terça-feira, 28 de junho de 2011

UMA MAIORIA, UM GOVERNO, UM PRESIDENTE

Passos Coelho tem objectivamente todas as condições para vencer a guerra que comprou ao ser eleito Primeiro ministro de Portugal neste dificil período. Pela primeira vez em democracia, Portugal conseguiu um governo apoiado maioritariamente pela Assembleia e sob a tutela de um Presidente oriundo da mesma área politica. Sá Carneiro ter-lhe-ia chamado um figo.
          A acrescentar a estas condições excepcionais, Passos tem ainda um programa de governo elaborado por estrangeiros (portanto isento de pressões ideológicas e corporativas) interessados em que Portugal progrida bem e depressa. Além disso tem uma oposição destroçada a recolher os cacos deixados por Sócrates e refém do programa da troika. Não terá assim qualquer desculpa se não conseguir tirar-nos deste fosso onde outros de má memória nos meteram.
          Os verdadeiros problemas de Passos estão em Portas e em Carvalho da Silva. Controlado Portas nas suas ambições e tácticas politicas e secado o sindicalista na sua capacidade mobilizadora de massas, o caminho fica aberto ao nóvel governo para vencer sem tergiversação. Não será porém fácil nem uma coisa nem outra. Portas julga-se incontrolável (e até agora tem sido) e Carvalho da Silva irresistivel (como até agora tem sido). Passos tem assim que agir com muita destreza e precaução na articulação com Portas e com ainda maior energia e determinação com Carvalho da Silva e as suas manhas. É de esperar (já foram de resto anunciadas) reações sindicais de rua às necessariamente duras medidas da troika e por cada falhanço de Passos, Portas vai cobrar-se com juros (cada vez mais altos).
          O primeiro ministro deve desde já procurar afirmar a sua autoridade perante Portas e Carvalho da Silva de modo a que ambos percebam que o homem de Massamá não é afinal o Ken da Barbie como eles julgam. O desaire de Nobre e a confusão dos governadores civis (que já obrigaram Passos a pôr-se à defesa) não foram bons começos, mas o estado de graça e a solução Assunção Esteves abafaram os efeitos das derrotas. Passos já mostrou versatilidade e jogo de cintura, falta-lhe mostrar determinação (não confundir com teimosia) e destemor.
          Para enfrentar Portas aconselhá-lo-ia a reler Taillerand e para suprimir Carvalho da Silva as memórias da Sr.ª Thatcher. Não se preocupe com a revisão constitucional (que seria útil em condições de normalidade) pois Esteves encontrar-lhe-á certamente soluções engenhosas para ultrapassar constrangimentos constitucionais. Avance com a execução das medidas da troika nos prazos definidos e deixe-se de originalidades que só servirão de pretexto para afastar a necessária colaboração dos socialistas. Governe pragmaticamente à inglesa e determinado como Berlusconi. Se assim o fizer levará a carta a Garcia pois todos estamos a torcer por isso.
 
                                                                 ALBINO ZEFERINO  28/6/2011

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