Vejamos então o programa de compromissos com a troika e as probabilidades de vir a ser atempadamente cumprido:
-Levantamento de todas as despesas fiscais, imposto por imposto, e respectiva estimativa de custos para 2011 (a apresentar até final de Junho corrente): Embora seja um trabalho de mero cariz técnico, nunca até hoje se conseguiu determinar com rigor o volume das despesas do Estado;
-Proposta de recalibragem do sistema fiscal com vista à redução dos custos laborais e promoção da competitividade. Definição da percentagem de redução da Taxa social única (a apresentar durante a primeira metade de Julho próximo): Não foi ainda estabelecida como vai ser compensada a correspondente perda de receita para o Estado;
-Venda do BPN (a concretizar até meados de Julho próximo): Para encontrar comprador será preciso "limpar" as contas do banco, o que se está tentando há mais de dois anos sem sucesso;
- Avaliação dos planos de redução de custos operacionais e estrutura de tarifas no sector empresarial do Estado (a efectuar até meados de Julho): As empresas públicas visadas não têm respondido às determinações da tutela;
- Apresentação no Parlamento de proposta de legislação para mudar as regras das indemnizações por despedimento (a realizar durante a segunda metade de Julho próximo): o governo socialista cedeu aos sindicatos nesta matéria em sede de concertação social há relativamente pouco tempo. Vê-se com dificuldade que o novo governo possa renegociar ou introduzir alterações atempadamente;
- Eliminação das golden shares nas empresas do Estado cotadas em bolsa (a realizar durante a ultima parte de Julho): O governo socialista comprometeu-se com a troika a preparar esta medida. Desconhece-se se cumpriu o prometido...
- Publicação do documento de estratégia orçamental para as Administrações Públicas (a realizar na primeira semana de Agosto próximo): Não estão ainda definidas sequer as grandes linhas dessa estratégia, que deverá servir de base ao projecto de Orçamento para 2012;
- Avaliação das 20 maiores PPP incluindo as efectuadas pela Estradas de Portugal, cuja administração está demissionária (a efectuar até final de Agosto): Foi criado um grupo de trabalho para o efeito que não apresentou ainda quaisquer resultados, dados os desentendimentos verificados entre os seus membros;
- Aumento das taxas moderadoras do SMS em determinados serviços (a realizar até meados de Setembro): medida de dificil concretização que pode ser fonte de contestação social (unrest em inglês técnico).
Tudo isto ocorrerá durante o período normal de férias estivais, com o Parlamento fechado para férias e o governo a banhos. Os sindicatos, por seu turno, já alertaram os parceiros sociais para um aumento da conflitualidade nos próximos tempos, tendo Carvalho da Silva instado os trabalhadores a mobilizarem-se e alertado que não basta uma maioria aritmética (para impôr as medidas já negociadas). "É preciso uma maioria social", acrescentou o grande líder dos trabalhadores oprimidos. Quantas maiorias comporta a democracia, oh Passos Coelho?
ALBINO ZEFERINO 7/6/2011
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