde essa maralha toda coubesse, encontrar professores que ensinassem aquilo que esses enrgumenos deveriam saber (e não programas antiquados ajustados apenas aos betinhos que antes frequentavam as escolas) e transportá-los e alimentá-los. Ora tudo isto custa balurdios. Tambem a segurança social começou a revelar-se uma fonte inesgotável de despesas com a atribuição descontrolada dos demagógicos apoios sociais por tudo e por nada, atribuidos sem vigilância nem critério, apenas bastando acenar com o braço ou levantar um pouco mais a voz para passar a receber sem trabalhar. Um regabofe! A atribuição sem qualquer critério cientifico de reformas antecipadas aos funcionários publicos (com o argumento de que assim se aliviava o orçamento do Estado, sem pensar que a Caixa geral de Aposentações tambem é suportada por dinheiros publicos) e a compra de fundos de pensões às entidades privadas, aumentando as responsabilidades futuras da segurança social do Estado, foram tambem causas determinantes para o estado depauperado em que se encontram hoje os recursos financeiros do país.
          Foi para tentar pôr cobro a esta situação de anarquia institucionalizada que a Constitução portuguesa protege, que a troika propôs ao governo um programa de restruturação do Estado ambicioso, para cuja execução seria necessária a colaboração patriótica do PS.  PSD e CDS apenas recolhem uma maioria simples dos votos dos deputados, sendo necessário o apoio dos deputados do PS para conseguir maiorias qualificadas que permitam a implementação de reformas de fundo, começando pela da própria Constituição politica da Nação. Mas com Seguro ao leme nada disto foi possivel e daí que as reformas essenciais e mais importantes ficaram por fazer. Seguro sonhava em substituir Passos na liderança do Governo e por mais evidente que a cooperação inter-partidária se impussse, o gajinho não desarmava com medo de perder votos que comprometessem o seu projecto pessoal. Tanto se pôs a geito que os próprios socialistas correram com ele. Agora há que esperar que Costa se alce e que Passos (ou outro qualquer que fique na liderança do partido) assuma o que o maricas do Seguro não quiz fazer. Porque sem acordo inter-partidário nada se pode fazer e Costa sabe-o. Só que por enquanto não o diz.
          Apercebendo-se da posição prudencial que Costa adoptou desde que passou a chefiar o PS, Passos começou agora um contra-relógio reformista (finalização das privatizações, alguma renegociação de PPP´s, lançamento de programas de desenvolvimento apoiados pelo novo QREN, recuperação do plano energético de Sócrates,etc.) na expectativa de ainda conseguir ficar bem na fotografia de familia que vai ser tirada depois das próximas eleições legislativas. Tambem por isso fez questão em assinalar que estas se irão realizar na data constitucionalmente prevista e não antes. A ver vamos!

                                    ALBINO ZEFERINO                                                1/11/2014

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