domingo, 30 de setembro de 2012

O DESNORTE DO GOVERNO

A 5ª visita da troika com as vicissitudes que 
trouxe (apresentação precipitada da medida sobre o abaixamento da TSU, 
manifestação popular de repudio contra as medidas de austeridade e 
concessão de mais um ano para atingir os 3% de défice orçamental) 
marcou o final do período de carência que a populaça deu ao governo 
para ver se conseguia endireitar o país dos desequilibrios em que tem 
vivido nos últimos 40 anos. Tarefa dificil pois não é em 3 escassos 
anos que alguem consegue repôr pacificamente uma situação que nasceu 
torta quase duas gerações depois. O balanço contudo não abona muito a 
favor da competência do governo. Vejamos pois. No ano que passou os 
ministros calcularam uma diminuição da despesa efectiva do Estado para 
2012 em 5,9%. A execução orçamental em Agosto passado mostrava porem 
que em vez de ter diminuido, a despesa do Estado aumentara em 1,1%. Um 
desvio portanto de 7% nos cálculos governamentais. Porque razão 
aconteceu isto? Essencialmente por tres ordens de razões que o governo 
ingenuamente não previu: um aumento desmesurado do subsidio de 
desemprego (da ordem dos 24%), um abaixamento inesperado das 
contribuições para a segurança social (quase 5%) e uma diminuição 
abrupta das receitas fiscais, ou seja dos impostos cobrados aos 
cidadãos (mais de 5%). Significa isto que a situação dos portugueses 
piorou em relação ao ano passado sem que a esse sacrificio 
correspondesse algum índicio de melhoria do país a curto prazo. Esta 
conclusão simples mas aterradora deixou as mentes dos pobres portugas 
ainda mais confusa, abrindo caminho a todas as manobras demagógicas 
dos políticos encartados. O que fazer? Reclamar, reclamar, reclamar. E 
foi o que esta pobre gente fez. A partir de agora ao mais pequeno 
desagravo, começarão a partir montras e se animados exibirão 
anarquicamente a sua raiva com cada vez mais veemência. A reacção dos 
desesperados já se fez notar: opção pela procura de novas vidas 
noutras paragens. Por cá ficarão os desgraçados que nada sabem fazer 
nem ninguem os quer. São alem de inuteis, os mais reagentes a mudanças 
que os obriguem a trabalhar ou a levar uma vida regrada. O destino 
portugues ficou assim definitiva e inexoravelmente traçado neste verão 
que agora termina. Por muito boa vontade que se encontre neste ou em 
futuros governos não será humanamente possivel endireitar este país de 
forma a que retome o lugar que ocupou no concerto das nações 
civilizadas nos últimos 20 anos. Os que por cá ficarem terão que se 
habituar a um retrocesso civilizacional próprio das nações toleradas, 
servindo de sustentáculo social aos seus credores que os sustentarão 
na medida em que lhes forem úteis aos seus desígnios. Não será a 
primeira vez que os portugueses serão subjugados por outros nem se 
calhar a última. O crime nunca compensa! 

ALBINO ZEFERINO 
27/9/2012 

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