sexta-feira, 24 de junho de 2011

PORQUE ESTÁ PORTUGAL EM CRISE?

Fala-se tanto em crise que as pessoas acabam por interiorizar um conceito de certo modo vago e de contornos indefinidos cuja génese lhes parece estranha a si próprios mas que procuram aceitar como destino fatalista da sua existencia enquanto cidadãos. País do Fado, Portugal nunca se preocupou muito em buscar as razões das suas misérias com receio de que, encontrando-as, se visse forçado a mudar de registo. O conservadorismo atávico do povo portugues assenta mais num sentimento de auto-defesa primário e individualista do que numa reflectida atitude intelectual e colectiva resultante da procura do bem-estar social e económico. Por esta razão se explicam os 48 anos de salazarismo e os 37 de abrilismo. E não fora a consciencialização óbvia da caminhada para o abismo que a aventura africana representava, talvez ainda hoje estivessemos à espera da intervenção redentora da Senhora de Fátima para nos fazer sair duma guerra que nos era estranha e custosa.
          A forçada mudança de vida que o 25 de Abril trouxe aos portugueses veio abalar fortemente os seus pobres espíritos pois, deslumbrados com as portas do paraíso abertas de par em par pelos valorosos revolucionários, logo se deixaram levar pelos excessos esquerdistas de alguns oportunistas que os encaminharam alegremente para uma aventura desconhecida e contra a sua natureza empedernidamente conservadora. Dessa experiencia funesta restam ainda hoje resquícios nas mentalidades lusas que inclusivamente passaram para as gerações mais novas educadas em principios que lhes disseram serem imutáveis (tal como os dogmas religiosos incrustrados nas mentes simples dos seus pais) e que ficaram plasmados na Constituição política de 1976 que ninguem ainda teve coragem de rectificar. 
          Tem sido pois esta quimera que tem alimentado durante décadas as ilusões lusas de uma vida despreocupada e sem problemas onde as necessidades básicas da existencia humana eram automatica e milagrosamente asseguradas por uma entidade a que se costuma chamar Estado, mas que não corresponde a nada nem a ninguem em concreto. A subsidiodependencia instalada em Portugal, como uma espécie de vingança comunista pela derrota das suas teses em Novembro de 1975, tem sido a principal razão pela qual o país se encontra à beira da insolvência, exângue de recursos e sem forma de subsistir por si próprio. Há assim que desmistificar esta situação que levou Portugal à miséria e transformar as permissas imutáveis em objectivos de vida, atingiveis através de trabalho honesto e esforçado, que faça com que o país possa pagar o que gastou sem critério nem consciencia. Só assim poderemos levantar cabeça e continuar a gesta dos nossos antepassados por um Portugal melhor e mais independente.
 
                                                        ALBINO ZEFERINO    24/6/2011        

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