Ao contrário do que muitos pensam, o partido socialista não deixou de estar no centro da actividade politica portuguesa. Tendo sido o principal responsável pelo pedido de ajuda externa que determinou o plano de salvamento ao qual ficámos sujeitos, os herdeiros de Sócrates não se poderão eximir de dar uma colaboração activa ao novo governo sob pena de serem varridos de vez da cena politica portuguesa nas próximas eleições. Sem um apoio parlamentar socialista, isento de tergiversações e de reservas mentais, não será possivel ao novo governo cumprir com o plano de forma a fazer sair Portugal da fossa onde o PS o meteu. Os comunistas já anunciaram luta feroz contra o que eles apelidam de desmantelamento das conquistas sociais da revolução. Há portanto que esperar dificuldades e obstáculos a todos os níveis. A Sr.ª Tatcher nunca teria tido o sucesso que teve sem ter ganho a decisiva batalha contra o sindicalismo dominante à época na paisagem politica britanica. A força exibida pelos sindicatos em Portugal (sobretudo pela famigerada Intersindical) ultrapassa de longe a efectiva força politica que os apoia. É portanto tempo de mostrar ao país e aos estrangeiros que relutantemente nos sustentam, que o rei vai nu.
E não se pense que a Europa das democracias se vai virar contra nós se porventura mostrarmos verdadeira determinação e vigor na execução do plano por eles elaborado. É precisamente isso o que Merkel, Sarkosy e Rajoy esperam que Passos e Portas façam. A Europa das Nações está a construir-se e Portugal cada vez faz mais parte dela. Quem não concorde com este caminho (que foi o possivel, talvez não o desejável) que se vá embora para outras paragens aproveitando os beneficios da globalização. África, Américas e até a Ásia precisam de portugueses (mas para trabalhar, porque a época da exploração colonial já lá vai). Não é pelos nossos lindos olhos que os nossos sócios europeus estão a enterrar cá cada vez mais dinheiro. O que eles querem é que nós lhes paguemos o que lhes devemos (e com juros). De contrário ficam-nos com as nossas coisas e obrigam-nos a trabalhar para eles.
ALBINO ZEFERINO 6/6/2011
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