A 5ª visita da troika com as vicissitudes que
trouxe (apresentação precipitada da medida sobre o abaixamento da TSU,
manifestação popular de repudio contra as medidas de austeridade e
concessão de mais um ano para atingir os 3% de défice orçamental)
marcou o final do período de carência que a populaça deu ao governo
para ver se conseguia endireitar o país dos desequilibrios em que tem
vivido nos últimos 40 anos. Tarefa dificil pois não é em 3 escassos
anos que alguem consegue repôr pacificamente uma situação que nasceu
torta quase duas gerações depois. O balanço contudo não abona muito a
favor da competência do governo. Vejamos pois. No ano que passou os
ministros calcularam uma diminuição da despesa efectiva do Estado para
2012 em 5,9%. A execução orçamental em Agosto passado mostrava porem
que em vez de ter diminuido, a despesa do Estado aumentara em 1,1%. Um
desvio portanto de 7% nos cálculos governamentais. Porque razão
aconteceu isto? Essencialmente por tres ordens de razões que o governo
ingenuamente não previu: um aumento desmesurado do subsidio de
desemprego (da ordem dos 24%), um abaixamento inesperado das
contribuições para a segurança social (quase 5%) e uma diminuição
abrupta das receitas fiscais, ou seja dos impostos cobrados aos
cidadãos (mais de 5%). Significa isto que a situação dos portugueses
piorou em relação ao ano passado sem que a esse sacrificio
correspondesse algum índicio de melhoria do país a curto prazo. Esta
conclusão simples mas aterradora deixou as mentes dos pobres portugas
ainda mais confusa, abrindo caminho a todas as manobras demagógicas
dos políticos encartados. O que fazer? Reclamar, reclamar, reclamar. E
foi o que esta pobre gente fez. A partir de agora ao mais pequeno
desagravo, começarão a partir montras e se animados exibirão
anarquicamente a sua raiva com cada vez mais veemência. A reacção dos
desesperados já se fez notar: opção pela procura de novas vidas
noutras paragens. Por cá ficarão os desgraçados que nada sabem fazer
nem ninguem os quer. São alem de inuteis, os mais reagentes a mudanças
que os obriguem a trabalhar ou a levar uma vida regrada. O destino
portugues ficou assim definitiva e inexoravelmente traçado neste verão
que agora termina. Por muito boa vontade que se encontre neste ou em
futuros governos não será humanamente possivel endireitar este país de
forma a que retome o lugar que ocupou no concerto das nações
civilizadas nos últimos 20 anos. Os que por cá ficarem terão que se
habituar a um retrocesso civilizacional próprio das nações toleradas,
servindo de sustentáculo social aos seus credores que os sustentarão
na medida em que lhes forem úteis aos seus desígnios. Não será a
primeira vez que os portugueses serão subjugados por outros nem se
calhar a última. O crime nunca compensa!
ALBINO ZEFERINO
27/9/2012
domingo, 30 de setembro de 2012
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
EM POLÍTICA O QUE PARECE É
Se alguma coisa estas manifestações populares
anti-governamentais representaram foi sem dúvida uma mudança no
registo político dos portugueses. A reacção às anunciadas novas
medidas de austeridade, nomeadamente o abaixamento da TSU à custa dos
trabalhadores, foi o pretexto para os realinhamentos políticos que se
avizinham à luz do novo figurino saído desta violenta crise que
aparentemente começa a mostrar sinais de cedência. A cada vez maior
probabilidade de Obama continuar como presidente dos Estados Unidos e
a travagem no crescimento dos novos países emergentes vieram dar
alguma margem para que a velha Europa se recomponha afastando o
espectro do desmembramento da moeda única e consequentemente do
projecto europeu em construção.
A coligação governamental está desfeita não tanto
pelas diferentes perspectivas de encarar a governação dos líderes dos
dois partidos que a compõem mas sobretudo pelas novas linhas de força
que atravessam a sociedade portuguesa e que requerem uma diferente
composição partidária. O PSD está partido com os liberais à direita e
os sociais democratas à esquerda cada vez mais distanciados uns dos
outros e o CDS - porventura menos esfacelado - tenta aglutinar os
demo-cristãos à sua esquerda com os velhos radicais integristas à
direita. Tambem o PS - ainda lambendo as feridas causadas pelos
sócretinos - não consegue disfarçar o antagonismo entre os
sociais-democratas à sua direita e os marxistas saudosos da guerra
fria que lhes dava razão de existir. Enquanto o PCP não morrer
(animado pelos jovens turcos descobertos pelo velho leão operário
Jerónimo) os marxistas socialistas resistirão às investidas bloquistas
agora mais civilizadas sob a batuta do inteligente Semedo. Mas quando
o PC e Mário Soares desaparecerem, o PS (tal como existe) desaparecerá
tambem dando lugar a um partido forte que aglutinará a metade
esquerdista da sociedade portuguesa à volta dos intelectuais do BE. É
isto o que a nova convergência de esquerda quer recriar. Á direita o
grande partido deixará de ser o PSD para dar lugar a um grande partido
liberal com os jovens turcos do CDS aliados aos saudosistas liberais e
deixando os verdadeiros sociais democratas de fora.
É isto que se está a desenhar para o futuro e que
será a consequencia politica desta crise. Entretanto et pour cause a
coligação manter-se-á por mais uns meses até que a situação
internacional permita maior folga nas exigencias da troika e que o
novo ciclo comece a despontar.
ALBINO ZEFERINO 21/9/2012
anti-governamentais representaram foi sem dúvida uma mudança no
registo político dos portugueses. A reacção às anunciadas novas
medidas de austeridade, nomeadamente o abaixamento da TSU à custa dos
trabalhadores, foi o pretexto para os realinhamentos políticos que se
avizinham à luz do novo figurino saído desta violenta crise que
aparentemente começa a mostrar sinais de cedência. A cada vez maior
probabilidade de Obama continuar como presidente dos Estados Unidos e
a travagem no crescimento dos novos países emergentes vieram dar
alguma margem para que a velha Europa se recomponha afastando o
espectro do desmembramento da moeda única e consequentemente do
projecto europeu em construção.
A coligação governamental está desfeita não tanto
pelas diferentes perspectivas de encarar a governação dos líderes dos
dois partidos que a compõem mas sobretudo pelas novas linhas de força
que atravessam a sociedade portuguesa e que requerem uma diferente
composição partidária. O PSD está partido com os liberais à direita e
os sociais democratas à esquerda cada vez mais distanciados uns dos
outros e o CDS - porventura menos esfacelado - tenta aglutinar os
demo-cristãos à sua esquerda com os velhos radicais integristas à
direita. Tambem o PS - ainda lambendo as feridas causadas pelos
sócretinos - não consegue disfarçar o antagonismo entre os
sociais-democratas à sua direita e os marxistas saudosos da guerra
fria que lhes dava razão de existir. Enquanto o PCP não morrer
(animado pelos jovens turcos descobertos pelo velho leão operário
Jerónimo) os marxistas socialistas resistirão às investidas bloquistas
agora mais civilizadas sob a batuta do inteligente Semedo. Mas quando
o PC e Mário Soares desaparecerem, o PS (tal como existe) desaparecerá
tambem dando lugar a um partido forte que aglutinará a metade
esquerdista da sociedade portuguesa à volta dos intelectuais do BE. É
isto o que a nova convergência de esquerda quer recriar. Á direita o
grande partido deixará de ser o PSD para dar lugar a um grande partido
liberal com os jovens turcos do CDS aliados aos saudosistas liberais e
deixando os verdadeiros sociais democratas de fora.
É isto que se está a desenhar para o futuro e que
será a consequencia politica desta crise. Entretanto et pour cause a
coligação manter-se-á por mais uns meses até que a situação
internacional permita maior folga nas exigencias da troika e que o
novo ciclo comece a despontar.
ALBINO ZEFERINO 21/9/2012
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
O CONSELHO DE ESTADO
Tal como nos tempos do PREC, o Conselho de Estado
de amanhã vai servir para justificar as medidas drásticas (portanto de
consequencias imprevisiveis) que competem ao único orgão unipessoal da
nossa Republica, mas a quem falta a coragem para as tomar sozinho. Ao
sujeitar o primeiro-ministro ao vexame de uma explicação impossivel
para uma acção desastrada, o presidente da Republica vai provocar o
terramoto que nos vai fazer aproximar perigosamente da Grécia. Um ano
depois dos acontecimentos dramáticos ocorridos em Atenas, eis que
Lisboa (sempre atrasada em relação aos outros) vai pelo mesmo caminho
incerto que os gregos escolheram ao recusar veemente e violentamente
as ajudas que recebem dos seus credores.
Não nos admiremos, pois, se as coisas daqui para
diante passarem a ser mais evidentes do que até agora aparentavam. A
desculpa do desemprego crescente, da crise na segurança social e na
saude, já sem falar na confusão do ensino, serviam como panaceias para
a aplicação indolor da medicação que nos foi receitada. Agora as
máscaras cairam e o doente será amarrado à cama para que as
enfermeiras lhe possam facilmente fazer engorgitar as pilulas que o
vão salvar duma morte certa, pois enquanto as dividas não estejam
pagas o doente não pode morrer.
Relacionar esta crise com a democracia, ou melhor,
fazendo depender a sua solução dela própria, é pura utopia, só
defendida pelos costumados liricos do regime que ainda não perceberam
que o sistema montado em 1974 já acabou. A democracia europeia
(sobretudo em tempos de crise) é apenas uma desculpa para obrigar os
mais débeis a fazerem o que os mais fortes querem sem necessidade de
os invadir ou de os mandar para os fornos crematórios.
Tentemos perceber as novas regras em que nos fazem
dançar agora, sob pena de cairmos ainda mais no ridiculo e de
obrigarmos os nossos carrascos a nos imporem cada vez mais claramente
a sua vontade.
ALBINO ZEFERINO
20/9/2012
de amanhã vai servir para justificar as medidas drásticas (portanto de
consequencias imprevisiveis) que competem ao único orgão unipessoal da
nossa Republica, mas a quem falta a coragem para as tomar sozinho. Ao
sujeitar o primeiro-ministro ao vexame de uma explicação impossivel
para uma acção desastrada, o presidente da Republica vai provocar o
terramoto que nos vai fazer aproximar perigosamente da Grécia. Um ano
depois dos acontecimentos dramáticos ocorridos em Atenas, eis que
Lisboa (sempre atrasada em relação aos outros) vai pelo mesmo caminho
incerto que os gregos escolheram ao recusar veemente e violentamente
as ajudas que recebem dos seus credores.
Não nos admiremos, pois, se as coisas daqui para
diante passarem a ser mais evidentes do que até agora aparentavam. A
desculpa do desemprego crescente, da crise na segurança social e na
saude, já sem falar na confusão do ensino, serviam como panaceias para
a aplicação indolor da medicação que nos foi receitada. Agora as
máscaras cairam e o doente será amarrado à cama para que as
enfermeiras lhe possam facilmente fazer engorgitar as pilulas que o
vão salvar duma morte certa, pois enquanto as dividas não estejam
pagas o doente não pode morrer.
Relacionar esta crise com a democracia, ou melhor,
fazendo depender a sua solução dela própria, é pura utopia, só
defendida pelos costumados liricos do regime que ainda não perceberam
que o sistema montado em 1974 já acabou. A democracia europeia
(sobretudo em tempos de crise) é apenas uma desculpa para obrigar os
mais débeis a fazerem o que os mais fortes querem sem necessidade de
os invadir ou de os mandar para os fornos crematórios.
Tentemos perceber as novas regras em que nos fazem
dançar agora, sob pena de cairmos ainda mais no ridiculo e de
obrigarmos os nossos carrascos a nos imporem cada vez mais claramente
a sua vontade.
ALBINO ZEFERINO
20/9/2012
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
DER UNTERFALL (A QUEDA EM ALEMÃO)
A desastrada forma como o governo apresentou a
nova configuração da TSU veio trazer à desgraçada situação financeira
portuguesa perspectivas tenebrosas. Não vejo forma como este governo
possa continuar a sua esforçada tentativa de fazer sair Portugal deste
infindável buraco onde outros nos fizeram cair. Se recua (e não bastarão
modulações ao projecto como Passos sugeriu na televisão) nunca mais
conseguirá fazer aceitar qualquer outro sacrificio que a recuperação
financeira do país vai forçosamente exigir. Se persiste, a onda
recalcitrante que se formou engolirá o governo a curto prazo. Portas
demarcar-se-á, Seguro apresentará a anunciada moção de censura e
depois, ou Cavaco mostra os tomates que não tem, ou teremos eleições
antecipadas, de novo com o PS no horizonte e a sua endémica
incapacidade governativa em momentos de crise.
Os portugueses são um povo autofágico. Quanto mais
se revela critica a sua situação mais eles aparentam viver numa
normalidade inexistente, usando e abusando das prerrogativas que lhe
foram concedidas, sejam sociais, politicas ou económicas, sem se
preocuparem minimamente com as consequencias dessas tendencias
suicidas. O mais importante para eles é poderem manifestar as suas
frustrações mesmo que esses actos de autofagia se revelem destruidores
de uma reputação conseguida a pulso e indispensável para manter viva a
boa vontade daqueles que nos sustentam. Os pobres ainda não perceberam
que a bandalheira socio-politica resultante da revolução libertadora
chegou ao fim por incuria deles mesmos, que não souberam aproveitar as
extraordinárias e irrepetiveis condições oferecidas pela Europa a um
país desgovernado saído de um período de confusão profunda provocado
por provocadores comunistas a soldo de Moscovo cujo objectivo era
comunizar Portugal para mais facilmente tomarem conta dos ricos
territórios coloniais do Portugal de então.
Agora que os alemães parecem ter começado a ceder
nas suas intransigencias egoistas, é que os portugas resolveram
começar um processo reivindicativo à grega cujas consequencias poderão
ser-lhes fatais. Ao aproximarem Portugal da Grécia num momento onde a
esta foi miraculosamente lançada uma escada de salvação, os portugas
não percebem que com estes seus inconscientes procedimentos poderão
empurrar Portugal definitivamente para fora do sistema europeu. Com o
problema da Grécia resolvido, Portugal não interessa a ninguem. Nem
aos espanhois que arrogantemente aqui virão, já sem cerimónias ou
regras comunitárias, buscar aquilo e aqueles de que precisarem e
despejando sobre nós aquilo de que se querem ver livres.
A previsivel recomposição do sistema autonómico
espanhol, origem dos desacatos financeiros que irão forçar os nossos
poderosos vizinhos a relutantemente pedirem a intervenção financeira
da União europeia agora já munida do seu mecanismo de apoio
financeiro, será o pretexto formal de que os nossos sócios europeus se
vão valer para nos encaixarem nesse processo de recuperação, logo que
lhes tenhamos dado pretexto para suspender a ajuda financeira que
contratámos com a troika. Depois é fazer o que convenha aos nuestros
hermanos para recebermos a bucha diária do pão que o diabo amassou. E
tudo isto graças às amplas liberdades conquistadas à sombra dos cravos
abrileiros e ao dogmatismo nacional próprio dos saloios que somos. E
viva a federação das nações ibéricas!
ALBINO
ZEFERINO 16/9/2012
nova configuração da TSU veio trazer à desgraçada situação financeira
portuguesa perspectivas tenebrosas. Não vejo forma como este governo
possa continuar a sua esforçada tentativa de fazer sair Portugal deste
infindável buraco onde outros nos fizeram cair. Se recua (e não bastarão
modulações ao projecto como Passos sugeriu na televisão) nunca mais
conseguirá fazer aceitar qualquer outro sacrificio que a recuperação
financeira do país vai forçosamente exigir. Se persiste, a onda
recalcitrante que se formou engolirá o governo a curto prazo. Portas
demarcar-se-á, Seguro apresentará a anunciada moção de censura e
depois, ou Cavaco mostra os tomates que não tem, ou teremos eleições
antecipadas, de novo com o PS no horizonte e a sua endémica
incapacidade governativa em momentos de crise.
Os portugueses são um povo autofágico. Quanto mais
se revela critica a sua situação mais eles aparentam viver numa
normalidade inexistente, usando e abusando das prerrogativas que lhe
foram concedidas, sejam sociais, politicas ou económicas, sem se
preocuparem minimamente com as consequencias dessas tendencias
suicidas. O mais importante para eles é poderem manifestar as suas
frustrações mesmo que esses actos de autofagia se revelem destruidores
de uma reputação conseguida a pulso e indispensável para manter viva a
boa vontade daqueles que nos sustentam. Os pobres ainda não perceberam
que a bandalheira socio-politica resultante da revolução libertadora
chegou ao fim por incuria deles mesmos, que não souberam aproveitar as
extraordinárias e irrepetiveis condições oferecidas pela Europa a um
país desgovernado saído de um período de confusão profunda provocado
por provocadores comunistas a soldo de Moscovo cujo objectivo era
comunizar Portugal para mais facilmente tomarem conta dos ricos
territórios coloniais do Portugal de então.
Agora que os alemães parecem ter começado a ceder
nas suas intransigencias egoistas, é que os portugas resolveram
começar um processo reivindicativo à grega cujas consequencias poderão
ser-lhes fatais. Ao aproximarem Portugal da Grécia num momento onde a
esta foi miraculosamente lançada uma escada de salvação, os portugas
não percebem que com estes seus inconscientes procedimentos poderão
empurrar Portugal definitivamente para fora do sistema europeu. Com o
problema da Grécia resolvido, Portugal não interessa a ninguem. Nem
aos espanhois que arrogantemente aqui virão, já sem cerimónias ou
regras comunitárias, buscar aquilo e aqueles de que precisarem e
despejando sobre nós aquilo de que se querem ver livres.
A previsivel recomposição do sistema autonómico
espanhol, origem dos desacatos financeiros que irão forçar os nossos
poderosos vizinhos a relutantemente pedirem a intervenção financeira
da União europeia agora já munida do seu mecanismo de apoio
financeiro, será o pretexto formal de que os nossos sócios europeus se
vão valer para nos encaixarem nesse processo de recuperação, logo que
lhes tenhamos dado pretexto para suspender a ajuda financeira que
contratámos com a troika. Depois é fazer o que convenha aos nuestros
hermanos para recebermos a bucha diária do pão que o diabo amassou. E
tudo isto graças às amplas liberdades conquistadas à sombra dos cravos
abrileiros e ao dogmatismo nacional próprio dos saloios que somos. E
viva a federação das nações ibéricas!
ALBINO
ZEFERINO 16/9/2012
domingo, 9 de setembro de 2012
PORTUGAL E A PERDA DE SOBERANIA
Já vai dando para perceber que o desenvolvimento
desta crise onde Portugal está metido é mais do que uma crise. É
visivel cada vez mais nitidamente que se trata de uma mudança no
registo político vigente há quase 40 anos, que ficou caracterizado por
um processo evolutivo no sentido de uma aproximação à Europa,
abandonada que foi a politica africana que se baseou essencialmente na
chamada colonização portuguesa, substracto de um império colonial que
de facto nunca existiu. À especificidade dessa politica
consubstanciada na famosa frase de Salazar do "orgulhosamente sós"
sucedeu o seguidismo europeu, com a adopção indiscriminada (e não
negociada) de regras feitas por e para países mais desenvolvidos do
que nós, na esperança de que pudessemos recuperar dessa maneira o
atraso geracional que nos separava da Europa desenvolvida. Só que o
desenvolvimento não surge instantaneamente por decreto e mais de 25
anos passados desde a adesão de Portugal à então CEE, continuamos
atrasados relativamente à maioria dos nossos parceiros comunitários.
Com o estalar da crise europeia vieram ao de cima
(qual caixa de Pandora que se abre) todas as vulnerabilidades do
atrapalhado e confuso quadro constitucional portugues, amanhado à
pressa por um punhado de aprendizes da politica que nasceram depois da
revolução de 1974, onde se confundem principios de raiz marxista com
procedimentos democráticos importados indiscriminadamente da Europa do
norte, alguns incompativeis entre si e portanto limitadores de um
processo progressivo de desenvolvimento que muito atrasaram a
recuperação da sociedade portuguesa, que se desejava rápida e
ordenada. Desta amálgama de interesses contraditórios que se instalou
em Portugal resultou, não uma recuperação do tempo perdido na
tentativa de manutenção de um sistema politico-económico arcaico e sem
saída, mas uma travagem no desejado processo de desenvolvimento que a
opção europeia prometia. O desmantelamento de importantes sectores
produtivos e o desprezo dos principios de sã convivencia, aliados a
politicas isoladas de alto teor tecnológico e de aculturação
deficiente, criou uma sociedade desconexa onde a procura de dinheiro
fácil e de posições de importancia passaram a ser os únicos objectivos
de vida dos portugueses, menosprezando um processo de desenvolvimento
harmonioso e articulado para a sociedade.
A intervenção estrangeira no sentido do saneamento
das finanças publicas portuguesas tem vindo a destapar uma a uma estas
incongruencias onde a nossa sociedade se move, tornando cada vez mais
dificil uma recuperação sem sequelas e desenhando o futuro de Portugal
menos risonho do que aquele que a CEE nos oferecia em 1986. A
necessidade de uma liberalização forçada da economia portuguesa vai
certamente fazer empobrecer os portugueses no seu todo, com a
alienação de sectores lucrativos e o progressivo abandono dos centros
de decisão das estratégias empresariais em Portugal. Este penoso
processo vai necessariamente reflectir-se na cedência progressiva de
soberania nacional, primeiro na economia e depois na politica. A venda
da EDP, da GALP, da ANA, da TAP e de outras empresas de carácter
monopolista a entidades estrangeiras não se limita a deixar a estas a
definição das estratégias que mais convenham aos seus novos donos. Vai
tambem influenciar as decisões de natureza politica que estão
subjacentes às suas actividades empresariais e nesta medida limitar a
soberania do governo portugues nestes sectores. Não estranhemos assim
que surjam decisões governativas nem sempre compreensiveis para o
cidadão portugues, mas que resultam de necessarias negociações
permanentes entre as autoridades portuguesas e os estrangeiros donos
de empresas instaladas em Portugal e que servem os portugueses.
O governo portugues terá assim que estar
permanentemente atento às acções por vezes nefastas das estratégias
desenvolvimentistas dos donos estrangeiros das empresas privatizadas
que privilegiarão a obtenção de lucros à defesa dos interesses dos
utentes portugueses, fazendo alianças com outros interessados que
obstaculizem eventuais danos a causar aos cidadãos portugueses. Nisto
consisitirá o essencial da governação futura de Portugal e menos na
impossivel manutenção de postos de trabalho inuteis ou na concessão de
subsidios supérfulos impostos por convenções colectivas de trabalho
caducas. A soberania cada vez se defende menos com armas.
ALBINO ZEFERINO
8/9/2012
desta crise onde Portugal está metido é mais do que uma crise. É
visivel cada vez mais nitidamente que se trata de uma mudança no
registo político vigente há quase 40 anos, que ficou caracterizado por
um processo evolutivo no sentido de uma aproximação à Europa,
abandonada que foi a politica africana que se baseou essencialmente na
chamada colonização portuguesa, substracto de um império colonial que
de facto nunca existiu. À especificidade dessa politica
consubstanciada na famosa frase de Salazar do "orgulhosamente sós"
sucedeu o seguidismo europeu, com a adopção indiscriminada (e não
negociada) de regras feitas por e para países mais desenvolvidos do
que nós, na esperança de que pudessemos recuperar dessa maneira o
atraso geracional que nos separava da Europa desenvolvida. Só que o
desenvolvimento não surge instantaneamente por decreto e mais de 25
anos passados desde a adesão de Portugal à então CEE, continuamos
atrasados relativamente à maioria dos nossos parceiros comunitários.
Com o estalar da crise europeia vieram ao de cima
(qual caixa de Pandora que se abre) todas as vulnerabilidades do
atrapalhado e confuso quadro constitucional portugues, amanhado à
pressa por um punhado de aprendizes da politica que nasceram depois da
revolução de 1974, onde se confundem principios de raiz marxista com
procedimentos democráticos importados indiscriminadamente da Europa do
norte, alguns incompativeis entre si e portanto limitadores de um
processo progressivo de desenvolvimento que muito atrasaram a
recuperação da sociedade portuguesa, que se desejava rápida e
ordenada. Desta amálgama de interesses contraditórios que se instalou
em Portugal resultou, não uma recuperação do tempo perdido na
tentativa de manutenção de um sistema politico-económico arcaico e sem
saída, mas uma travagem no desejado processo de desenvolvimento que a
opção europeia prometia. O desmantelamento de importantes sectores
produtivos e o desprezo dos principios de sã convivencia, aliados a
politicas isoladas de alto teor tecnológico e de aculturação
deficiente, criou uma sociedade desconexa onde a procura de dinheiro
fácil e de posições de importancia passaram a ser os únicos objectivos
de vida dos portugueses, menosprezando um processo de desenvolvimento
harmonioso e articulado para a sociedade.
A intervenção estrangeira no sentido do saneamento
das finanças publicas portuguesas tem vindo a destapar uma a uma estas
incongruencias onde a nossa sociedade se move, tornando cada vez mais
dificil uma recuperação sem sequelas e desenhando o futuro de Portugal
menos risonho do que aquele que a CEE nos oferecia em 1986. A
necessidade de uma liberalização forçada da economia portuguesa vai
certamente fazer empobrecer os portugueses no seu todo, com a
alienação de sectores lucrativos e o progressivo abandono dos centros
de decisão das estratégias empresariais em Portugal. Este penoso
processo vai necessariamente reflectir-se na cedência progressiva de
soberania nacional, primeiro na economia e depois na politica. A venda
da EDP, da GALP, da ANA, da TAP e de outras empresas de carácter
monopolista a entidades estrangeiras não se limita a deixar a estas a
definição das estratégias que mais convenham aos seus novos donos. Vai
tambem influenciar as decisões de natureza politica que estão
subjacentes às suas actividades empresariais e nesta medida limitar a
soberania do governo portugues nestes sectores. Não estranhemos assim
que surjam decisões governativas nem sempre compreensiveis para o
cidadão portugues, mas que resultam de necessarias negociações
permanentes entre as autoridades portuguesas e os estrangeiros donos
de empresas instaladas em Portugal e que servem os portugueses.
O governo portugues terá assim que estar
permanentemente atento às acções por vezes nefastas das estratégias
desenvolvimentistas dos donos estrangeiros das empresas privatizadas
que privilegiarão a obtenção de lucros à defesa dos interesses dos
utentes portugueses, fazendo alianças com outros interessados que
obstaculizem eventuais danos a causar aos cidadãos portugueses. Nisto
consisitirá o essencial da governação futura de Portugal e menos na
impossivel manutenção de postos de trabalho inuteis ou na concessão de
subsidios supérfulos impostos por convenções colectivas de trabalho
caducas. A soberania cada vez se defende menos com armas.
ALBINO ZEFERINO
8/9/2012
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
A PRIVATIZAÇÃO DE PORTUGAL
A PRIVATIZAÇÃO DE PORTUGAL
Em maré de privatizações, sejamos pragmáticos e
olhemos um pouco para mais longe do que a nossa vista alcança. A ideia
de privatizar o que é publico (ou seja de todos) para passar a ser só
de um ou de alguns assenta na premissa de que o bem a privatizar será
melhor gerido (ou seja que se retira mais beneficios dele) por só um
ou por só alguns do que por todos (ou seja, pelo Estado ou como quem
diz pelo governo). Esta premissa não é porem pacificamente aceite por
todos. Daí que haja quem seja contra as privatizações (normalmente a
malta de esquerda) defendendo que se o bem é de todos não deve ser
entregue só a um ou a alguns em prejuizo de todos. Sobretudo quando o
bem em causa pouco vale e da sua privatização não resultam mais valias
palpáveis. Enquanto se faziam as privatizações da EDP, da GALP, da PT
e de grandes empresas publicas, a questão permanecia na esfera
politica. Ninguem contestava o valor económico do acto. Quando a
privatização chegou às empresas publicas falidas (RTP, TAP, CP, BPN e
outras) o Zé povinho começou a interrogar-se sobre qual a vantagem em
entregar empresas que, apesar de falidas, funcionavam bem e davam
satisfação à malta. Pois aqui é que a porca torce o rabo. Ao entregar
(vender propriamente não, pois ninguem dá nada por elas) essas
empresas falidas aos privados, o Estado livra-se das despesas
incomportáveis que elas acarretam para se manterem em funcionamento.
Ou seja, oferece um bem sem contrapartida que não seja a redução da
despesa publica. O Zé povinho porem não compreende o que é uma despesa
publica. Para ele o Estado é um poço sem fundo de onde sai sempre
dinheiro para sustentar esses elefantes brancos herdados de outros
tempos. Haverá assim que encontrar uma razão pela positiva para
justificar a entrega desses bens colectivos a terceiros.
E onde se vai buscar essa razão mobilizadora das
boas vontades da malta? Não trazendo vantagens à vista desarmada
(vista curta, miudinha) há que alargar os horizontes da visão do Zé
povinho encontrando razões justificativas da cedência de bens
colectivos a troco de outras coisas menos prosaicas do que o dinheiro.
E que coisas poderão ser essas? O orgulho nacional, a grandeza
colectiva, a importancia internacional, por exemplo. Vamos buscar a
TAP para exemplificar. A TAP só vale pelos seus direitos de tráfego.
Os aviões não são seus (estão em leasing), os aeroportos são da ANA, a
manutenção (antiga joia da coroa) já foi vendida aos brasileiros e à
TAP só restam os 15 sindicatos e o numerosissimo pessoal que a empresa
sustenta. Se a TAP for entregue por exemplo aos angolanos, aos
brasileiros, à AVIANCA colombiana ou aos Emiratos árabes unidos, o hub
da empresa portuguesa continuará em Lisboa e servirá como placa
giratória intercontinental aumentando a importancia do aeroporto de
Lisboa que hoje se limita a gerir pouco mais do que o tráfego de
emigrantes de e para a Europa. Entregar a TAP à Lufthansa ou à British
(que é como quem diz à Iberia) é substituir os aviões da TAP pelos
dessas companhias europeias transformando o aeroporto de Lisboa num
aeroporto periférico europeu onde aterrarão os voos low cost dessas
grandes companhias.
Quanto à RTP o raciocinio é o mesmo. A RTP não
vale nada pois as suas dividas à banca são superiores aos seus activos
e as suas despesas de funcionamento ultrapassam em mais de 3 vezes a
receita da publicidade. Ceder a RTP a empresas portuguesas é acabar
com a estação, que na primeira oportunidade será vendida a terceiros
que a desmembrarão para ficar com a sua publicidade. A RTP deverá ir
para uma empresa de um país de lingua portuguesa (de preferencia
angolano, pois os brasileiros são mais poderosos e falam um portugues
diferente do nosso) que use a RTP como meio de penetrar na Europa
através de Portugal, como nós um dia quisemos penetrar em África
através de Angola. A lingua portugesa seria beneficiada, a RTP não
seria desmantelada e poderiamos usar essa maior e decisiva aproximação
estruturante a Angola junto dos nossos parceiros europeus como uma
mais-valia importante.
Em tempos de guerra não se limpam armas. Há que
pensar em grande e encontrar dentro das soluções que se nos apresentam
aquelas que melhor servem o país e com ele o Zé povinho que muito tem
penado e que merece que se olhe por ele.
ALBINO
ZEFERINO 3/9/2012
Em maré de privatizações, sejamos pragmáticos e
olhemos um pouco para mais longe do que a nossa vista alcança. A ideia
de privatizar o que é publico (ou seja de todos) para passar a ser só
de um ou de alguns assenta na premissa de que o bem a privatizar será
melhor gerido (ou seja que se retira mais beneficios dele) por só um
ou por só alguns do que por todos (ou seja, pelo Estado ou como quem
diz pelo governo). Esta premissa não é porem pacificamente aceite por
todos. Daí que haja quem seja contra as privatizações (normalmente a
malta de esquerda) defendendo que se o bem é de todos não deve ser
entregue só a um ou a alguns em prejuizo de todos. Sobretudo quando o
bem em causa pouco vale e da sua privatização não resultam mais valias
palpáveis. Enquanto se faziam as privatizações da EDP, da GALP, da PT
e de grandes empresas publicas, a questão permanecia na esfera
politica. Ninguem contestava o valor económico do acto. Quando a
privatização chegou às empresas publicas falidas (RTP, TAP, CP, BPN e
outras) o Zé povinho começou a interrogar-se sobre qual a vantagem em
entregar empresas que, apesar de falidas, funcionavam bem e davam
satisfação à malta. Pois aqui é que a porca torce o rabo. Ao entregar
(vender propriamente não, pois ninguem dá nada por elas) essas
empresas falidas aos privados, o Estado livra-se das despesas
incomportáveis que elas acarretam para se manterem em funcionamento.
Ou seja, oferece um bem sem contrapartida que não seja a redução da
despesa publica. O Zé povinho porem não compreende o que é uma despesa
publica. Para ele o Estado é um poço sem fundo de onde sai sempre
dinheiro para sustentar esses elefantes brancos herdados de outros
tempos. Haverá assim que encontrar uma razão pela positiva para
justificar a entrega desses bens colectivos a terceiros.
E onde se vai buscar essa razão mobilizadora das
boas vontades da malta? Não trazendo vantagens à vista desarmada
(vista curta, miudinha) há que alargar os horizontes da visão do Zé
povinho encontrando razões justificativas da cedência de bens
colectivos a troco de outras coisas menos prosaicas do que o dinheiro.
E que coisas poderão ser essas? O orgulho nacional, a grandeza
colectiva, a importancia internacional, por exemplo. Vamos buscar a
TAP para exemplificar. A TAP só vale pelos seus direitos de tráfego.
Os aviões não são seus (estão em leasing), os aeroportos são da ANA, a
manutenção (antiga joia da coroa) já foi vendida aos brasileiros e à
TAP só restam os 15 sindicatos e o numerosissimo pessoal que a empresa
sustenta. Se a TAP for entregue por exemplo aos angolanos, aos
brasileiros, à AVIANCA colombiana ou aos Emiratos árabes unidos, o hub
da empresa portuguesa continuará em Lisboa e servirá como placa
giratória intercontinental aumentando a importancia do aeroporto de
Lisboa que hoje se limita a gerir pouco mais do que o tráfego de
emigrantes de e para a Europa. Entregar a TAP à Lufthansa ou à British
(que é como quem diz à Iberia) é substituir os aviões da TAP pelos
dessas companhias europeias transformando o aeroporto de Lisboa num
aeroporto periférico europeu onde aterrarão os voos low cost dessas
grandes companhias.
Quanto à RTP o raciocinio é o mesmo. A RTP não
vale nada pois as suas dividas à banca são superiores aos seus activos
e as suas despesas de funcionamento ultrapassam em mais de 3 vezes a
receita da publicidade. Ceder a RTP a empresas portuguesas é acabar
com a estação, que na primeira oportunidade será vendida a terceiros
que a desmembrarão para ficar com a sua publicidade. A RTP deverá ir
para uma empresa de um país de lingua portuguesa (de preferencia
angolano, pois os brasileiros são mais poderosos e falam um portugues
diferente do nosso) que use a RTP como meio de penetrar na Europa
através de Portugal, como nós um dia quisemos penetrar em África
através de Angola. A lingua portugesa seria beneficiada, a RTP não
seria desmantelada e poderiamos usar essa maior e decisiva aproximação
estruturante a Angola junto dos nossos parceiros europeus como uma
mais-valia importante.
Em tempos de guerra não se limpam armas. Há que
pensar em grande e encontrar dentro das soluções que se nos apresentam
aquelas que melhor servem o país e com ele o Zé povinho que muito tem
penado e que merece que se olhe por ele.
ALBINO
ZEFERINO 3/9/2012
A PRIVATIZAÇÃO DA RTP
Muito se tem falado ultimamente da privatização da
RTP como se de uma novidade se tratasse. Desde que há mais de um ano
Portugal está submetido a uma intervenção internacional que o assunto
estava previsto com um unico objectivo: suster a hemorragia financeira
que o funcionamento da estação televisiva do Estado representa para o
erário publico. Todos os dias o Estado portugues gasta (através dos
impostos que cobra aos seus cidadãos) milhares de euros do orçamento
do Estado para que o ecran das televisões dos lares portugueses possa
mostrar as alarvidades do Fernando Mendes, as noticias requentadas do
Rodrigues dos Santos ou os jogos de futebol entre o Estoril-Praia e o
Rio Ave. Contas feitas, cada graçola televisiva do Mendes sai mais
cara a cada um de nós do que uma ida ao recreativo de Alguidares de
Baixo para ver o homem ao vivo, ou um golo em camara lenta televisiva
custa a cada portugues mais do que assistir da bancada central à
totalidade do jogo do Sporting em Alvalade enrolado no cachecol e com
gritaria à mistura.
Quando há mais de meio século a televisão nasceu
em Portugal não havia outro meio que não fosse o Estado para arcar com
essa despesa. Assim se foi criando nos espíritos simples dos
portugueses o conceito ridiculo do serviço publico para justificar uma
despesa que mais ninguem alem do Estado tinha capacidade para
suportar. A troco desse encargo o governo passou a utilizar este
poderoso meio propagandistico para fazer politica através dele. Como
uma bola de neve, a uma cada vez maior politização deste influente
meio audiovisual corresponderam maiores gastos na sofisticação
técnica, na contratação de apoiantes politicos, na escolha de
coberturas, na aquisição de conteudos e em apoios financeiros nem
sempre muito claros. Quem não se recorda do momento histórico quando
foi cortado o pio televisivo ao obscuro e barbudo capitão Clemente na
noite do contra-golpe do 25 de novembro de 1975, quando este perorava
na RTP as virtudes do comunismo para milhares de confundidos
portugueses que o ouviam (e viam) embasbacados na sua alarvidade? Sem
a televisão do Estado não teria havido 25 de novembro e talvez hoje
não estivessemos como estamos.
Com a abertura ao sector privado das televisões
deixou de fazer sentido a existência de um canal do Estado concorrente
com as televisões privadas cujo objectivo já não era exclusivamente
politico mas fundamentalmente o de ganhar dinheiro através da
publicidade. Retirar aos politicos um meio fácil e expedito de
comunicar com as gentes era porém muito dificil sem uma imposição
estrangeira. Foi assim necessária a intervenção da troika para que a
privatização da RTP ocorresse. Tarefa ingrata para o governo que a tem
que por em prática. Nunca se chegará a acordo entre os partidos pelo
melindre que este exercício representa e poderá mesmo vir a revelar-se
a mais complicada entre todas as reformas a executar. Não nos iludamos
com os argumentos esgrimidos pelas oposições usando demagogicamente o
conceito de serviço publico que a Constituição politica estupida e
desnecessariamente acolheu no seu extenso articulado. O serviço
publico é definido pelo governo caso a caso e significa sobretudo o
livre acesso do canal ao governo quando este entender necessario
comunicar com os governados assuntos de interesse publico. Esse acesso
deverá ficar ressalvado nas condições da privatização. Nem mais nem
menos.
ALBINO ZEFERINO
1/9/2012
RTP como se de uma novidade se tratasse. Desde que há mais de um ano
Portugal está submetido a uma intervenção internacional que o assunto
estava previsto com um unico objectivo: suster a hemorragia financeira
que o funcionamento da estação televisiva do Estado representa para o
erário publico. Todos os dias o Estado portugues gasta (através dos
impostos que cobra aos seus cidadãos) milhares de euros do orçamento
do Estado para que o ecran das televisões dos lares portugueses possa
mostrar as alarvidades do Fernando Mendes, as noticias requentadas do
Rodrigues dos Santos ou os jogos de futebol entre o Estoril-Praia e o
Rio Ave. Contas feitas, cada graçola televisiva do Mendes sai mais
cara a cada um de nós do que uma ida ao recreativo de Alguidares de
Baixo para ver o homem ao vivo, ou um golo em camara lenta televisiva
custa a cada portugues mais do que assistir da bancada central à
totalidade do jogo do Sporting em Alvalade enrolado no cachecol e com
gritaria à mistura.
Quando há mais de meio século a televisão nasceu
em Portugal não havia outro meio que não fosse o Estado para arcar com
essa despesa. Assim se foi criando nos espíritos simples dos
portugueses o conceito ridiculo do serviço publico para justificar uma
despesa que mais ninguem alem do Estado tinha capacidade para
suportar. A troco desse encargo o governo passou a utilizar este
poderoso meio propagandistico para fazer politica através dele. Como
uma bola de neve, a uma cada vez maior politização deste influente
meio audiovisual corresponderam maiores gastos na sofisticação
técnica, na contratação de apoiantes politicos, na escolha de
coberturas, na aquisição de conteudos e em apoios financeiros nem
sempre muito claros. Quem não se recorda do momento histórico quando
foi cortado o pio televisivo ao obscuro e barbudo capitão Clemente na
noite do contra-golpe do 25 de novembro de 1975, quando este perorava
na RTP as virtudes do comunismo para milhares de confundidos
portugueses que o ouviam (e viam) embasbacados na sua alarvidade? Sem
a televisão do Estado não teria havido 25 de novembro e talvez hoje
não estivessemos como estamos.
Com a abertura ao sector privado das televisões
deixou de fazer sentido a existência de um canal do Estado concorrente
com as televisões privadas cujo objectivo já não era exclusivamente
politico mas fundamentalmente o de ganhar dinheiro através da
publicidade. Retirar aos politicos um meio fácil e expedito de
comunicar com as gentes era porém muito dificil sem uma imposição
estrangeira. Foi assim necessária a intervenção da troika para que a
privatização da RTP ocorresse. Tarefa ingrata para o governo que a tem
que por em prática. Nunca se chegará a acordo entre os partidos pelo
melindre que este exercício representa e poderá mesmo vir a revelar-se
a mais complicada entre todas as reformas a executar. Não nos iludamos
com os argumentos esgrimidos pelas oposições usando demagogicamente o
conceito de serviço publico que a Constituição politica estupida e
desnecessariamente acolheu no seu extenso articulado. O serviço
publico é definido pelo governo caso a caso e significa sobretudo o
livre acesso do canal ao governo quando este entender necessario
comunicar com os governados assuntos de interesse publico. Esse acesso
deverá ficar ressalvado nas condições da privatização. Nem mais nem
menos.
ALBINO ZEFERINO
1/9/2012
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